domingo, 27 de junho de 2010

UMA OUTRA POLITICA É POSSIVEL POR:ANTONIO OZAI

A esquerda mais radical não está livre de contrair o vírus que combate. Em outras palavras, também é susceptível ao canto da sereia das instituições burguesas. Sua crítica é assimilada pelo sistema eleitoral e o legitima. Seu poder de convencimento é minado pela linguagem e pelos parcos recursos que detém, comparado aos outros partidos. Sua capacidade de conquistar o eleitor “conservador” e “alienado”, já predisposto a votar nulo pela experiência acumulada em várias eleições, é limitada pela própria política que defende. Este eleitor até pode ver com simpatia os candidatos dessa esquerda, mas sabe que não terão chance. E, no final das contas, reconhece que seu voto é impotente para realmente mudar substancialmente a realidade.

O sistema eleitoral e partidário admite uma certa margem de votos na esquerda radical, outro tanto de nulos e brancos, desde que isto se mantenha em limites que não questione sua legitimidade. Por que a esquerda não adota a política de superar estes limites? Por que ela não tem a coragem de pregar o voto nulo? A resposta está em sua opção política, instituída desde que os partidos revolucionários aceitaram a “democracia burguesa”. Enquanto a revolução não chega, conquista-se um cargo aqui, outro acolá; um vereador e um deputado aqui, outro acolá; e amplia-se também o poder de atender aos interesses dos que compartilham da mesma ideologia. Multiplicam-se os cargos a conservar, ainda que o discurso se mantenha radicalizado.

Assim, cada vez mais aumenta o número dos que passam a viver da política. A missão revolucionária, viver para a política, é sutilmente substituída pela dependência econômica em relação ao aparato burocrático do partido e do Estado. E, ademais, é muito tênue a diferença entre viver da e para a política. Nos partidos de esquerda são poucos os que têm condições econômicas para se dedicarem à política sem a necessidade da recompensa financeira. A política passa a ser mais um caminho de ascensão social.

Eis uma das maiores dificuldades que a esquerda crítica ao petismo enfrenta. Sua opção eleitoral tende a repetir a tragédia petista e em circunstâncias históricas desfavoráveis. A eleição tende a reproduzir a bipolarização e a esquerda não-petista legitima o processo. Ganhará algumas posições no aparato institucional que ela própria denomina de burguês, mas dificilmente conseguirá convencer os desacreditados com a política institucional de que vale a pena atuar neste campo. Confirmar-se-á mais uma vez que a política, essa política, se restringe à minoria militante vinculada à disputa estatal e partidária. São os interesses em jogo que determinam a dinâmica da luta eleitoral.

Uma outra política, traduzida na resistência inconsciente e/ou ativa da massa que não vota nos partidos, poderia ser politizada pela defesa do voto nulo. Para tanto, seria necessário que os iluminados – que só vêem alienação e conservadorismo na postura apolítica das massas – e os que se afirmam revolucionários tivessem a ousadia de propor o voto nulo e, assim, abrir mão da possibilidade de usufruir das migalhas do poder, das benesses que o Estado concede no grau do seu merecimento às forças políticas que o disputam.

Esta é uma postura considerada utópica e até mesmo ingênua. Mas ela se fundamenta na própria história da esquerda que optou pelo caminho eleitoral, no Brasil e no movimento comunista internacional, e indica uma estratégia política diferenciada: a ênfase na política extra-institucional e a radicalização da democracia para além dos limites do sistema eleitoral. A esquerda anti-PT, embora bem-intencionada, insiste em trilhar caminhos já percorridos. Por que?!

domingo, 13 de junho de 2010

O dunga, a copa, e o espírito patriota.

