sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Receita de Ano Novo

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)


Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.


Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Carlos Drummond Andrade

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Escolas recebem material sobre a ditadura militar

Cerca de oito mil escolas públicas de todo o brasil irão receber um exemplar de CD-ROM abordando a história de 394 mortos e desaparecidos durante o período da ditadura militar. A iniciativa do Governo Federal, visa a municiar os estabelecimetos públicos com as informações e dados sobre este momento da vida social e política brasileira, compreendido entre 1964 e 1985.

Organizado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a pedido da Secretaria Nacional dos Direitos Humanos, a mídia educativa será distribuida entre os estudantes do ensino médio.

O material foi elaborado a partir dos documentos contantes do projeto “Direito à Memória e à Verdade”. Além da biografia dos perseguidos políticos do regime fardado, o CD também contempla informações sobre o momento histórico e contexto cultural no momento do golpe do militar e os anos seguintes.

Além das cópias que serão entregues às escolas, o CD-ROM também poderá ser transformar em um site para o acesso em toda a rede de internet. O trabalho de elaboração do CD contou com a participação de dezenas de estudantes e professores da universidade mineira, derivados de diferentes áreas do conhecimento, como história, direito e comunicação.

(guata/com informações da Agência Brasil)

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Há três semanas, as favelas do Alemão e da Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro, se tornaram o palco de uma suposta “guerra” entre as forças do “bem” e do “mal”. A “vitória” propagada de forma irresponsável pelas autoridades – e amplificada por quase todos os grandes meios de imprensa – ignora um cenário complexo e esconde esquemas de corrupção e graves violações de direitos que estão acontecendo nas comunidades ocupadas pelas forças policiais e militares. Mais que isso, esta perspectiva rasa – que vende falsas “soluções” para os problemas de segurança pública no país – exclui do debate pontos centrais que inevitavelmente apontam para a necessidade de profundas reformas institucionais.

Desde o dia 28 de novembro, organizações da sociedade civil realizaram visitas às comunidades do Alemão e da Vila Cruzeiro, onde se depararam com uma realidade bastante diferente daquela retratada nas manchetes de jornal. Foram ouvidos relatos que denunciam crimes e abusos cometidos por equipes policiais. São casos concretos de tortura, ameaça de morte, invasão de domicílio, injúria, corrupção, roubo, extorsão e humilhação. As organizações ouviram também relatos que apontam para casos de execução não registrados, ocultação de cadáveres e desaparecimento.

Durante o processo, a sensação de insegurança e medo ficou evidente. Quase todos os moradores demonstraram temor de sofrerem represálias e exigiram repetidamente que o anonimato fosse mantido. E foi assim, de forma anônima, que os entrevistados compartilharam a visão de que toda a região ocupada está sendo “garimpada” por policiais, no que foi constantemente classificado como a “caça ao tesouro” do tráfico.

A caça ao tesouro

É um escândalo: equipes policiais de diferentes corporações, de diferentes batalhões, se revezam em busca do dinheiro, das jóias, das drogas e das armas que criminosos teriam deixado para trás na fuga; em lugar de encaminhar para a delegacia tudo o que foi apreendido, as equipes estão partilhando entre elas partes valiosas do “tesouro”. Aproveitando-se do clima de “pente fino”, agentes invadem repetidamente as casas e usam ameaças e técnicas de tortura como forma de arrancar de moradores a delação dos esconderijos do tráfico. Não bastasse isso, praticam a extorsão e o roubo de pequenas quantias e de telefones celulares, câmeras digitais e outros objetos de algum valor.

Apesar deste quadro absurdo, o governo do estado do Rio de Janeiro tenta mais uma vez esvaziar e desviar o debate, transformando um momento de crise em um momento triunfal das armas do Estado. Nem as denúncias que chegaram às páginas de jornais – como, por exemplo, as que apontam para a fuga facilitada de chefes do tráfico – foram respondidas e investigadas. Independente disso, os relatos que saem do Alemão e da Vila Cruzeiro escancaram um fato que jamais pode ser ignorado na discussão sobre segurança pública no Rio de Janeiro: as forças policiais exercem um papel central nas engrenagens do crime. Qualquer análise feita por caminhos fáceis e simplificadores é, portanto, irresponsável. E muitas vezes, sem perceber, escorregamos para estas saídas.

Direcionar a “culpa” de forma individualizada, por exemplo, e fazer a separação imaginária entre “bons” e “maus” policiais é uma das formas de se esquivar de debates estruturais. Penalizar o policial não altera em nada o cenário e não impede que as engrenagens sigam funcionando. Nosso papel, neste sentido, é avaliar os modelos políticos e as falhas do Estado que possibilitam a perversão da atividade policial. Somente a partir deste debate será possível imaginar avanços concretos.

Diante do panorama observado após a ocupação do Alemão, as organizações de direitos humanos cobram a responsabilidade dos Governos e exigem que o debate sobre a reforma das polícias seja retomado de forma objetiva. Nossa intenção aqui não é abarcar todos os muitos aspectos desta discussão, mas é fundamental indicarmos alguns aspectos que achamos essenciais.

Falta de transparência e controle externo

A falta de rigor do Estado na fiscalização da atuação de seus agentes, a falta de transparência nos dados de violência, e, principalmente, a falta de controle externo das atividades policiais são fatores que, sem dúvida, facilitam a ação criminosa de parte da polícia – especialmente em comunidades pobres, distantes dos olhos da classe média e das lentes da mídia. E os acontecimentos das últimas semanas realmente nos dão uma boa noção de como isso acontece.

Apesar dos insistentes pedidos de entidades e meios de imprensa, até hoje, não se sabe de forma precisa quantas pessoas foram mortas em operações policiais desde o dia 22. Não se sabe tampouco quem são esses mortos, de que forma aconteceu o óbito, onde estão os corpos ou, ao menos, se houve perícia, e se foi feita de modo apropriado. A dificuldade é a mesma para se conseguir acesso a dados confiáveis e objetivos sobre número de feridos e de prisões efetuadas. As ações policiais no Rio de Janeiro continuam escondidas dentro de uma caixa preta do Estado.

Na ocupação policial do Complexo do Alemão em 2007, a pressão política exercida por parte deste mesmo coletivo de organizações e movimentos viabilizou, com a participação fundamental da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência, um trabalho independente de perícia que confirmou que grande parte das 19 mortes ocorridas em apenas um dia tinham sido resultado de execução sumária. Foram constatados casos com tiros à queima roupa e pelas costas, disparados de cima para baixo, em regiões vitais, como cabeça e nuca. Desta vez, não se sabe nem quem são, quantos são e onde estão os corpos dos mortos..

Para que se tenha uma ideia, em uma favela do Complexo do Alemão representantes das organizações estiveram em uma casa completamente abandonada. No domingo, dia 28, houve a execução sumária de um jovem. Duas semanas depois, a cena do homicídio permanecia do mesmo jeito, com a casa ainda revirada e, ao lado da cama, intacta, a poça de sangue do rapaz morto. Ou seja, agentes do Estado invadiram a casa, apertaram o gatilho, desceram com o corpo em um carrinho de mão, viraram as costas e lavaram as mãos. Não houve trabalho pericial no local e não se sabe de nenhuma informação oficial sobre as circunstâncias da morte. Provavelmente nunca saberemos com detalhes o que de fato aconteceu naquela casa.

“A ordem é vasculhar casa por casa...”

Por outro lado, o próprio Estado incentiva o desrespeito às leis e a violação de direitos quando informalmente instaura nas regiões ocupadas um estado de exceção. Os casos de invasão de domicílio são certamente os que mais se repetiram no Alemão e na Vila Cruzeiro. Foi o próprio coronel Mario Sérgio Duarte, comandante da Polícia Militar do Rio de Janeiro, quem declarou publicamente que a “ordem” era “vasculhar casa por casa”, insinuando ainda que o morador que tentasse impedir a entrada dos policiais seria tratado como suspeito. Mario Sérgio não apenas suprimiu arbitrariamente o artigo V da Constituição, como deu carta-branca à livre atuação dos policiais.

Em qualquer lugar do mundo, a declaração do coronel seria frontalmente questionada. Mas a naturalidade com que a fala foi recebida por aqui reflete uma construção histórica que norteia as ações de segurança pública do estado do Rio de Janeiro e que admite a favela como território inimigo e o morador como potencial criminoso. Em comunidades pobres, o discurso da guerra abre espaço para a relativização e a supressão dos direitos do cidadão, situação impensável em áreas mais nobres da cidade. De fato, a orientação das políticas de sucessivos governos no Rio de Janeiro tem sido calcada em uma visão criminalizadora da pobreza.

