quarta-feira, 21 de abril de 2010

A promíscua relação da mídia com o poder parte 1.

Quando comecei a produzir ao lado do Mano Zeu o documentário As Muitas Faces de Uma cidade. Jamais esperei a tamanha repercussão que esse vídeo feito de forma muito artesanal, porém com muita vontade, atingiria.
Algumas vezes sonhei com o filme antes de terminar. Coisas boas e ruins passavam pela minha cabeça, quando isso acontecia. E uma questão pairava no ar, o que mudaria na minha vida depois do filme?
Bom algumas coisas me surpreenderam tanto negativamente quando positivamente e venho por aqui fazer algumas revelações.
Na verdade o que me chamou atenção foi o incomodo e raiva aparente de um editor de jornal da cidade. Que ligou na Universidade que aconteceria o debate trazendo questionamentos esquizofrênicos, de como vocês apóiam e permitem que isso aconteça?
Tentado de várias maneiras impedir que o evento acontecesse, desqualificando o evento etc.
O resquício de ditadura se reascendeu. ora, tenta tolir um debate, um filme em pleno século XXI. Em uma universidade pública. Autoritário não?
Cabe a um jornalista ou editor comprometido apóia iniciativas. Mas apoiar não é o forte dessa gente.
Acho que toda polêmica envolvendo o filme, iniciou com o release feito pelo site megafone que espalhou o conteúdo do filme. E convocou a sociedade para o debate. Assim alguns poderosos temeram . E na verdade a conclusão que chego que eles temem mais a junção de pessoas discutindo políticas em lugares públicos do que do conteúdo do filme.
Por parte da mídia de maneira geral inicialmente se manifestava com grande interesse em se divulgar e apoiar o filme.
O interesse se prolongou até a diretores e coordenadores de outras instituições. Lembro que a coordenadora de uma faculdade privada me ligou toda entusiasmada em levar o filme e debate para lá. Na ocasião eu de forma séria conhecendo a mentalidade da dona da instituição avisei “talvez o conteúdo não vai interessar. o filme é crítico, mostra a vida de jovens de periferia e crítica o capitalismo”.
Ela nunca mais me ligou. E já teve acesso ao filme. Eu duvido que os donos daquela faculdade permitiriam isso, caso essa atividade acontecesse alguém iria ser penalizado pela chefia.
Contraditoriamente sei que na noite de ontem algumas entidades tentaram organizar um outro debate sobre direitos humanos nessa faculdade e que já foi vetado. Disseram que o PNDH (Plano nacional de direitos humanos) é coisa de comunista para atacar latifundiário. Paciência. Em ano eleitoral tudo soa perigoso demais.
Isso só me entristece, pois essa cidade tem medo de debater. Coitados dos nossos jovens que vão ter concordar, aturar e pensar cada vez menos de maneira crítica e reflexiva, por falta de possibilidades vetadas, debates e questões que são silenciadas através de boicotes e ameaças. A maioria vai padecer com um censo comum, se transformando em papagaios de grandes telejornais, coisa típica de classe média.
A imprensa também se manifestou de forma muito promíscua com o filme. Antes do lançamento me ligavam todos eufóricos marcando entrevista, queriam cópias do filme etc.
Essa euforia nunca me animou, pois sabia que o conteúdo que eu trataria não iria e não deveria agradar grande parte da imprensa conservadora da cidade.
Isso se acentuou após o ataque a uma personagem do filme em um jornal da cidade. Tudo murchou. Passou a não interessar mais.
Enquanto os jornalistas, blogueiros, comunicadores que ajudaram na divulgação do filme corriam o risco de perderem emprego, sendo ameaçados diariamente por poderosos da cidade que tentavam convence editores, empresários a demitirem esses funcionários.
Mas de certa forma ficou feliz, por que mostra o quanto estamos no caminho certo quando lutamos por m outro modelo abrangente de comunicação no país.
Devido a uma série de polêmicas, intrigas, calor do debate. Houve a produção de diversos artigos, textos e o despertar da curiosidade de pessoas com o filme. Essa curiosidade já ultrapassou as três fronteiras, pessoas de Maringá, Curitiba, Londrina, São Paulo, Rio de Janeiro. Têm tido o interesse em conhecer o conteúdo do documentário.
Mas o que me mais chama atenção é como isso não vai ao ar, não vem a tona. isso não é divulgado de maneira alguma nos jornais da cidade. Que preferem promoverem o esquecimento consciente. Por um ponto final nessa história toda.
O recuo por parte da imprensa é o de não assumir a contestação assim não precisam reconhecerem que têm culpa no cartório quando não denunciam as mazelas que boa parte da população vive.
Nessa cidade têm muitos jornalistas sérios, há bons canais de expressão, gente corajosa que luta pelo direito a comunicação de todos. Muitos trabalhando inclusive para a grande mídia mas que conseguem construir bons espaços de opinião e discussão.
Mas boa parte ainda da imprensa daqui segue a retórica de Goebbels médico Nazista que ficou encarregado da propaganda desse partido que difamou essa ideologia por toda a Europa.A marca de Goebbels é sintetizada na frase.
“Uma mentira repetida mil vezes se tornará verdade”. No Brasil e em Foz do Iguaçu Goebbels fez escola.

Um comentário:

  1. Muito bom Danilo. Tomara que a repercussão seja cada vez maior. Abraços.

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