sábado, 10 de dezembro de 2011

Cale-se! (a nossa voz silenciada na Câmara de Vereadores)

















Faz 63 anos que a humanidade criou no dia 10 de dezembro de 1948 a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Era uma reação à barbárie representada pelos horrores da Segunda Guerra Mundial.
Se engana quem diz que a luta pelos direitos humanos é ultrapassada. Infelizmente ainda não é, e não será até que se possa afirmar que existe liberdade e a garantia do acesso livre para todo cidadão aos direitos estabelecidos em comum acordo por muitos países das mais diversas
culturas.
Eis que em mais um 10 de dezembro, a luta pelos Direitos Humanos nunca foi tão atual. O Brasil é o segundo pais da América latina em numero de homicídios com uma média de 43 mil e 909 por ano, ficando atrás somente da Colômbia. Quanto a Foz do Iguaçu nem se fala. Há toda uma geração que nem consegue chegar à vida adulta, Seguindo o levantamento da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, em parceria com o UNICEF, Foz do Iguaçu lidera o Índice de Homicídios na Adolescência (IHA) que expressa o número de adolescentes que, tendo chegado à idade de 12 anos, não alcançará os 19 anos porque terá sido vítima de homicídio. Temos uma juventude sem expectativa de vida que não consegue viver sem encarar a cadeia ou a morte. Por isso, é tempo, mais do que nunca, de renovação das nossas forças para insistirmos na luta árdua por igualdade e na valorização dos direitos fundamentais.
Na cidade de Foz do Iguaçu desenha-se um cenário perigoso, influenciado pelo sensacionalismo e partidarização inconsequente da grande mídia e de setores das elites dirigentes, baseado no discurso da tolerância zero. A cidade passa por uma militarização. Tal discurso legitima mecanismos aviltantes como a ação de grupos de extermínio, superlotação e abusos permanentes nos cárceres, repressão aos camelôs, recolhimento forçado da população de rua, remoção de favelas, além de transgressões desumanas, como torturas, autos de resistência forjados e chacinas que se tornaram parte do cotidiano da cidade.
Entretanto, na contracorrente, parcela significativa da sociedade compreende que a repressão policial e penal não é uma solução estrutural para os problemas sociais, pelo contrário, tem a finalidade de preservar as injustiças sociais.
Lembrando que nos trinta artigos da declaração universal, a palavra liberdade é a que mais se repete. Infelizmente o número de carceragem triplicou nesse país e já temos a terceira maior população carcerária do mundo. Liberdade palavra tão vital para vida humana foi prostituída, esvaziada e deturpada pelas relações de desigualdade, a única liberdade que se prevaleceu nessa sociedade foi a de comércio, liberdade de empresa e liberdade de consumo, ela só existe para os detentores de grandes patrimônios e propriedades esse direito se tronou um privilegio na América latina.
Para o cidadão comum a liberdade cheira a sangue, a suor e lágrimas. No Brasil, ainda há tortura. Falta escola, hospital, casa, segurança, cultura e lazer. Pessoas ainda desaparecem ou sofrem execução sumária. E quem enfrenta toda essa barbárie e a falta de liberdade é, especialmente, a população pobre, negra e favelada.
Em Foz do Iguaçu nesse ano de 2011 os trabalhadores tiveram sua liberdade cessada com o aumento abusivo da tarifa de ônibus, o monopólio das empresas de transporte coletivo arrancou dos cidadãos comuns o direito de se locomover na cidade, hoje o trabalhador não consegue ter livre acesso à cidade, por que não pode pagar por essa tarifa.