Em meio a esse caldo político, as milícias formadas por agentes públicos – em especial por policiais – continuam crescendo, se organizando como máfia por dentro da estrutura do Estado e dominando cada vez mais bairros e comunidades pobres no Rio de Janeiro. No Alemão e na Vila Cruzeiro, comenta-se que parte das armas desviadas por policiais estaria sendo incorporadas ao arsenal destes grupos. Especialistas avaliam com bastante preocupação a forma como o crime está se reorganizando no estado.

Mas isto continua tendo importância secundária na pauta dos Governos. De olhos fechados para os problemas estruturais do aparato estatal de segurança, seguem apostando em um modelo militarizado que não é direcionado para a desarticulação das redes do crime organizado e do tráfico de armas e que se mostra extremamente violento e ineficaz.
Rio de Janeiro, 21 de dezembro de 2010.
Assinam:
Justiça Global
Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência
Conselho Regional de Psicologia – RJ
Grupo Tortura Nunca Mais - RJ
Instituto de Defensores de Direitos Humanos
Centro de Defesa dos Direitos Humanos de Petrópolis

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Memorial em Foz do Iguaçu resgatará luta pela liberdade na América Latina

O memorial em homenagem aos mortos da ditadura na América Latina foi apresentado nesta quinta-feira, 16, em Foz do Iguaçu. Realizado na Praça Naipi, o ato contou com a participação de militantes, representantes do Centro de Direito Humanos e Memória Popular de Foz do Iguaçu (CDH – Foz), governo brasileiro, autoridades latinas e do ministro Paulo Vannuchi, da Secretaria Especial de Direitos Humanos e foi marcado pelo lançamento da pedra fundamental da homenagem.
Para Paulo Vannuchi, Foz do Iguaçu é a primeira cidade do Brasil a fazer uma dedicação desta envergadura a todos que lutaram pela liberdade e denunciaram a ditadura. “Vamos fazer deste memorial um espaço de luta e pesquisa dos arquivos da ditadura. Precisamos levantar mais as informações dos guerreiros torturados e enterrados no Parque Nacional do Iguaçu e demais localidades latino-americanas”, destacou.
Segundo o jornalista Aluizio Palmar, presidente do Centro de Direitos Humanos e Memória Popular de Foz do Iguaçu, o memorial é um desejo antigo da militância e de mentes livres. “Com base no Plano Nacional de Direito Humanos (PNH-3), precisamos eliminar todas as ruas que fazem alusão a torturadores. Temos, inclusive, que alterar o nome da Avenida Costa e Silva, aqui em Foz do Iguaçu, onde foi instalado o memorial. É contraditório manter o nome de uma via que dá acesso ao espaço, sendo um nome de uma pessoa que feriu a liberdade”, analisou Palmar.
A peça colocada é simbólica. O Centro de Direitos Humanos e demais entidades que encabeçam a causa irão preparar um documento para elaboração da peça definitiva. Um edital será aberto para seleção dos artistas que irão confeccionar a obra. A previsão é que ela fique pronta até o início do segundo semestre de 2011.
A atividade fez parte da programação da 10ª Cúpula Social do Mercosul, em Foz do Iguaçu.
(MEGAFONE – Wemerson Augusto)

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Cordel da declaração universal do direitos humanos por: Valdecy Alves

O pai e o filho na sala
Juntos viam televisão
Noticiavam um crime
Que causara comoção
Diversas autoridades
Ali davam opinião

Locutores revezavam
Falando em crimes insanos
Dos praticantes do mal
Através de maldosos planos
Ao tempo que criticavam
Os direitos humanos

O filho já rapazinho
com tudo já concordava
Dizendo: - pai é isso aí
Aonde esse povo estava
Com seus direitos humanos
Enquanto só se matava ?
O tema central da mídia
Que defendia em tom forte
Era a lei de talião
Pro criminoso sem norte
Pregavam só um caminho
Que era a pena de morte

Perguntava assim o jovem
- Por que somente bandido
Tem os direitos humanos
Para si só garantido
Ninguém no enterro da vítima
Completamente esquecido ?

O pai ficou admirado
Com a jovem opinião
Tratou logo da resposta
Sem nenhuma hesitação
Sentia ser importante
Clarear a situação

- É lamentável, meu filho
O papel de toda imprensa
De tantos equivocados
Falando assim o que pensa
Movidos pela vingança
De animalidade imensa

- Direitos humanos, filho
Não se resumem ao preso
São muito mais complexos
Como painel de azulejo
Dos mais variados direitos
Não fique assim tão surpreso !

- Há os direitos civis
Ir, votar, vir, opinar,
O direito à igualdade
Criar, pensar, se expressar
Fundar associação
De ter, de ser, de casar !

- Direito á educação
Sáude, trabalho, lazer
Segurança, previdência
Direito a sobreviver
Proteger o idoso, a criança
Mesmo o direito de crê...

- Achar direitos humanos
Tratar só do criminoso
É pensamento restrito
É só crê no duvidoso
Ver-se apenas uma estrela
No céu imenso, espantoso !

- Vou falar de um Documento
Lei pra qualquer nação
Onde princípios sagrados
Jóia da civilização
É dos direitos humanos
A maior Declaração

- O homem ao longo da história
Escute-me não se zangue
Investiu na arte da guerra
Tornou o passado em mangue
Nos rios ainda corre água
Mas bem podia ser sangue !

- Desde as mais remotas eras
Tem ocorrido exclusão
Miséria, fome, flagelo
Desgraça, desunião
Atropelou-se o direito
Violou-se religião

- Napoleão Bonaparte
Júlio César, Hitler, Nero
Ivan, Mussolini, Átila
Sanguinários com esmero
Desumanos, violentos
Chefes do oprimir sincero


- A primeira grande guerra
Foi um desastre total
Milhões e milhões de mortos
Nunca se viu tanto mal
Tamanha barbaridade
Nem no universo animal

- Na segunda grande guerra
Com armas bem mais potentes
A barbárie foi maior
Com bilhões de descontentes
Vítimas de todo tipo
E de entre todas as gentes

- Teve a bomba de Hiroshima
Começou a guerra fria
A ONU então decidiu
Que a humanidade vazia
Precisava fazer algo
Transformar a noite em dia


- Foi assim que nasceu
O plano de um mundo ideal
Um mundo civilizado
Com menos chance pro mal
Onde os direitos humanos
Fossem carta universal

- Surgiu a Declaração
Universal dos Direitos
Humanos um Documento
Com seus artigos perfeitos
Onde a dignidade do homem
Faça de todos eleitos

-Ah, então foi assim, pai !
Que nasceu grande Tratado
Mundial Constituição
Pelos países assinado
Quem sabe usando a razão
O homem teça seu bom fado

- Mas tão importante carta
Cheia de boa intenção
O que reza, o que prega
Impondo a qualquer nação
Quantos são seus artigos
O que dizem, o que são ???


- Composta de trinta artigos
Tratando de vários temas
Básicos da humanidade
Buscando sanar problemas
Entre povos e nações
Leque de variados lemas

- No ano quarenta e oito
Na data dez de dezembro
Uma assembléia geral
Li, aprendi, sempre me lembro
Aprovava o documento
Da lei global novo membro

- A chama quente do fogo
A descoberta da roda
O usar da agricultura
A imprensa criando moda
Bomba agá e a ida à lua
A razão que incomoda

- Primeiro vôo do avião
A invenção da vacina
Dominar segredos do átomo
A Filosofia que ensina
Tudo a ela se equipara
O curar, a medicina !

- Alicerce de utopia
Do mais profundo sonho
O semear da esperança
Morte ao conflito medonho
Berçário da dignidade
Por fim do que é tristonho

- Em seu artigo primeiro
Proclama a igualdade
Prega entre todos homens
Deve haver fraternidade
Só assim será possível
O homem ter dignidade

- Em seu artigo segundo
Resgata a idéia perdida
O direito à liberdade
O respeito a toda vida
A segurança pessoal
A vida pra ser vivida

- No seu artigo terceiro
Proíbe discriminação
Seja qual for a raça
Não importa religião
Qualquer homem, qualquer povo
É igual, é tudo irmão !