Em época de copa do mundo se aflora o espírito “patriota”. Segundo o dicionário Aurélio ser patriota é ter amor à pátria e a desejar servir.
Bom, eu gosto de futebol, assisto, torço e às vezes até sofro.
Gostar de futebol para mim é como gostar de política, música, e literatura é ter preferências que acumulam um significado politico, cultural, sentimental e por vez econômico.
Assim eu tenho o direito de escolher para quem torcer.
Nessa copa não ando nem um pouco entusiasmado com a seleção Brasileira, para mim torcer hoje para o Brasil é apoiar a linha conservadora do técnico dunga e legitimar a máfia da CBF controlada pelo Ricardo Teixeira.
Além do que, sinto falta de jogadores polêmicos e rebeldes nessa seleção. Não gosto do mauricinho Kaká, muito menos do temperamental Felipe Mello, essa seleção é muito sem graça, e ainda vejo um sentimentalismo patriótico patético nessa sociedade.
O perfil de Quem se orgulha em ser patriota em época de copa do mundo, é o perfil de “censo comum” daqueles que acham que o Brasil é democrático em época de eleição.
2010 parece ser o ano perfeito para esses animados Brasileiros, o mito do “ano redondo” traz mais uma vez a falacia de que esse ano as coisas vão se acertar nesse país.
O povo vai torcer fielmente para sua amada seleção e não vai mais sofrer depois de escolher democraticamente o melhor candidato, assim a sociedade vai prosperar.
Ao contrário dos patriotas dos meses de junho-julho não terei esse espírito nesse mês nem no resto do ano, não gosto da lógica ordem e progresso.
Ordem para o povo/progresso para o rico. Sou internacionalista assim tenho a liberdade e convicção de fazer minhas escolhas, políticas, culturais e futebolísticas.
Gosto da Argentina de Maradona e da sua condição libertária, admiro seu posicionamento político, e o estilo Guevarista.
Adoro suas entrevistas sempre polemica em uma delas ele alfinetou o Pelé que é um bossal “têm um moreno que jogou com a dez do Brasil e é ídolo naquele país e ele disse que a África não tem condições de sediar uma copa, e insinuou após o atentado a Togo que deveriam ser repensadas eventos mundiais em lugares como a áfrica”
O Pelé realmente é um filosofo de boca fechada, não tem nada pior do que temos nesse país sujeitos negros, de origem simples e que são “heróis” reacionários da nação. Pelé sim é um anti-brasileiro sua postura sempre foi a de defender os poderosos e negar seu povo, sua origem e sua cor.
Os patriotas de plantão em sua maioria o adoram por que ele ganhou dois mundiais, e isso lhe concede o direito em falar tanta asneira, o povo não cobra sua atitude e a mídia em geral não critica seu perfil careta e egocêntrico , muitos acham que esportistas não devem se posicionar politicamente e criticamente.
Nessa lógica “patriotista” deveríamos cobrar que atletas e esportistas não defendessem só a nação com seu talento, mas que defendam sua nação contra a desigualdade, diferença e que sejam elos na corrente para construção de um país mais justo e real-democrático; quanto aos conservadores e reacionários “filhos da pátria” dunga, Pelé e Ricardo Teixeira deveriam servir o povo pois essa seria a melhor maneira de ser patriota e servir sua nação.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Moradores da periferia de Foz (PR) mostram as diversas faces de sua cidade por: Jessica Santos*

Já sabemos que os meios de comunicação comerciais, ao falar sobre periferia ou qualquer movimento social, só tratam de temas como violência e tráfico de drogas, criminalizando assim seus moradores e justificando as barbaridades cometidas contra eles. Indo totalmente na contramão dessa prática, o documentário As Muitas Faces de Uma Cidade, produzido por Danilo Georges e Eliseu Pirocelli, retrata as muitas verdades de Foz do Iguaçu (PR) dando espaço à população que mora nas comunidades carentes das cidades.

As imagens das cataratas que abrem o filme são logo substituídas por cenas de contraste, que mostram a miséria e o descaso do poder público com em relação a esses locais. Essa situação é relatada com depoimentos de moradores e imagens que denunciam a falta de investimento público em direitos básicos como saúde, educação, cultura e infra-estrutura.

Além das entrevistas, a voz do povo pode ser ouvida com o hip hop presente em todo o filme, música de protesto que exige justiça social e denuncia as mazelas de uma cidade que exclui e silencia a classe trabalhadora. Ao final, a enchente na periferia nos lembra as tragédias recentes no Rio, fruto da omissão do poder público, mostrando que os problemas relatados no filme são comuns a muitas cidades pelo Brasil afora.


*Jessica Santos é estudante de jornalismo da UFF e milita pela democratização da informação.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

CD BRASIL ILEGAL: O HIP-HOP COMO PEDAGOGIA LIBERTÁRIA.

MUITOS ACREDITAM QUE O CONHECIMENTO CIENTIFICO E O CAPITAL CULTURAL SÃO ADQUIRIDOS SOMENTE NOS MODELOS FORMAIS DA EDUCAÇÃO. ESCOLAS E UNIVERSIDADES.