A luta por direitos humanos tem avançado no Brasil, contra a descrença nessa luta há de lembrar, ou melhor, não se deixar esquecer o acúmulo das conquistas das últimas décadas, como a elaboração do Programa Nacional de Direitos Humanos-3, Criação de Comissões Internacionais de Direitos Humanos, criação da defensoria pública no Estado do Paraná, criação da Comissão da memória e da Verdade, contra a redução da maioridade penal, discussão sobre reabertura dos arquivos da ditadura, fortalecimento da Anistia Internacional, tudo isso a partir da própria assinatura da Declaração Universal.
Desde 1948, Chefes de Estados de diversos países prometeram lutar por moradia digna, contra o trabalho escravo, por educação de qualidade, contra a corrupção na política e governamental além de diminuir a produção bélica. Porém, 63 anos depois vale ressaltar que pelo menos no Brasil a luta por esses elementos preciosos a dignidade humana tem que ser retomada para isso é necessário a articulação dos movimentos sociais com a sociedade organizada, é importante também vontade politica de nossos parlamentares de todas as esferas para conseguimos fazer a nossa parte na construção, se não do mundo, mas pelo menos de uma Foz do Iguaçu menos sangrenta. Quem sabe assim ela se tornará uma cidade melhor para todos e não só para alguns.
Promover politicas publicas na defesa de direitos humanos é fundamental no que se refere a uma nova compreensão da humanidade em torno de que a violência não pode aparecer na sociedade como algo natural. É necessário que o Estado Brasileiro, e o Município de Foz do Iguaçu coloque a defesa dos direitos humanos com centralidade na agenda pública.
O Centro de Direitos Humanos e Memória Popular de Foz do Iguaçu destaca que direitos humanos são muito mais do que direitos civis e políticos. Vários Tratados, Pactos e Convenções internacionais articulam o que é hoje conhecido como o Direito Internacional dos Direitos Humanos, que protege direitos de várias dimensões: civis, políticos, econômicos, sociais, culturais, ambientais, de solidariedade dos povos, entre outras.
Por isso a sociedade não pode tolerar a violência e crimes contra mulheres, gays, lésbicas, grupo de camponeses, indígenas, afrodescendentes, sindicalistas, lideres comunitários, ambientalistas, imigrantes, feministas, jornalistas, estudantes e todos defensores e defensoras de direitos humanos que se expõem na luta, devem contar com o respaldo midiático, e a proteção do Ministério Público, melhorando a situação dos que vivem sobre circunstâncias de ameaças.
Nós, do Centro de Direitos Humanos e Memória Popular de Foz do Iguaçu, compreendemos os direitos humanos não somente como princípios da Declaração Universal, mas como um processo de lutas sociais que visa a radicalização da democracia.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

HIP-HOP NA UTFPR-DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA

ENSAIO FOTOGRÁFICO DE CARLOS LATUFF EM VIAGEM AO PARAGUAI DIVULGANDO AS MAZELAS GERADAS PELO LATIFÚNDIO. ACOMPANHARAM NA EXPEDIÇÃO, DANILO GEORGES,ALLAN CAMARO E RAFAELL PORTILLO.

http://operamundi.uol.com.br/fotos/index/data//assunto//texto/2/page/1.shtml

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Marcelo Freixo nunca mais será um Por Leandro Uchoas

A prisão não são as grades, e a liberdade não é a rua; existem homens presos na rua e livres na prisão. É uma questão de consciência.”(Mahatma Gandhi)