- O importante artigo quarto
Funda civilização
Calcada na dignidade
Barrando a escravidão
Banindo o trabalho escravo
Em toda e qualquer nação

- O artigo quinto prevê
A proibição do castigo
Desumano e degradante
Até mesmo pro inimigo
Proíbe enfim a tortura
O homem deve ser amigo

- Previsto no artigo sexto
O direito do homem ser
Em todo e qualquer lugar
Aquilo que escolher
Ser visto como pessoa
Pouco importando o ter
- Em seu artigo sétimo
O princípio da igualdade
Ninguém melhor que ninguém
No total da humanidade
Varre a discriminação
Impõe a fraternidade

- Já em seu artigo oitavo
Está o acesso à Justiça
Pois todo cidadão
Alvo qualquer de injustiça
Provocando um tribunal
Há de resolver a liça

- No artigo nono previsto
Proíbe prisão arbitrária
O abuso de poder
A detenção ordinária
Qualquer exílio abusivo
Violação humanitária
- Assunto do artigo décimo
Da justiça imparcial
Do direito à defesa
Seja civil, criminal
Se assim acontecer
Um passo além do animal
- A presunção de inocência
Favorece então o réu
Conforme o artigo onze
Sábio e muito fiel
Só após sério processo
O acusado sai do céu

- O importante artigo doze
Protege a vida privada
Sigilo à correspondência
E toda honra imaculada
Proteção de toda lei
A gente civilizada

- O vital artigo treze
Direito de ir e vir
Nas fronteiras do Brasil
No mundo, acolá, ali
Sem haver proibição
Vá, venha, fique, pode ir !

- Já o artigo quatorze
Jóia internacional
Trata do asilo político
Do cidadão especial
Aquele que é perseguido
Por sua opinião pessoal

- O direito de escolher
Uma nacionalidade
Escrito no artigo quinze
Pois não há felicidade
Sem se ser duma nação
Escolhida em liberdade

- A importância da família
O direito de casar
Com quem se quer e se ama
Um direito a gozar
Tá no artigo dezesseis
Ninguém queira duvidar

- Já o direito de ter
Qualquer propriedade
Trata o artigo dezessete
Sozinho ou em sociedade
É um direito do homem
Camponês ou da cidade
- O direito de pensar
De ter uma religião
De ser-se o que se é
Governo ou oposição
Crê no diabo ou em deus
No artigo dezoito opção
- Liberdade de opinar
Manifestar pensamento
Livre de qualquer censura
Em todo e qualquer momento
Tá no artigo dezenove
Do citado Documento

- O direito de associar-se
De fazer reunião
De filiar-se ao sindicato
A qualquer associação
Assunto do artigo vinte
Como dourada opção

- O direito de votar
E também de ser votado
Tá no artigo vinte e um
Muito bem denominado
Sendo a vontade do povo
Da soberania o respaldo

- Já no artigo vinte e dois
A segurança social
À Saúde, educação
Ao trabalho, ao cultural
Moradia, meio ambiente
E à previdência social...

- O direito ao emprego
Ganhando justo salário
Ta no artigo vinte e três
Em jornada com horário
Trabalho igual, ganho igual
Seja urbano, seja agrário

- O trabalho é para o homem
Não o homem para o trabalho
Prevê o item vinte e quatro
Do contrário é atrapalho
Repouso, lazer e férias
São direitos, não falho !
- Padrão de vida capaz
De lhe render bem- estar
Assunto do vinte e cinco
Que também vem a tratar
Da infância, maternidade
Pra família assegurar

- Direito à educação
É tema do vinte e seis
Mas com muita qualidade
Do contrário não tem vez
O cidadão mal formado
Seja europeu ou chinês

- Cuida o artigo vinte e sete
Do direito autoral
Protegendo artes e artistas
À produção cultural
Pois a criação humana
Distingue o homem do animal

- Já no artigo vinte e oito
Trata da Declaração
Pra se tornar realidade
E não ser mais ficção
Exigindo todos os meios
Pra sua realização

- Trata o artigo vinte e nove
De proibir proibição
O homem deve obedecer
Toda e qualquer restrição
Sendo previsão de lei
Fora disso é permissão

- No final o artigo trinta
Estabelece ordenamento
Não se use a Declaração
Jamais em qualquer momento
Pra negar qualquer direito
Do universal Documento

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

HÁ POUCO PARA SE COMEMORAR
NO DIA DOS DIREITOS HUMANOS

A Declaração Universal dos Direitos Humanos completa 62 anos na sexta-feira, dia 10, mas há pouco para se comemorar nessa data. O Centro de Direitos Humanos e Memória Popular de Foz do Iguaçu vem a público manifestar sua preocupação com as constantes violações dos direitos fundamentais e da dignidade da pessoa humana.

Por ser o primeiro documento internacional que afirma a universalidade dos direitos básicos e a igualdade entre todos os seres humanos, a Declaração é considerada um marco para a proteção e respeito dos direitos humanos.

Falta muito, porém, para que os preceitos declarando que todos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos sejam uma realidade. As constantes violações de direitos humanos continuam sendo praticadas por meio de padrões enraizados de discriminação, desigualdade e exclusão.

Entendemos que o vácuo existente entre a vontade das autoridades de garantir direitos e a sua implementação é devido ao poder que os interesses econômicos exercem sobre as instituições republicanas.

Violações dos direitos humanos econômicos, sociais e culturais continuam sendo praticadas em presídios, em conflitos agrários, contra povos indígenas no Brasil e, sobretudo, contra a população de baixa renda, atingida pela prática da criminalização da pobreza.

O custo humano dessa política não se justifica! Hoje temos a polícia que mais mata e mais morre no mundo, num quadro trágico que já alcançou índices recordes, jamais vistos anteriormente.

Entre os direitos com maior histórico de violações, o direito à vida é um dos mais golpeados, mormente quando se trata de adolescentes e jovens, maiores vítimas de homicídios no Brasil.

Em Foz do Iguaçu, estudos apontam que cerca de 60% das vítimas de mortes violentas são jovens oriundos das camadas de baixa renda e com pouca escolarização. Assistir ao que estamos vendo — adolescentes mortos prematuramente — é algo terrível pelo absurdo em si mesmo.

Conforme o Índice de Homicídios na Adolescência (IHA), feito por uma parceria entre a Secretaria Especial dos Direitos Humanos, o Laboratório de Análise da Violência (UERJ), o Unicef e o Observatório de Favelas, divulgado esta semana, Foz do Iguaçu lidera o ranking de assassinatos de jovens com idades entre 12 e 19 anos.

Tendo em vista o acima exposto e que a construção de um Estado democrático depende não apenas das intenções e diretrizes dos poderes públicos constituídos, mas principalmente de uma rede de atitudes, deveres e direitos desenvolvida pelo conjunto dos cidadãos, o Centro de Direitos Humanos e Memória Popular de Foz do Iguaçu alerta, propõe e reafirma sua disposição de:

• Alertar a comunidade por meio de processo de tomada de consciência para o justo combate a todo tipo de preconceito, discriminação e exclusão social;

• Promover o fortalecimento dos movimentos populares que lutam por uma sociedade igualitária, na qual o homem não seja explorado e oprimido por outro homem;

• Lutar para que sejam assegurados os direitos à qualidade de vida, à saúde, ao saneamento básico, à educação, à moradia, ao transporte, ao lazer, ao meio ambiente sustentável, à segurança, ao trabalho, à diversidade cultural e à preservação da memória;

• Defender a estruturação de um sistema público de comunicação que inclua a criação de um fundo público para meios comunitários e a democratização do acesso aos meios de produção no campo da comunicação, tendo em vista que a comunicação social é um serviço público de relevante interesse social;

• Cobrar das autoridades constituídas a apuração de responsabilidades e punição dos autores de execuções de adolescentes e jovens adultos;

Foz do Iguaçu, 10 de dezembro de 2010.



CENTRO DE DIREITOS HUMANOS E
MEMÓRIA POPULAR DE FOZ DO IGUAÇU

www.cdhfoz.blogspot.com

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

domingo, 28 de novembro de 2010

Para além do terrorismo midiatico sobre a crise no RJ.

Gostaria de contribuir para que a atual crise do Rio seja encarada de forma crítica. Resolvi divulgar alguns textos que contribuem para uma compreensão da realidade carioca e brasileira para além do imediatismo midiático.
O extermínio de traficantes, o envolvimento das Forças Armadas e o sítio a uma população de 400 mil pessoas estão longe de ser solução, ao contrário acabam por reafirmar a prática da violação de direitos das populações mais pobres.
Tenho certeza que a leitura dos textos que estou enviando é um bom exercício de reflexão.
Abraços.
DANILO GEORGES.