NESSA ANÁLISE PREDOMINA A HIERARQUIA DO TRABALHO E DO CAPITAL, E NÃO SE RECONHECE OUTROS MODELOS POPULARES EDUCACIONAIS QUE DIFERE DA EDUCAÇÃO FORMAL JÁ CONSTITUÍDA.

UM MILITANTE E INTELECTUAL BRASILEIRO CHAMADO MAURICIO TRAGTENBERG DENOMINA DE UNIVERSIDADES TODO FORMAÇÃO DE CONHECIMENTO: CONTATO COM PESSOAS, LUGARES, EXPERIÊNCIAS ÉTNICAS E RELIGIOSAS E TUDO QUE ACUMULA EXPERIÊNCIAS.

DENTRO DA MINHA TRAJETÓRIA PESSOAL ENQUANTO SUJEITO HISTÓRICO POSSO RELATAR QUE O HIP-HOP, O COLETIVO CARTEL DO RAP, A FAVELA E O ENVOLVIMENTO COM JOVENS ENGAJADOS DA PERIFERIA FAZEM PARTE DAS MINHAS UNIVERSIDADES.

DESSA FORMA EU ENTENDO O MOVIMENTO HIP-HOP E A MÚSICA RAP COMO UMA FERRAMENTA DA PEDAGOGIA LIBERTÁRIA, ESSA PEDAGOGIA QUE BUSCOU ELIMINAR AS RELAÇÕES AUTORITÁRIAS DA EDUCAÇÃO.

O HIP-HOP EM SUA COLETIVIDADE NADA MAIS É QUE UM MOVIMENTO JUVENIL PRODUZIDO POR ARTISTAS QUE SÃO TAMBÉM POR VEZES EDUCADORES E QUE TAMBÉM LUTAM POR UMA SOCIEDADE MAIS JUSTA E IGUALITÁRIA. TENTANDO ROMPER COM AS RELAÇÕES AUTORITÁRIAS DA SOCIEDADE REPRESENTADA EM SUAS MÚSICAS PELA BRUTA FORÇA POLICIAL.

UM POUCO DA PEDAGOGIA LIBERTÁRIA ESTÁ NA MÚSICA FORTE E CONTUNDENTE DO MANO ZEU AO DENUNCIAR O AUTORITARISMO DESSE ESTADO BURGUÊS NA LETRA DA MÚSICA “PÁTRIA ARMADA”.

OS MC´S AGEM COMO PAULO FREIRE QUE UTILIZOU UM MÉTODO DE ALFABETIZAÇÃO PARA EDUCAR MILHARES DE BRASILEIROS COM PALAVRAS E REALIDADE DO SEU DIA A DIA .TRAZENDO AS UNIVERSIDADES DESSE SUJEITOS PARA A SALA DE AULA.

OS MC´S TAMBÉM CUMPREM ESSE PAPEL DE EDUCADORES CONSCIENTIZANDO NÃO SÓ JOVENS E CRIANÇAS DAS PERIFERIAS, MAS TODA UMA SOCIEDADE TRAZENDO PALAVRAS E INFORMAÇÕES DO SEU COTIDIANO.

NESSE SENTIDO O ÁLBUM BRASIL ILEGAL DE AUTORIA DO MANO ZEU VÊM PARA MOSTRAR QUE ESSE CD DE MÚSICA NÃO É SÓ PARA OUVIR E CURTIR É MAIS UMA FERRAMENTA DA PEDAGOGIA LIBERTÁRIA QUE OS RAPPERS CONSCIENTES VÊM SE APROPRIANDO.

ESSE CD É UM NOVO OLHAR DESSE PAÍS DE MUITAS FACES.

ASSIM COMO OS EDUCADORES MAURICIO TRAGTENBERG E PAULO FREIRE QUE FIZERAM DA PEDAGOGIA UMA FERRAMENTA PARA LIBERTAR .

OS FAVELADOS FAZEM DE SUAS PRÁTICAS CULTURAIS UMA FERRAMENTA DE LIBERDADE CONSTRUÍDA DIARIAMENTE COM SAGACIDADE E SENTIMENTO, “O BRASIL ILEGAL” VEIO TAMBÉM PARA EDUCAR E LIBERTAR!!