O que me fascina é saber que ele vai voltar. Que vai resistir, brigar, enfrentar, combater, até o fim. Saber que os facínoras, escondidos nos ambientes escuros e manchados de covardia, ainda o ameaçarão – e ele, com a coragem irreprimível dos homens de bem, não arredará um passo. Fascina saber que, do seu lado, estaremos os justos, os que não têm medo, os que querem doar tudo de si para transformar essa insanidade em um país. E estaremos mais fortes, porque a dor une as famílias, e já faz algum tempo que nos tornamos irmãos. O que me conforta, portanto, é a certeza disso. Marcelo Freixo nunca mais será um. Somos todos.
Um deputado, na cidade que há de abrigar Olimpíada e final de Copa, deixou o país, ameaçado de morte por uma máfia. Isolada, essa afirmativa já seria trágica. Mais ainda se torna tratando-se de um parlamentar da qualidade de Marcelo Freixo. Mais ainda se torna tratando-se de um amigo. Defendê-lo, hoje, é defender o Brasil, a democracia e a liberdade. Isso é o que todos precisam entender. Não clamamos apenas por um homem, embora também o seja.
Sabe qual é o segredo dessa gente? É uma faisquinha que têm dentro de si, chamada popularmente de “sonho”. Vista de longe, essa faisquinha parece inofensiva, até infantil. Mas é capaz de mover o mundo inteiro, e rechear de grandeza uma história de vida. E todos nós, se procurarmos, a encontraremos dentro de nós. Marcelo Freixo não é um herói. Apenas cumpre seu compromisso público, tecendo seu caminho desta faisquinha, o sonho.
Em meio a seus seguranças, ou viajando forçosamente pela Europa, Marcelo é mais livre do que os ridículos tiranos que atentam contra sua vida. Porque não é livre aquele que depende do poder da violência, ou da potência enganosa do dinheiro. Livre de verdade é o que pinta sua vida com o pincel mágico dos idealistas, e o que a constrói como um mosaico de sonhos, e dedica cada segundo às coisinhas simples em que crê. Por acreditar nisso, Marcelo deu um passo além. Não são todos os que conseguem fazer da política uma poesia.
Nesse momento, Marcelo Freixo está voando pra longe. Eu acho que ele foi buscar futuro. Estava mesmo precisando. A flor que hoje enfeita sua casa não é bela, mas segue sendo uma flor. Ele deixou claro, desde o início, que vai retornar, porque tem uma linda história de amor com a vida. Quando voltar, eu e tantos outros estaremos ao seu lado, sem personalismos ou mistificações, mas lutando pelas mesmas causas, arando a mesma terra, buscando os mesmos frutos, enfrentando os mesmos tiranos. Em verdade, ele jamais voltará a ser um. Agora, todos somos Marcelo Freixo. Nenhuma bala nos calará.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Entrevista com Danilo Georges Professor de História e Ciências Sociais de escolas de ensino médio de Foz do Iguaçu.3 de novembro de 2011, para a Rádio Santa Marta e o blog visão da favela Brasil.
Por Natalia Urbina


segue o link:http://www.visaodafavelabrasil.com.br/entrevista-com-danilo-georges-professor-de-historia-e-ciencias-sociais-de-escolas-de-ensino-medio-de-foz-do-iguacu














FAIXADA DO MERCADO YCUÃ BOLÃNOS EM ASSUNÇÃO AONDE MAIS DE 400 PESSOAS MORRERAM POR NEGLIGENCIA DO DONO DO ESTABELECIMENTO QUE FECHOU AS PORTAS DURANTE UM INCENDIO QUE TOMAVA CONTA DO SUPERMERCADO, COM MEDO DE QUE AS PESOAS FUGISSEM SEM PAGAR PELAS MERCADORIAS.

"OS TRABALHADORES NÃO ESQUECEM OS SEUS MORTOS"

terça-feira, 1 de novembro de 2011

TEXTO SOBRE ATO BELO MONTE EM FOZ.

IMPORTANTE TEXTO SOBRE O ATO EM FOZ CONTRA A BELO MONTE.
AGRADEÇO AO JORNALISTA JACKSON LIMA PELO MATERIAL.
http//blogdefoz.blogspot.com/2011/10/ato-publico-belo-monte-nao-foz-presente.html

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

PAIXÃO E REBELDIA, O COMPANHEIRISMO REVOLUCIONÁRIO DE NÁDIA NUNES E ROBERTO FRONTINI.