Luis Eduardo Soares
A crise no Rio e o pastiche midiático
Sempre mantive com jornalistas uma relação de respeito e cooperação. Em alguns casos, o contato profissional evoluiu para amizade. Quando as divergências são muitas e profundas, procuro compreender e buscar bases de um consenso mínimo, para que o diálogo não se inviabilize. Faço-o por ética –supondo que ninguém seja dono da verdade, muito menos eu--, na esperança de que o mesmo procedimento seja adotado pelo interlocutor. Além disso, me esforço por atender aos que me procuram, porque sei que atuam sob pressão, exaustivamente, premidos pelo tempo e por pautas urgentes. A pressa se intensifica nas crises, por motivos óbvios. Costumo dizer que só nós, da segurança pública (em meu caso, quando ocupava posições na área da gestão pública da segurança), os médicos e o pessoal da Defesa Civil, trabalhamos tanto –ou sob tanta pressão-- quanto os jornalistas.
Digo isso para explicar por que, na crise atual, tenho recusado convites para falar e colaborar com a mídia:
Leia mais: http://luizeduardosoares.blogspot.com/2010/11/crise-no-rio-e-o-pastiche-midiatico.html?spref=fb

Marcelo Freixo
Violência é caso para inteligência
Quero conversar com os demais deputados para chamar a atenção para algumas coisas que fogem a obviedade. É claro que a situação no Rio é uma situação delicadíssima, inaceitável. Todos nós sabemos disso, mas cabe ao Parlamento um debate um pouco mais profundo, do que necessariamente faz, ou fazem os meios de comunicação. E, nesse sentido, quero pontuar algumas coisas. Primeiro, a venda fácil da imagem de que o Rio de Janeiro está em guerra. Quero questionar essa ideia de que o Rio está em guerra
Leia mais: http://www.marcelofreixo.com.br/site/noticias_do.php?codigo=114

Eduardo Tomazine Teixeira

Unidades de Polícia Pacificadora: O que são, a que anseios respondem e quais desafios colocam aos ativismos urbanos? - 1.ª Parte
Foi inaugurada, no dia 19 de dezembro de 2008, a primeira Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do município do Rio de Janeiro, na favela Santa Marta, na Zona Sul da cidade. Quais impactos elas trazem às favelas ocupadas? Que papel elas desempenham na produção do espaço urbano carioca e, finalmente, quais implicações trazem para a práxis dos ativismos urbanos?
Leia mais: http://passapalavra.info/?p=25554

Gustavo Barreto
O jornalismo desonesto e o mito do “crime organizado”
O “Jornal da Globo” fechou com chave de ouro o dia de uma emissora empenhada em assustar e desinformar o público, enquanto outras emissoras e rádios acompanharam a tática do pânico. A velha técnica do “Mantenham a calma” seguido de imagens impactantes da violência no Rio de Janeiro é a melhor forma, do ponto de vista da cultura do medo que tenta se impor, de pôr em ação esse objetivo. É como você dizer “Fique à vontade” quando recebe alguém pouco conhecido em sua casa, provocando o efeito contrário. Neste caso é bem pior: trata-se do imaginário social de um conjunto de milhões de brasileiros que está em jogo. E neste caso há consequências políticas.
Leia mais: http://www.consciencia.net/o-jornalismo-desonesto-e-o-mito-do-crime-organizado/

Rogerio Dultra dos Santos

Política de Guerra e Forças Armadas no Rio de Janeiro
Os enunciados da mídia televisiva reforçam a idéia da luta do bem contra o mal. A radicalização pretende justificar o retorno das Forças Armadas ao cenário político na cidade do Rio de Janeiro. Nada mais falacioso.
A possibilidade de radicalização da barbárie é infinita e o discurso iluminista que roga por dias melhores engana também ao acreditar no progresso constante e inflexível da vida social.
Leia mais: http://opasmado.blogspot.com/2010/11/politica-de-guerra-e-forcas-armadas-no.html

