quinta-feira, 15 de abril de 2010

O documentário, a grande mídia e o debate

Em primeiro lugar como produtor do documentário venho esclarecer que “As Muitas Faces de uma Cidade” foi feito de maneira autônoma e legitima. Mostrando personagens reais e problemas reais da cidade. Nada é inventado nem fictício.
Não é de interesse dessa produção apontar para culpados; e sim o de expor contradições dessa cidade.Problemas antigos como falta de emprego, criminalização da pobreza,falta de alternativas para a classe trabalhadora empobrecida. Um desafio a todos.
Mas fico completamente surpreso com a reação de alguns setores da sociedade que utilizam falas de personagens para promover ataques pessoais e se defenderem de "acusações". Lembrando que o nome de nenhum político ou chefe de algum setor é citado. Estranho é a reação de muitos sujeitos que parecem se sentir ameaçados com o filme.
E pior do que isso, tentando desqualificar o debate e a instituição que abriu as portas para que toda sociedade pudesse expor seus pensamentos. Sem debater e discutir como superaremos os problemas e dificuldades que temos. Que medo é esse?
Esse evento mostrou a importância de espaços de discussões. O microfone foi aberto a todos. Muitos se explicaram, outros atacaram, mas a maioria foi lá para participar e para conferir um lançamento de um documentário. E para reconhecer a necessidade de que algo a mais é preciso ser feito.
O desafio que o documentário promove é o de buscar alternativas humanas para a periferia, ao invés de defender o encarceramento em massa ou o extermínio.
Não entendo e não aceitarei o pensamento autoritário de pessoas que se sentem donos da cidade, donos da imprensa, donos de uma universidade pública. A UNIOESTE é de todos. Como é de todos o direito a liberdade de expressão, manifestação, direito a comunicação e o direito a cidade.
Por isso apoio a liberdade de expressão e de indignação de Arinha rocha presidente da Casa do Teatro. Ela não deve ser atacada por entender que não há e não houve interesse na cultura da cidade. Se ela quanto aos que pensam assim devem ser respeitados.
São situações como essas que apontam para a falsa democracia que vivemos. Não devemos aceitar ameaças, nem ataques pessoais e muitos menos recuar. A sociedade tem que avançar; e esse avanço passa pela complexidade humana. O de superar as mazelas geradas por um sistema que a cada dia produz mais pobres, marginais e desempregados.
E produz cada vez mais pessoas donas disso ou daquilo.O sentimento de posse é cruel. A liberdade passa pelo direito ao contraditório, ao pensar diferente.
Nas palavras da Adriana Facina professora que contribuiu com o debate. ”Peço a todos que queiram mudar essa cidade de verdade que se aprimorem cada vez mais nas linguagens artísticas, que sejam cada vez mais criativos, que expressem cotidianamente o que se passa em seus corações e mentes, para construirmos caminhos para que as vozes das periferias e de todos possam soar alto. E sensibilizar essa gente que está surda e insensível. Nossa indignação agradece!”

Paz sem voz não é paz, é medo.

Danilo Georges.

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