Danilo georges

Nadia Nunes 62 anos, camponesa criada no interior do Rio Grande do Sul. Trabalhou de doméstica desde os 18, quando Fugiu de casa. Foi alfabetizada aos 25 anos, não aprendeu somente a lê e escrever palavras. Mas a construir, pensar e participar politicamente. Nunca Frequentou uma escola, jamais teve um professor formal.
Foi educada inicialmente com a pedagogia patriarcalista. Aprendeu desde cedo a temer o seu pai. Homem rude, de coração calejado, prenderá Nadia no cativeiro do machismo, do sexismo, tentou criar uma menina de forma desumana, escrava do poder patriarcal.
A vida de Nadia sempre fora uma batalha, ao romper ainda jovem com o patriarcalismo realizou a primeira de muitas transgressões.Fugindo da opressão em casa encontrou Roberto Frontini guerrilheiro da Vanguarda Revolucionária Popular.
Ele Vivia na época Clandestino encontra-se tão frágil como ela, pois fugia do mesmo fantasma do autoritarismo, ela do regime patriarcal e ele da ditadura militar. Os dois não aceitaram viver sob o medo. E buscavam resistir e construir novos caminhos. Ela uma mulher afável, sensível e emocional. Ele destemido, corajoso e seguro.
Os dois necessitavam de amizade e companheirismo.Nutridos pela paixão emanciparam sua natureza humana.Nadia começara finalmente a ser tratada como uma mulher, seus gostos, desejos e anseios eram agora compartilhado. Ela renasce, não era mais uma mulher omissa e amedontrada, não se sentia mais solitária encontrara um homem amigo, irmão e terno.
Roberto nunca caminhou a sua frente, a suas costas, nunca ao seu lado, sempre estiveram juntos.Viveram um amor pleno nos tempos sombrio da ditadura militar.
A paixão fora interrompida com a prisão de Roberto em Porto Alegre. Desesperada aquela moça que recém tinha aprendido a lê e escrever com os companheiros da VPR, juntava dinheiro lavando roupas para famílias da cidade. Ela já havia herdado de Roberto um grande espírito coletivo e a certeza de que jamais se renderia a fragmentação individualista da sociedade capitalista. Nadia se tornara destemida e solidária seguiu os passos revolucionários do companheiro.
Dessa forma a camponesa não carregava somente no corpo e na alma sua cicatriz pessoal do desaparecimento dele, e sim um sentimento amplo e coletivo que unia homens e mulheres comuns.Levava em seu peito os anseios de uma juventude que fora proibida de sonhar e padecia com o abuso ditatorial.
No dia em que os milicos levaram Roberto ela queria morrer.Mas como uma mulher forte, de fibra, viveu intensamente na busca do companheiro.Após passar por diversos quartéis, repartições,tribunais e necrotério percorrendo três estados atrás dele, ela sofreu uma metamorfose buscando o seu companheiro encontrou-se a si. E agora só quer aquilo que Roberto queria.Construir um novo mundo e consolidar a utopia.
O casal Nadia\Roberto, resistindo a tirania construíram juntos uma vida nova que aqueceram o calor de suas fantasias, criaram uma saga de companheirismo partilharam o mesmo pão, e respiraram o mesmo ar.Carregam desde a década de 1970 a certeza de que jamais iriam se separar.
Nadia e Roberto envelhecem juntos hoje no interior da Argentina, e vivem cotidianamente um amor solido e libertário, uma relação que compreende a ternura, conquistaram juntos a paz que humanidade tanto necessita. Hoje celebram a liberdade conquistada, mas que namorados, Marido ou esposa, são cúmplices e vivem um amor perene em constante libertação.
Deixaram aos jovem um importante legado de que Ninguém é feliz sozinho, e todos se libertam em comunhão.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

tenho andado muito pessimista ultimamente, isso é complicado demais, não ha nada mais anti-revolucionário que o pessimismo... se perdeu a capacidade de sonhar perdeu a capacidade de lutar... quem roubou meus sonhos e minhas utopias a quero te volta... urgente!!

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

A VERGONHA PARTIU


(Carlos Latuff)

Vossa Excelência, estou de malas prontas.
Eu, a Vergonha, vou sair de vez de sua personalidade.
Afinal, desde que começou a subir em palanques,
não tive mais qualquer utilidade.

Fui deixada nos mais escuros escaninhos de seu íntimo.
Nunca pude esquentar sua face toda vez que uma mentira saía de sua boca.
Porque a madeira de que é feita sua cara, é fria demais pra pegar fogo.

Aprisionada por tanto tempo nesse corpo
revestido de paletós e gravatas
acabei encontrando por acaso
sua consciência no caminho.

Está morta, só resta um leve esqueleto.
Por isso mesmo é que ela nunca pesa toda vez que negocias as almas do povo.