sábado, 27 de novembro de 2010

A crise no Rio e o pastiche midiático-Por Luis Eduardo Soares

Sempre mantive com jornalistas uma relação de respeito e cooperação. Em alguns casos, o contato profissional evoluiu para amizade. Quando as divergências são muitas e profundas, procuro compreender e buscar bases de um consenso mínimo, para que o diálogo não se inviabilize. Faço-o por ética –supondo que ninguém seja dono da verdade, muito menos eu--, na esperança de que o mesmo procedimento seja adotado pelo interlocutor. Além disso, me esforço por atender aos que me procuram, porque sei que atuam sob pressão, exaustivamente, premidos pelo tempo e por pautas urgentes. A pressa se intensifica nas crises, por motivos óbvios. Costumo dizer que só nós, da segurança pública (em meu caso, quando ocupava posições na área da gestão pública da segurança), os médicos e o pessoal da Defesa Civil, trabalhamos tanto –ou sob tanta pressão-- quanto os jornalistas.
Digo isso para explicar por que, na crise atual, tenho recusado convites para falar e colaborar com a mídia:
(1) Recebi muitos telefonemas, recados e mensagens. As chamadas são contínuas, a tal ponto que não me restou alternativa a desligar o celular. Ao todo, nesses dias, foram mais de cem pedidos de entrevistas ou declarações. Nem que eu contasse com uma equipe de secretários, teria como responder a todos e muito menos como atendê-los. Por isso, aproveito a oportunidade para desculpar-me. Creiam, não se trata de descortesia ou desapreço pelos repórteres, produtores ou entrevistadores que me procuraram.
(2) Além disso, não tenho informações de bastidor que mereçam divulgação. Por outro lado, não faria sentido jogar pelo ralo a credibilidade que construí ao longo da vida. E isso poderia acontecer se eu aceitasse aparecer na TV, no rádio ou nos jornais, glosando os discursos oficiais que estão sendo difundidos, declamando platitudes, reproduzindo o senso comum pleno de preconceitos, ou divagando em torno de especulações. A situação é muito grave e não admite leviandades. Portanto, só faria sentido falar se fosse para contribuir de modo eficaz para o entendimento mais amplo e profundo da realidade que vivemos. Como fazê-lo em alguns parcos minutos, entrecortados por intervenções de locutores e debatedores? Como fazê-lo no contexto em que todo pensamento analítico é editado, truncado, espremido –em uma palavra, banido--, para que reinem, incontrastáveis, a exaltação passional das emergências, as imagens espetaculares, os dramas individuais e a retórica paradoxalmente triunfalista do discurso oficial?
(3) Por fim, não posso mais compactuar com o ciclo sempre repetido na mídia: atenção à segurança nas crises agudas e nenhum investimento reflexivo e informativo realmente denso e consistente, na entressafra, isto é, nos intervalos entre as crises. Na crise, as perguntas recorrentes são: (a) O que fazer, já, imediatamente, para sustar a explosão de violência? (b) O que a polícia deveria fazer para vencer, definitivamente, o tráfico de drogas? (c) Por que o governo não chama o Exército? (d) A imagem internacional do Rio foi maculada? (e) Conseguiremos realizar com êxito a Copa e as Olimpíadas?
Ao longo dos últimos 25 anos, pelo menos, me tornei “as aspas” que ajudaram a legitimar inúmeras reportagens. No tópico, “especialistas”, lá estava eu, tentando, com alguns colegas, furar o bloqueio à afirmação de uma perspectiva um pouquinho menos trivial e imediatista. Muitas dessas reportagens, por sua excelente qualidade, prescindiriam de minhas aspas –nesses casos, reduzi-me a recurso ocioso, mera formalidade das regras jornalísticas. Outras, nem com todas as aspas do mundo se sustentariam. Pois bem, acho que já fui ou proporcionei aspas o suficiente. Esse código jornalístico, com as exceções de praxe, não funciona, quando o tema tratado é complexo, pouco conhecido e, por sua natureza, rebelde ao modelo de explicação corrente. Modelo que não nasceu na mídia, mas que orienta as visões aí predominantes. Particularmente, não gostaria de continuar a ser cúmplice involuntário de sua contínua reprodução.
Eis por que as perguntas mencionadas são expressivas do pobre modelo explicativo corrente e por que devem ser consideradas obstáculos ao conhecimento e réplicas de hábitos mentais refratários às mudanças inadiáveis. Respondo sem a elegância que a presença de um entrevistador exigiria. Serei, por assim dizer, curto e grosso, aproveitando-me do expediente discursivo aqui adotado, em que sou eu mesmo o formulador das questões a desconstruir. Eis as respostas, na sequência das perguntas, que repito para facilitar a leitura:
(a) O que fazer, já, imediatamente, para sustar a violência e resolver o desafio da insegurança?
Nada que se possa fazer já, imediatamente, resolverá a insegurança. Quando se está na crise, usam-se os instrumentos disponíveis e os procedimentos conhecidos para conter os sintomas e salvar o paciente. Se desejamos, de fato, resolver algum problema grave, não é possível continuar a tratar o paciente apenas quando ele já está na UTI, tomado por uma enfermidade letal, apresentando um quadro agudo. Nessa hora, parte-se para medidas extremas, de desespero, mobilizando-se o canivete e o açougueiro, sem anestesia e assepsia. Nessa hora, o cardiologista abre o tórax do moribundo na maca, no corredor. Não há como construir um novo hospital, decente, eficiente, nem para formar especialistas, nem para prevenir epidemias, nem para adotar procedimentos que evitem o agravamento da patologia. Por isso, o primeiro passo para evitar que a situação se repita é trocar a pergunta. O foco capaz de ajudar a mudar a realidade é aquele apontado por outra pergunta: o que fazer para aperfeiçoar a segurança pública, no Rio e no Brasil, evitando a violência de todos os dias, assim como sua intensificação, expressa nas sucessivas crises?
Se o entrevistador imaginário interpelar o respondente, afirmando que a sociedade exige uma resposta imediata, precisa de uma ação emergencial e não aceita nenhuma abordagem que não produza efeitos práticos imediatos, a melhor resposta seria: caro amigo, sua atitude representa, exatamente, a postura que tem impedido avanços consistentes na segurança pública. Se a sociedade, a mídia e os governos continuarem se recusando a pensar e abordar o problema em profundidade e extensão, como um fenômeno multidimensional a requerer enfrentamento sistêmico, ou seja, se prosseguirmos nos recusando, enquanto Nação, a tratar do problema na perspectiva do médio e do longo prazos, nos condenaremos às crises, cada vez mais dramáticas, para as quais não há soluções mágicas.
A melhor resposta à emergência é começar a se movimentar na direção da reconstrução das condições geradoras da situação emergencial. Quanto ao imediato, não há espaço para nada senão o disponível, acessível, conhecido, que se aplica com maior ou menor destreza, reduzindo-se danos e prolongando-se a vida em risco.
A pergunta é obtusa e obscurantista, cúmplice da ignorância e da apatia.
(b) O que as polícias fluminenses deveriam fazer para vencer, definitivamente, o tráfico de drogas?
Em primeiro lugar, deveriam parar de traficar e de associar-se aos traficantes, nos “arregos” celebrados por suas bandas podres, à luz do dia, diante de todos. Deveriam parar de negociar armas com traficantes, o que as bandas podres fazem, sistematicamente. Deveriam também parar de reproduzir o pior do tráfico, dominando, sob a forma de máfias ou milícias, territórios e populações pela força das armas, visando rendimentos criminosos obtidos por meios cruéis.
Ou seja, a polaridade referida na pergunta (polícias versus tráfico) esconde o verdadeiro problema: não existe a polaridade. Construí-la –isto é, separar bandido e polícia; distinguir crime e polícia-- teria de ser a meta mais importante e urgente de qualquer política de segurança digna desse nome. Não há nenhuma modalidade importante de ação criminal no Rio de que segmentos policiais corruptos estejam ausentes. E só por isso que ainda existe tráfico armado, assim como as milícias.
Não digo isso para ofender os policiais ou as instituições. Não generalizo. Pelo contrário, sei que há dezenas de milhares de policiais honrados e honestos, que arriscam, estóica e heroicamente, suas vidas por salários indignos. Considero-os as primeiras vítimas da degradação institucional em curso, porque os envergonha, os humilha, os ameaça e acua o convívio inevitável com milhares de colegas corrompidos, envolvidos na criminalidade, sócios ou mesmo empreendedores do crime.
Não nos iludamos: o tráfico, no modelo que se firmou no Rio, é uma realidade em franco declínio e tende a se eclipsar, derrotado por sua irracionalidade econômica e sua incompatibilidade com as dinâmicas políticas e sociais predominantes, em nosso horizonte histórico. Incapaz, inclusive, de competir com as milícias, cuja competência está na disposição de não se prender, exclusivamente, a um único nicho de mercado, comercializando apenas drogas –mas as incluindo em sua carteira de negócios, quando conveniente. O modelo do tráfico armado, sustentado em domínio territorial, é atrasado, pesado, anti-econômico: custa muito caro manter um exército, recrutar neófitos, armá-los (nada disso é necessário às milícias, posto que seus membros são policiais), mantê-los unidos e disciplinados, enfrentando revezes de todo tipo e ataques por todos os lados, vendo-se forçados a dividir ganhos com a banda podre da polícia (que atua nas milícias) e, eventualmente, com os líderes e aliados da facção. É excessivamente custoso impor-se sobre um território e uma população, sobretudo na medida que os jovens mais vulneráveis ao recrutamento comecem a vislumbrar e encontrar alternativas. Não só o velho modelo é caro, como pode ser substituído com vantagens por outro muito mais rentável e menos arriscado, adotado nos países democráticos mais avançados: a venda por delivery ou em dinâmica varejista nômade, clandestina, discreta, desarmada e pacífica. Em outras palavras, é melhor, mais fácil e lucrativo praticar o negócio das drogas ilícitas como se fosse contrabando ou pirataria do que fazer a guerra. Convenhamos, também é muito menos danoso para a sociedade, por óbvio.
(c) O Exército deveria participar?
Fazendo o trabalho policial, não, pois não existe para isso, não é treinado para isso, nem está equipado para isso. Mas deve, sim, participar. A começar cumprindo sua função de controlar os fluxos das armas no país. Isso resolveria o maior dos problemas: as armas ilegais passando, tranquilamente, de mão em mão, com as benções, a mediação e o estímulo da banda podre das polícias.
E não só o Exército. Também a Marinha, formando uma Guarda Costeira com foco no controle de armas transportadas como cargas clandestinas ou despejadas na baía e nos portos. Assim como a Aeronáutica, identificando e destruindo pistas de pouso clandestinas, controlando o espaço aéreo e apoiando a PF na fiscalização das cargas nos aeroportos.
(d) A imagem internacional do Rio foi maculada?
Claro. Mais uma vez.
(e) Conseguiremos realizar com êxito a Copa e as Olimpíadas?
Sem dúvida. Somos ótimos em eventos. Nesses momentos, aparece dinheiro, surge o “espírito cooperativo”, ações racionais e planejadas impõem-se. Nosso calcanhar de Aquiles é a rotina. Copa e Olimpíadas serão um sucesso. O problema é o dia a dia.
Palavras Finais
Traficantes se rebelam e a cidade vai à lona. Encena-se um drama sangrento, mas ultrapassado. O canto de cisne do tráfico era esperado. Haverá outros momentos análogos, no futuro, mas a tendência declinante é inarredável. E não porque existem as UPPs, mas porque correspondem a um modelo insustentável, economicamente, assim como social e politicamente. As UPPs, vale dizer mais uma vez, são um ótimo programa, que reedita com mais apoio político e fôlego administrativo o programa “Mutirões pela Paz”, que implantei com uma equipe em 1999, e que acabou soterrado pela política com “p” minúsculo, quando fui exonerado, em 2000, ainda que tenha sido ressuscitado, graças à liderança e à competência raras do ten.cel. Carballo Blanco, com o título GPAE, como reação à derrocada que se seguiu à minha saída do governo. A despeito de suas virtudes, valorizadas pela presença de Ricardo Henriques na secretaria estadual de assistência social --um dos melhores gestores do país--, elas não terão futuro se as polícias não forem profundamente transformadas. Afinal, para tornarem-se política pública terão de incluir duas qualidades indispensáveis: escala e sustentatibilidade, ou seja, terão de ser assumidas, na esfera da segurança, pela PM. Contudo, entregar as UPPs à condução da PM seria condená-las à liquidação, dada a degradação institucional já referida.
O tráfico que ora perde poder e capacidade de reprodução só se impôs, no Rio, no modelo territorializado e sedentário em que se estabeleceu, porque sempre contou com a sociedade da polícia, vale reiterar. Quando o tráfico de drogas no modelo territorializado atinge seu ponto histórico de inflexão e começa, gradualmente, a bater em retirada, seus sócios –as bandas podres das polícias-- prosseguem fortes, firmes, empreendedores, politicamente ambiciosos, economicamente vorazes, prontos a fixar as bandeiras milicianas de sua hegemonia.
Discutindo a crise, a mídia reproduz o mito da polaridade polícia versus tráfico, perdendo o foco, ignorando o decisivo: como, quem, em que termos e por que meios se fará a reforma radical das polícias, no Rio, para que estas deixem de ser incubadoras de milícias, máfias, tráfico de armas e drogas, crime violento, brutalidade, corrupção? Como se refundarão as instituições policiais para que os bons profissionais sejam, afinal, valorizados e qualificados? Como serão transformadas as polícias, para que deixem de ser reativas, ingovernáveis, ineficientes na prevenção e na investigação?
As polícias são instituições absolutamente fundamentais para o Estado democrático de direito. Cumpre-lhes garantir, na prática, os direitos e as liberdades estipulados na Constituição. Sobretudo, cumpre-lhes proteger a vida e a estabilidade das expectativas positivas relativamente à sociabilidade cooperativa e à vigência da legalidade e da justiça. A despeito de sua importância, essas instituições não foram alcançadas em profundidade pelo processo de transição democrática, nem se modernizaram, adaptando-se às exigências da complexa sociedade brasileira contemporânea. O modelo policial foi herdado da ditadura. Ele servia à defesa do Estado autoritário e era funcional ao contexto marcado pelo arbítrio. Não serve à defesa da cidadania. A estrutura organizacional de ambas as polícias impede a gestão racional e a integração, tornando o controle impraticável e a avaliação, seguida por um monitoramento corretivo, inviável. Ineptas para identificar erros, as polícias condenam-se a repeti-los. Elas são rígidas onde teriam de ser plásticas, flexíveis e descentralizadas; e são frouxas e anárquicas, onde deveriam ser rigorosas. Cada uma delas, a PM e a Polícia Civil, são duas instituições: oficiais e não-oficiais; delegados e não-delegados.
E nesse quadro, a PEC-300 é varrida do mapa no Congresso pelos governadores, que pagam aos policiais salários insuficientes, empurrando-os ao segundo emprego na segurança privada informal e ilegal.
Uma das fontes da degradação institucional das polícias é o que denomino "gato orçamentário", esse casamento perverso entre o Estado e a ilegalidade: para evitar o colapso do orçamento público na área de segurança, as autoridades toleram o bico dos policiais em segurança privada. Ao fazê-lo, deixam de fiscalizar dinâmicas benignas (em termos, pois sempre há graves problemas daí decorrentes), nas quais policiais honestos apenas buscam sobreviver dignamente, apesar da ilegalidade de seu segundo emprego, mas também dinâmicas malignas: aquelas em que policiais corruptos provocam a insegurança para vender segurança; unem-se como pistoleiros a soldo em grupos de extermínio; e, no limite, organizam-se como máfias ou milícias, dominando pelo terror populações e territórios. Ou se resolve esse gargalo (pagando o suficiente e fiscalizando a segurança privada /banindo a informal e ilegal; ou legalizando e disciplinando, e fiscalizando o bico), ou não faz sentido buscar aprimorar as polícias.
O Jornal Nacional, nesta quinta, 25 de novembro, definiu o caos no Rio de Janeiro, salpicado de cenas de guerra e morte, pânico e desespero, como um dia histórico de vitória: o dia em que as polícias ocuparam a Vila Cruzeiro. Ou eu sofri um súbito apagão mental e me tornei um idiota contumaz e incorrigível ou os editores do JN sentiram-se autorizados a tratar milhões de telespectadores como contumazes e incorrigíveis idiotas.
Ou se começa a falar sério e levar a sério a tragédia da insegurança pública no Brasil, ou será pelo menos mais digno furtar-se a fazer coro à farsa

