quinta-feira, 15 de abril de 2010

nota da casa do teatro a imprensa e algumas ponderações

Ao
Jornal A Gazeta do Iguaçu
Att. Sr. Rogério Bonato
Nesta

NOTA OFICIAL DA CASA DO TEATRO
Pendências (e das boas!)
Tendo em vista a veiculação da coluna de sua autoria, publicada neste diário, na edição do dia 14 de abril, sob o título “Pendengas e das boas”, aludindo ao lançamento do documentário As muitas faces de uma cidade, de autoria dos produtores iguaçuenses Danilo Georges e Eliseu Pirocelli, onde a Casa do Teatro é envolvida em seus comentários, cumpre-nos pedir a publicação dos esclarecimentos que seguem:

1) A diretora desta instituição, a atriz Arinha Rocha, é ouvida na produção mencionada, onde também participam o DJ Carlos “Caê” Traven, o músico Adriano Lopes da Silva, o jornalista Aluízio Palmar, o grafiteiro Anderson Bezerra, o MC Luciano Antonio, o professor de dança Michael Rodrigues, o DJ Nelson Tiago e o flanelinha Thiago Egea. Todas estas pessoas emitiram as suas opiniões e impressões sobre a vida social, cultural e política de nossa cidade, de forma democrática e transparente, beneficiadas com o supremo direito à liberdade de expressão, felizmente, ainda em vigor em nosso país;
2) No texto de sua autoria, a coluna desfere ataques gratuitos baseando-se em um fragmento de nossa entrevista concedida aos realizadores do documentário, abrangendo apenas uma frase, tornada pública durante a divulgação do material, retirada de um contexto maior, conforme mostra o audiovisual.
A sua reação a tão pequeno comentário, de não mais de uma linha e de parcos caracteres, nos provocou surpresa e estranhamento pela raiva, desrespeito e destempero expressos em suas palavras. Acreditamos que espaços públicos, de debate e de publicação de posições e notícias, devem ser utilizados para a boa e saudável discussão, garantindo a pluralidade de idéias e a diversidade de protagonistas, atributos que alargam a democracia e aprofundam o entendimento das pessoas quanto ao temas abordados. Caso esta sua atitude, ao proferir ofensas, tenha a intenção deliberada de tentar nos calar, permita-nos contrariá-lo uma vez mais: não cedemos e não recuamos mediante nenhuma pressão;
3) Na sua condição de servidor público, funcionário remunerado pelos cidadãos iguaçuenses, teria melhor finalidade o seu espaço na imprensa se fosse usado para elencar as realizações, ações e resultados obtidos pela pasta de sua responsabilidade. Mais ainda, na sua posição de servidor público, deveria incentivar e apoiar a produção cultural do município, voltada para o exercício da solidariedade e da coletividade, ao invés de propor um ranking ou competição entre os realizadores culturais, como foi sugerido em sua lavra;
4) Em sua coluna, o senhor falta com a verdade ao insinuar que tentamos nos “apropriar do teatro Barracão” (palavras suas, grifo nosso). Manifestamos, isto sim, uma solicitação para realizar a GESTÃO deste equipamento de cultura, que seria feita de forma efetiva (com a realização de atividades artísticas e culturais) e compartilhada (com a participação de entidades e produtores da cidade). O pedido seguiu os trâmites que regem a administração pública e que

Arte para um mundo melhor!


garantem a impessoalidade do serviço público, mediante o processo nº 00136507, registrado no protocolo geral da Prefeitura Municipal, em 14 de maio de 2008.
Como se sabe, manifestado o interesse da gestão municipal, cumpridas todas as normas legais, tal pedido seria ainda enviado à Câmara Municipal de Vereadores, para a devida apreciação parlamentar. Não soubemos de manifestações contrárias ao nosso pedido. Aliás, até o momento, sequer obtivemos resposta ao referido encaminhamento. Caso existisse em nossa cidade o Conselho Municipal de Cultura, conforme preconizam antigas e diferentes leis municipais, o nosso pedido de gestão também seria encaminhado para a análise deste fórum superior, como forma de garantir a ampla e profunda discussão, sempre em favor do interesse coletivo e do bem comum.
Há ainda a lembrar que o senhor, na condição de gestor da cultura deste município, realizou diversas ligações telefônicas a esta entidade e ao telefone celular privado da direção desta associação, propondo, oferecendo e entusiasmando o pedido em questão;
5) Na referida coluna, fica sugerida a falta de representação desta entidade na discussão de leis para o segmento cultural. O senhor esqueceu - ou não quis lembrar - ou omitiu as minutas e projetos que lhe foram entregues, imediatamente após iniciar a sua gestão frente à Fundação Cultural, onde são detalhadas medidas para aprofundar e democratizar o acesso, a produção e a fruição cultural da cidade, resultado de discussões e debates públicos. Caso ajude, sugerimos consultar as edições anteriores desta “A Gazeta”, que trazem matérias sobre este assunto.
Além disso, já deixamos público antes, não participamos de algumas reuniões e encontros onde supostamente se discutiria política cultural. Ocorre que tais eventos já previam de forma antecipada que não seriam efetivados os mecanismos de controle social da cultura, como o Conselho Municipal de Cultura, e as ferramentas de financiamento, como os fundos públicos destinados ao setor. Sem isso, como ocorre ainda hoje, toda e qualquer discussão sobre a cultura é inócua, improdutiva e irrelevante. É preciso dizer que a única representação a que nos permitimos se dá nos palcos. Na vida cotidiana, não adotamos personagens, não participamos de encenações e não negociamos a verdade.
6) Diante disso tudo, reiteramos e não cansamos de mencionar o histórico de atividades realizadas pela Casa do Teatro, que percorre por quase duas décadas, reunindo artistas, produtores culturais e mobilizadores sociais. Entre as nossas principais parcerias, podemos destacar os seguintes: Organização Internacional do Trabalho (OIT), Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), Secretaria Especial dos Direitos Humanos do Ministério da Justiça, Ministério da Cultura e Itaipu Binacional, entre diversas organizações sociais locais.
7) Por fim, como não acreditamos na omnisciência e nem na onipresença de seres humanos, além de nos dirigirmos ao seu veículo de imprensa, também enviamos a presente correspondência aos seus cuidados, na sede da Fundação Cultural, para que o senhor tenha acesso ao presente conteúdo tanto na condição de colunista como de ocupante de cargo público, com o único objetivo de proporcionar a veracidade e a qualidade na informação.
Atenciosamente,


Foz do Iguaçu, em 15 de abril de 2010.




Arinha Rocha, pela Direção da Casa do Teatro

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