Por isso, Vossa Excelência, antes que eu também morra,
nas masmorras de seu caráter obscuro,
é que eu, a Vergonha, me mudo daqui,
direto pro coração do camponês e do operário,
porque sei que eles levam muito de mim em seus rostos,
já que suas mãos foram sujas apenas por barro e graxa,
e não por dinheiro.



quinta-feira, 18 de agosto de 2011

A Luta por verdade e justiça em Foz do Iguaçu

Em 2007, iniciou-se um debate no Brasil sobre o tema da “Justiça de Transição”, conceito aplicado pelo Conselho de Segurança da ONU que reúne quatro práticas para lidar com o legado deixado por regimes de exceção. São elas: a reforma das instituições para a democracia, o direito à memória e à verdade, o direito à reparação e o adequado tratamento jurídico aos crimes cometidos no passado.

O que se debate hoje no País é que tortura e desaparecimento forçado são crimes de lesa-humanidade, imprescritíveis. Não podem ser objeto de anistia ou autoanistia. A Lei de Anistia brasileira, promulgada em 1979 (ou seja, ainda sob a égide do regime militar, existente entre 1964 e 1985), impune ao mesmo tempo as vítimas da ditadura e os responsáveis pelos crimes de tortura e desaparecimento forçado.

O Brasil é o único país da América Latina que ainda não julgou criminalmente quem torturou e matou. Ao longo de 21 anos de regime autoritário, vicejou aqui um sistema repressivo estimado em 24 mil agentes que, devido a razões políticas, prendeu cerca de 50 mil brasileiros e torturou algo em torno de 20 mil pessoas (uma média de três torturas a cada dia de ditadura), revela a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.

Foz do Iguaçu – Um grupo de pessoas conscientes dessa situação tomou a iniciativa de colocar essa discussão na ordem do dia. O coletivo, sob iniciativa do Centro de Direitos Humanos e Memória Popular (CDHMP), reúne militantes sociais, universitários, estudantes do ensino médio, sindicalistas, entre outros ativistas contrários ao esquecimento das crimes contra a humanidade.

Para tanto, este grupo está organizando uma série de atos públicos, entre os quais um dia de protesto às homenagens prestadas aos criminosos de ontem em nossa cidade. Vamos dizer em alto e bom som que o marechal Castelo Branco, o general Costa e Silva e o general Costa Cavalcanti, violentaram os direitos fundamentais da pessoa humana.

O município também produziu seus personagens durante a ditadura militar, entre eles o coronel Clóvis Cunha Vianna. O coronel foi prefeito nomeado de Foz do Iguaçu durante longos nove anos. Durante quase uma década à frente da prefeitura, foi alvo de denuncias de corrupção e de violação de direitos políticos.

As jornadas que irão culminar com a ação de protesto contra a nominação de espaços públicos homenageando os criminosos de ontem é um esforço iguaçuense de um construir permanente de uma sociedade democrática, onde os direitos humanos sejam respeitados em sua plenitude.

Mais infos
Facebook: Tortura Nunca Mais Foz
Twitter: @torturanmfoz

domingo, 31 de julho de 2011

AUTOREFLEXÃO

"tenho recebido as críticas dos amigos e camaradas como incentivo. Para que eu venha a ser o que tenho consciencia do que ainda não sou, uma pessoa mais humana, solidária e pura"

terça-feira, 26 de julho de 2011

Falsos Ídolos

É comum observamos nomes de personalidades (sujeitos, pessoas...) em bairros, cidades, escolas, hospitais e rodovias de todo o país. O questionamento que queremos fazer é: Quem são essas pessoas que estão com seus nomes expostos, quais foram suas contribuições para a sociedade? Quem escolheu esses nomes para os espaços públicos? Quais são seus interesses? todas estas pessoas realmente merecem ser homenageadas? E, será que a população conhece as ações que tais homenageados realizaram? Neste texto buscaremos explorar a história de alguns homenageados na cidade de Foz do Iguaçu, tais como: Presidente Castelo Branco, Ministro Costa Cavalcanti e Presidente Costa e Silva.

Fazendo um breve resgate histórico, podemos citar que no ano de 1964 o Presidente João Goulard defendia a reforma de base que mudaria as estruturas agrárias, econômicas e educacionais brasileira. O então presidente que assumia esse governo daria abertura para as organizações sociais, estudantes, trabalhadores e movimentos sociais participar da vida política do país. Com medo de um suposto golpe comunista, após alguns dias de comício na central do Brasil no Rio de Janeiro os militares da chamada linha dura deram um golpe tomando posse do governo brasileiro, instituindo assim uma ditadura-militar.