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

CDH-FOZ EM PARCERIA COM A ESCOLA NACIONAL FLORESTÁN FERNANDES REALIZA CURSO DE FORMAÇÃO.por: Tathiana Guimarães e Danilo Georges



No último final de semana dos dias 20 e 21 de novembro, o reativo Centro de Direitos Humanos (CDH) e Memória Popular trouxe a Foz do Iguaçu um integrante da Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), para aplicar o curso de formação “Como funciona a sociedade- Parte I”.
O curso foi ministrado pelo historiador Angelo Diogo Manzin. Com base na teoria marxista e metodologia da pedagogia libertária, o educador explicou de maneira expositiva e didática como chegamos ao modelo capitalista de produção e de que forma este é reproduzido nos diversos ramos da sociedade.
Durante a dinâmica do curso diversas teorias foram apresentadas e debatidas, contribuindo para compreensão do modo que como se constitui a vida social. Entre as questões atuais estavam pautadas contradições do sistema capitalista como: Por que a sociedade em que vivemos produz riqueza como nunca, ao mesmo tempo em que aprofunda a miséria de bilhões de seres humanos? Qual a relação do atual sistema com a destruição catastrófica do meio ambiente, e a origem da imensa desigualdade social que corrói a humanidade?
Estes e outros problemas sociais foram repensados pelo grupo participante, que variou entre universitários da Unila, Unioeste e Uniamérica, professores da rede pública e privada, comunicadores e profissionais autônomos, entre eles a costureira Maria Lúcia de 60 anos de idade, que cursou somente a 4ª série primária, mas pode aprender e participar da mesma forma que o estudante de mestrado Fernando Favaretto também aluno do curso e membro do CDH-FOZ.
Na sua prática o curso como Funciona a Sociedade I, busca auxiliar os campos dos conhecimentos humanos, independente do nível de escolaridade ou especificidade, para aprofundar a discussão e fomentar concepções críticas sobre a realidade que nos cerca.
O objetivo da atividade foi atender a necessidade de formação política de cidadãos, militantes, organizações e movimentos sociais que atuam tendo em vista a construção de uma sociedade mais consciente e igualitária.
Como se sabe, para que a transformação da sociedade aconteça é preciso que os sujeitos tornem-se conscientes da sua própria história. Como já disse o escritor uruguaio Eduardo GaleanoA primeira condição para modifica a realidade consiste em conhecê-la”. Por está razão, o CDH esta empenhado em oferecer aos iguaçuenses as próximas etapas do curso, logo no inicio de 2011.

Escola do MST recebe melhor nota do Enem por: Altamiro Borges



Nos últimos dias, a mídia demotucana tem feito um grande alarde contra o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Devido a falhas lamentáveis em algumas provas, ela decidiu transformar o assunto na sua primeira bandeira de oposição ao futuro governo Dilma Rousseff. De quebra, ainda presta um serviço à poderosa indústria do vestibular e às faculdades privadas. O Grupo Folha, dono da gráfica que imprimiu as provas irregulares, é um dos que mais fustiga o Enem.

Com sua cobertura enviesada e manipuladora, a mídia omite fatos curiosos do Enem. Um deles, que ela nunca divulgaria, é que a Escola Semente da Conquista, localizada no assentamento 25 de Maio, em Santa Catarina, foi o destaque do Exame Nacional em 2009, conforme noticiado na página oficial do Enem. Ela ocupou a primeira posição no município, com nota de 505,69.

Semente da Conquista

Nesta escola estudam 112 filhos de assentados, de 14 a 21 anos. Ela é dirigida por militantes do MST e os professores foram indicados pelos próprios assentados do município de Abelardo Luz, cidade com o maior número de famílias assentadas no estado. São 1.418 famílias, morando em 23 assentamentos. A primeira colocação no Enem foi comemorada pelas famílias de sem-terra.

A mídia, porém, nada falou sobre esta vitória. Segundo o sítio do MST, “essa conquista, histórica para uma instituição de ensino do campo, ficou fora da atenção da mídia, como também é pouco reconhecida pelas autoridades políticas de nosso estado. A engrenagem ideológica sustentada pela mídia e pelas elites rejeita todas as formas de protagonismo popular, especialmente quando esses sujeitos demonstram, na prática, que é possível outro modelo de educação”.

“A Escola Semente da Conquista é sinal de luta contra o sistema que nada faz contra os índices de analfabetismo e êxodo rural. Vale destacar que vivemos numa sociedade em que as melhores bibliotecas, cinemas, teatros são para uma pequena elite... Mesmo com todas as dificuldades, a escola foi destaque entre as escolas do município. Este fato não é apenas mérito dos educandos, mas sim da proposta pedagógica do MST, que tem na sua essência a formação de novos homens e mulheres, sujeitos do seu processo histórico em construção e em constante aprendizado”.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

ATIVIDADE DIA 20 DE NOV, NA UTFPR CAMPO MOURÃO

Campus comemora o Dia da Consciência Negra com atividades envolvendo Hip Hop

O Dia da Consciência Negra é comemorado no próximo sábado. A data do dia 20 de novembro foi escolhida por ter sido neste dia, no ano de 1695, que morreu Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares. Esta data foi estabelecida pelo projeto lei número 10.639, no dia 9 de janeiro de 2003.

No Campus Campo Mourão da UTFPR a data será comemorada com atividades envolvendo uma das manifestações culturais que está bastante ligada à história dos negros: o Hip Hop.

Na sexta-feira, dia 19, haverá intervalo cultural com Hip Hop no pátio do Campus, às 10h e às 15h30. No sábado a programação inclui apresentação musical, às 7h45; Exibição e discussão do documentário As Muitas Faces de Uma Cidade, com o professor Danilo George Ribeiro (SEED/PR e Centro de Direitos Humanos e Memória Popular de Foz do Iguaçu CDHMP), das 8h às 10h e oficina sobre Hip-Hop, ministrada por Eliseu Pirocelli (Mano Zeu), do Cartel do Rap de Foz do Iguaçu. As atividades do sábado serão realizadas no anfiteatro da UTFPR.

De acordo com o professor Emílio Gonzalez, um dos organizadores do evento, essa atividade faz parte do calendário acadêmico da UTFPR e está inclusa no currículo do curso Técnico Integrado em Informática. O professor Emílio ressalta que não só os alunos do curso técnico como toda comunidade está convidada a participar.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Consultores da Unesco criticam regulação da mídia no Brasil

Durante seminário internacional realizado no ínicio dessa semana em Brasília, Toby Mendel e Wijayananda Jayaweera, representantes da Unesco, disseram que o Brasil necessita de uma renovação no sistema regulatório das comunicações.
Os pesquisadores expuseram indicadores de desenvolvimento de mídias no Seminário Internacional Convergência de Mídias, que ocorreu na última terça (9) e quarta (10), em Brasília.
Dentre as críticas apresentadas ao sistema regulatório brasileiro está a necessidade de um órgão regulador independente, como há em Portugal. Ou seja, o sistema de concessões e outorgas para emissoras de rádio e tv não precisariam passar pelo Congresso e pelo governo Federal.

Mendel também disse considerar o sistema de concessão de outorgas pouco transparente. Ele frisou que o momento de renovação da concessão é importante avaliar o serviço prestado pela emissora. Contudo, no Brasil, a legislação praticamente faz com que as renovações sejam automáticas. Ela exige que para que uma outorga não seja renovada dois quintos do Congresso se manifeste contrário - e em votação nominal.

Outro ponto polêmico foi defendido pelos pesquisadores da Unesco foi sobre a regulação de conteúdo divulgado pelas emissoras. Enquanto veículos da grande mídia insistem em chamar o controle social de censura, Mendel insiste que essa regulação é importante devido ao impacto que os veículos de mídia geram na vida das pessoas.

Jayaweera e Mendel também apontaram que no Brasil ainda existem poucos veículos comunitários ocupando o espectro. Eles veêm na falta de financiamento uma das dificuldades para estimular esse tipo de mídia. Por isso, defenderam que o marco regulatório reveja as possibilidades de financiamento dessas emissoras como, por exemplo, a permissão para obter recursos com publicidade. Hoje, a lei de rádios comunitárias no Brasil, proibe essa prática.

Os consultores também notaram que faltam produções regionais e independentes nos veículos de mídia.

O seminário foi promovido pela Secretária de Comunicação e tem como principal objetivo obter subsídios para elaboração de um anteprojeto do novo marco regulatório da comunicação, a ser apresentado ao próximo governo. (pulsar/observatóriodacomunicação
)

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Considerações sobre a cobertura jornalistica no processo eleitoral

Dizia Gramsci em 1920: “O operário deve negar decididamente qualquer solidariedade com o jornal burguês. Deveria recordar-se sempre, sempre, sempre, que o jornal burguês (qualquer que seja sua cor) é um instrumento de luta movido por idéias e interesses que estão em contraste com os seus. Tudo o que se publica é constantemente influenciado por uma idéia: servir à classe dominante, o que se traduz sem dúvida num fato: combater a classe trabalhadora. E, de fato, da primeira à última linha, o jornal burguês sente e revela esta preocupação.” E Gramsci propunha o boicote aos jornais da burguesia.
Esse pensamento de Gramsci está mais atual do que nunca, essa lógica é palpável quando analisamos a cobertura da mídia corporativista das eleições, com uma fábula de mentiras, gafes e mensagens subliminares, a tal “neutralidade” e “imparcialidade” desapareceu, vou citar aqui alguns descaminhos jornalísticos que ocorreram durante o período eleitoral:
“AS CAPAS PASSIONAIS DA VEJA” (A PUBLICAÇÃO APRESENTOU NO PERÍODO ELEITORAL UMA SEQUÊNCIA PANFLETÁRIA DE CAPAS CONTRA O PT E DILMA ROUSSEFF E CHEGOU A APRESENTAR UMA IDENTIFICAÇÃO FOTOGRÁFICA ENTRE O PRESIDENTE LULA E FIDEL CASTRO. TENTANDO APONTAR QUE O BRASIL CAMINHARIA PARA OS RUMOS CUBANOS.
NA ULTIMA CAPA VENDO QUE TODA BAIXARIA NÃO SURTIA MAIS EFEITO, E TENDO A DERROTA COMO HORIZONTE TROUXE LULA EM UMA VERSÃO PRAIANA COM A FRASE “ELE SAIRÁ DA PRESIDÊNCIA, MAS A PRESIDÊNCIA SAIRÁ DELE?” APRESENTANDO AGORA UMA VERSÃO MAIS LIGHT.

DURANTE ENTREVISTA DE DILMA ROUSSEFF AO JORNAL NACIONAL (GLOBO), WILLIAM BONNER APRESENTADOR DO TELEJORNAL, FALAVA DE MANEIRA TÃO AGRESSIVA QUE NÃO DEIXAVA A CANDIDATA FALAR. ELE IRRITOU A PRÓPRIA MULHER, QUE LHE DEU UM CUTUCÃO EM REDE NACIONAL DE TELEVISÃO.
BONNER PERDEU A LINHA, EU SÓ IMAGINO A RAIVA DO EDITOR CHEFE DO JORNAL NACIONAL ALI KAMEL AGENTE DA DITADURA MILITAR QUE DEVIA INCENTIVAR ATRAVÉS DO PONTO PALAVRAS COMO “ATACA, MORDE”

AS MANCHETES DO JORNAL O GLOBO TAMBÉM MERECEM DESTAQUE: CHEGANDO AO DESRESPEITO DE PUBLICAR UMA FOTO DA CANDIDATA ADVERSÁRIA, DILMA ROUSSEFF, SOB AS LETRAS “FEDE” (CORTE DA PALAVRA “FEDERAL”, QUE APARECIA NUM BANNER AO FUNDO).

DURANTE O DEBATE NA REDE RECORD COM OS CANDIDATOS A PRESIDENTE PLÍNIO ARRUDA SAMPAIO-PSOL DEFERIU UM ATAQUE CONTRA a TELEVISÃO e o monopolio dos meios de comunicação NO MESMO MOMENTO ACONTECERAM “ FALHAS TÉCNICAS” DANDO UM APAGÃO NO PAINEL DO CANDIDATO.

NÃO ESQUECEMOS TAMBÉM DAS DUAS CARAS DA “FOLHA DE S.PAULO” O JORNAL FEZ JURAS DE AMOR A SERRA, MAS, QUANDO O TIME CHEGOU À ZONA DE REBAIXAMENTO, PULOU FORA E QUIS FAZER MÉDIA COM A TORCIDA ADVERSÁRIA, DENUNCIANDO A FALCATRUA DO METRÔ DE SÃO PAULO A CINCO DIAS DA ELEIÇÃO.