Os militares financiados por banqueiros, empresários e setores da classe média começam a se preocupar com a ideia de frear avanços sociais no país. A Ala conservadora brasileira organizou uma manifestação, chamada: Marcha da Família com Deus da Liberdade. Reunindo milhares de pessoas saíram às ruas em São Paulo. Em março de 64 militares de Minas Gerais e São Paulo vão as ruas. João Goulart então se refugia no Uruguay para evitar uma guerra civil, assim, quem assume o governo brasileiro é o General Humberto de Alencar Castelo Branco [Castelo Branco].

Castelo Branco foi eleito pelo Congresso Nacional no mês de abril de 64 e ficou no poder até 1967. Prometeu defender a democracia, mas o que ocorreu foi contrário, um governo mais autoritário do que nunca, responsável por prisões e torturas; estabeleceu eleições indiretas para presidente além de dissolver os partidos políticos; vários parlamentares estaduais e federais tiveram seus direitos políticos e constitucionais cancelados; os sindicatos receberam intervenções do governo militar.

No que concerne a dissolução dos partidos políticos, Castelo Branco acabou com os partidos tradicionais da época PSD, PTB, UDN, e institucionalizou dois partidos a ARENA [Aliança Renovadora Nacional] partido do governo que apoiava a ditadura e o MDB [Movimento Democrático Brasileiro] que seria o partido de “oposição”, nesse caso o governo militar queria mostrar uma aparência democrática. No inicio de 1967 os militares impõem uma nova constituição que legitima o regime militar e suas atuações.

Ainda no mesmo ano de 1967 quem assume o governo é o general Arthur da Costa e Silva [Costa e Silva], eleito indiretamente, governou até 1969. Nos anos que governou o Brasil enfrentou muitos manifestos de estudantes ligados a UNE [União Nacional dos Estudantes], de trabalhadores fabris que paralisaram suas atividades e de movimentos sociais. Nesta época, o governo passou a ser mais repressivo com perseguições, repressões, toques de recolher, torturas, cassação de políticos e junto a isso tudo instaurou Ato Institucional número 5 [AI-5], por sua vez daria o início aos “anos de chumbo”.

Na sexta-feira do dia 13 de dezembro de 1968 entra em vigor o AI-5 [Ato Institucional nº5], considerado o pior de todos; nesse ato o governo proibia toda forma de manifestações de natureza política, além de vetar o "habeas corpus" para crimes contra a segurança nacional (ou seja, crimes políticos). Além de conceder ao Presidente da República grandes poderes, tais como: fechar o Congresso Nacional; demitir, remover ou aposentar quaisquer funcionários; cassar mandatos parlamentares; suspender por dez anos os direitos políticos de qualquer pessoa; decretar estado de sítio; julgamento de crimes políticos por tribunais militares entre outros domínios.

Já o Ministro Costa Cavalcanti, como é conhecido foi um dos opositores ao governo João Goulart, eleito como deputado pela UDN [União Democrática Nacional] ajudou a articular a candidatura do Costa e Silva. Logo foi nomeado Ministro das Minas e Energias em 1967, foi um dos integrantes que aprovou o AI-5, no endurecimento do regime militar. Em Abril de 1974 foi nomeado diretor geral da Itaipu Binacional pelo Presidente Ernesto Geisel ficando no cargo até o ano de 1985, no fim do governo João Figueiredo.

Por meio deste breve relato, notamos que três grandes protagonistas da ditadura militar no Brasil, usaram e abusaram dos poderes que tiveram em mãos em benefício de poucos. Usando da opressão, repressão, perseguição, torturando, invadindo casas sem mandato, infligindo a dignidade humana. O estranho e questionável nesta situação é ver o nome dessas pessoas em ruas, colégios, hospitais e praças. Como podem homenagear pessoas que foram totalmente contra a democracia, a liberdade, e o direito de expressão? Apenas defendendo interesses próprios e de uma classe conservadora e reacionária.