VALE RESSALTAR QUE A MÍDIA TEM DONO, O DONO PERTENCE Á UMA CLASSE E COMO CLASSE UTILIZA A IMPRENSA PARA A MANUTENÇÃO DO PODER.
O TRABALHADOR DEVE PONDERAR QUAIS MÍDIAS ESTÃO A SEU FAVOR, E QUAIS ESTÃO CONTRA, SABENDO O QUE DEVE OU NÃO ENTRAR EM SUA CASA.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

single na levada positiva grupo de RAP-Profecia da Fronteira

Single do grupo de rap de foz do Iguaçu [profecia da fronteira 3.0]
Formado: por, Thiago, Alexandre e Josué e contando com a produção
Do mano THIAGO(PESADELO) o grupo vem logo logo ai na cena
Com o tema Na levada positiva..

domingo, 31 de outubro de 2010

O amanhecer de um novo dia por: Valéria Barbosa

"O despertar do novo dia, 31 de outubro de 2010, veio com o canto da cigarra anunciando a força do trabalho desta nação. Foi preciso acordar e se benzer, pedindo a Toda força espiritual deste país proteção para o nosso povo.
São 06.00 horas, santo dia, santa hora, é preciso despertar todo o corpo além do olhar.
Necessito registrar a inspiração, pois com o saudar do dia com o canto da anunciação é impossível se manter deitada e perder a enxurrada de desejos de boas vindas ao novo presidente da nossa Nação.
Peço a Deus que proteja a escolha do nosso povo, que nas comunidades se acenda a chama da compreensão que é preciso desenvolvimento para dar um rumo a educação, desta forma nossas crianças poderão no futuro saber que uma mulher foi capaz de mudar a história por conta dos nossos votos.
Peço a Deus que a continuidade vá além do que já temos de força, força e coragem a Dilma já tem de sobra, o passado já registra o quanto está senhora foi contra o estabelecido, e o estabelecido na época era ditatorial. Hoje o nosso líder Lula, simples como os seres do mar, porém complexo como o respirar nas águas, modificou o retrato da desigualdade. Começou a pintar os morros e comunidades com o saber, a socializar as cidades dando luz para o povo, fartando a igualdade e despertando nesta gente poderosa o medo do confronto com as pessoas comuns.
Peço a Deus para dar discernimento ao destino deste nosso país, que Ele, entre no entendimento da maioria é concretize o desejo de ter um país melhor.
É preciso muito trabalho, principalmente na saúde que em nosso país anda adoecida, enchendo os corredores dos hospitais de agonia, deixando o chão dos mesmos em macas deitados os anciões da Pátria.
É preciso muito trabalho, mas mulher dá conta, estuda, trabalha fora, cuida da casa, dos filhos dos netos e ainda precisa por conta do olhar machista estar linda e com o semblante descansado sorrindo para toda a sua ação e platéia.
Desejo que haja paz neste dia, que Deus ilumine ao povo de nossa nação ao voto; registro do seu destino, registro do meu, dos meus filhos, família, comunidade, bairro, estado e país.
Traga para o nosso povo a verdade, traga para o nosso novo dirigente a lealdade com o desenvolvimento do seu povo sem esquecer que somos cidadãos do mundo como Luiz Inácio da Silva, “Lula”, consegui com a sua simplicidade e capacidade de grande articulador e diplomacia mostrar aos países do exterior o valor de um representante legitimo do povo brasileiro.
Peço a Deus que nos dê a honra de ter como presidente do nosso país, a Dilma, não permita que nada lhe tire este direito ao brilho, que a força empreendedora da mulher chegue de vermelho com o PT e com o brilho da alma maternal pela Pátria que de fato poderá utilizar o versos do nosso Hino Nacional que já demonstrava a feminilidade protegendo os nossos destinos.
A liberdade está no seio com o desafio ao nosso peito da própria morte da miséria, da falta de educação de uma saúde inadequada dos desmatamentos que os ignorantes persistem em tirar proveito.
Que possamos cantar, Oh Pátria amada, abençoada, já é de uma mãe que vai além do gentil, é firme, é guerreira, tem uma espada na mão como Iansã e vai defender este povo do domínio do poder.
Seja bem vinda senhora Presidente do Brasil, o tapete vermelho e teu, o coração vermelho deste povo é de quem irá transformar a cognominada minoria, pois a minoria já deitou em berço esplêndido e está indo de encontro à maioria dentro do contexto do desenvolvimento da nossa nação.
Que tenhas a capacidade de avançar nas políticas públicas deste país e que sejas a referencia de mulher no comando de uma nação.
Que Deus te abençoe."

sábado, 30 de outubro de 2010

SERRA E SUA CAMPANHA FASCISTA por: Emilo Gonzalez

Me assuta pensar o saldo negativo que desde já colheremos dessa campanha política. A julgar pelas pesquisas, quase metade da população brasileira se deixou levar, ingenuamente, pelos apelos fascistas transfigurados em discurso da "Moral" e "dos bons costumes" proferido pelo candidato José Serra. Em torno de sua candidatura, agruparam-se as forças mais conservadoras e retrógradas da política, imprensa e das instituições religiosas brasileiras. Padres que defendem a prática medieval da beatificação de santos e que apoiaram o golpe militar de 1964; um pastor canastrão, vendedor de biblias na madrugada, e que diz que o homossexualismo é uma aberração comparável à Zoofilia (Silas Malafaia); Imprensa historicamente golpista, e que na década de 1960, articulou e comemorou o golpe militar (Estadão, Organizações Globo, etc); políticos herdeiros do espólio da UDN, PSD e TFP, os mesmos que conclamam a sociedade a se mobilizar em torno da defesa da Familia e da Tradição... Esse, por acaso, era o mesmo discurso do Mussolini, na Itália. Defendia os "verdadeiros valores cristãos" da sociedade italiana; seu parceiro totalitário, Hitler, de maneira análoga, combatia o "anticomunismo ateu", em nome dos valores da família alemã... Num comício, nesta semana, o Serra disse à sua plateía que buscasse mais votos, e acrescentou: "Meninas bonitas precisam conseguir mais votos. Mandem mails para seus pretendentes. Diga que se votarem em mim, terão mais chance com vocês!".
É, Serra... esse foi um recurso muito usado pela juventude hitlerista. Como explicava Wilhein Reich, você atrai o jovem a partir daquilo que ele tem de mais fraco: sua pulsão sexual. Depois, o movimento faz o resto.

Ou alguém acha que o Hitler, quando subiu ao poder, não preparou meticulosamente suas forças, agrupando em torno de si as forças mais conservadoras e reacionárias da Alemanha?

O Serra diz que a Dilma não tem proposta, mas no fundo, ELE quer ser o que não é; diz que não irá privatizar nada, e que, inclusive, irá reestatizar bancos; diz que o bolsa-familia é dele; também afirma que a melhoria de qualidade de vida do brasileiro se deve à estabilidade econômica alcançada no governo que ele participava e tal (FHC/PSDB).

Para quem não sabe, nas eleições de 1989, a coalizão "neoliberal", apoiada massivamente por uma desesperada imprensa reacionária, elegeu Fernando Collor contra o PT, de Lula; O vice-presidente era um certo Itamar Franco. Impedido de continuar o mandato, em 1992, assume Itamar Franco, que logo nomeia como Ministro de Economia Fernando Henrique Cardoso. FHC ratifica reformas iniciadas na pauta neoliberal do governo Collor (privatizações, demissão de funcionários públicos, corte de gastos públicos e investimentos, etc) e se elege presidente. Eleito, chamou Serra para ser seu ministro, e começa manobras para comprar deputados afim de mexer na Constituição e garantir a emenda da reeleição. O líder do PSDB no Senado, Eduardo Azeredo, auxilia, criando um esquema de desvio de dinheiro público para comprar deputados o famigerado MENSALÃO. Nada se investiga, tudo se engaveta...

Apesar de dizer o contrário, Collor, Itamar Franco, FHC e Serra representam exatamente o MESMO PROJETO: neoliberalismo, desemprego estrutural, corte de gastos públicos, favorecimento ao capital externo, taxas de juros altíssimas, impostos e mais impostos (como a CPMF), repressão aos movimentos sociais e perda de direitos trabalhistas; tudo, é claro, de modo a "atrair" o capital financeiro para investir (leia-se: explorar barato) o Brasil.