O importante é pensarmos quem realmente merece ser homenageado em nossas ruas, praças, hospitais e colégios, pois homenagear significa: reverenciar, celebrar, venerar, fazer reverência, e respeitar. Onde está gravado os nomes daqueles que lutaram e lutam pela liberdade, estudantes, trabalhadores artistas, os Luizes, Olgas, Joãos, Marias, Josés, Terezas. Esses sim merecem nossa reverência, veneração e respeito.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

MEDO OU RESPEITO NA SALA DE AULA? ASPECTOS AUTORITÁRIOS NA EDUCAÇÃO FORMAL.

Na próxima semana termina o 1° semestre nas escolas, meio ano já se passou e se passaram nesses meses Grécia, Roma, feudalismo, Brasil colônia entre outros tantos temas.Mas algo ficou a vontade de repensar a sala de aula, o ensino, os alunos e a educação. Muito me entristeceu semana passada quando pedi no ensino médio para os alunos escrevem livremente sobre o que acham das minhas aulas, dos meus métodos de ensino, disse que poderiam escrever e me avaliar livremente, a turma ficou atônita, surpresa com a possibilidade de avaliar o professor, alguns perguntaram se eu estava falando sério? Outros questionaram se eu iria punir os que fizessem críticas, uma aluna me disse professor vai valer nota? No meio daquele turbilhão fiquei desnorteado, pensei o que há de errado, por que a surpresa em avaliar o professor, relembrei dos ensinamentos de Paulo Freire a autoridade do professor não pode ser confundida com o autoritarismo, medo não é respeito! E percebi quantos os meus alunos ficaram temerosos em me avaliar, esperando que seria uma forma de puni-los, alguns chegaram a dizer em que os alunos não podem julgar o professor e avaliá-lo, eu respondi então só eu tenho direito de avaliar vocês é isso? Mas tal professor disse que os alunos não podem questionar o professor, fiquei sem chão, a lógica formal de educação reconhece no professor a autoridade legítima, o aluno vê-se diante da alternativa de obedecer e se submeter aos caprichos do professor, ele deve se colocar em um patamar acima e se estabelecer como o dono da verdade e impor que os alunos aceitem passivamente as informações e conteúdos que ele repassar.

Comentei sobre o caso com um amigo professor ele disse “você é louco em fazer isso, os alunos vão achar que você é inseguro e vão espalhar por ai que você não se garante como professor e outra se tiverem algum problema a coordenação irá lhe informar...” Se garantir então é fortalecer a mentalidade autoritária do professor só ele avalia, só o professor pensa a aula, só ele sugere, só ele ensina. Se não há questionamento não á educação, devo então ser seguro e violar a liberdade do aluno em opinar no andamento da disciplina, uma disciplina que meche com a preciosidade do tempo da sua vida, devo reprimir o aluno critico, ameaçá-lo e depois reclamar que hoje os jovens não vão mais para ruas, não lutam por direitos e etc? Ou procuro uma postura cômoda se houver problema a coordenação me chama, mas não garanto direitos dos alunos em participa e nem transformar as aulas.

Educar é uma tarefa árdua e sublime, mas sem a participação dos alunos, seus questionamentos, suas criticas não há educação, há somente a inserção de uma mentalidade fatalista aonde os alunos com medo da figura autoritária do professor se neguem a discordar, repensar, criticar e apontar outros caminhos, pois caso façam isso o professor poderá punir. Tira-lo da sala ou baixar tirar sua nota.

Qual deveria ser a atitude do aluno quando percebe que o professor não preparou a aula daquele dia, ou não formulou adequadamente as questões da avaliação, e exige conteúdos não trabalhados em sala de aula (ou não discutidos como deveria); ou, ainda, pede trabalhos sem explicar o que realmente deseja?, Esse aluno deveria questionar, e colocar essas questões para o professor, mas isso jamais será feito com essa imagem despótica do professor, os alunos devem sim indagar o professor, fazer sugestões e debater e o professor cabe a tarefa de descer do seu pedestal de superioridade e de aprender a aprender com os alunos.

No amanhã muito desses alunos estarão reproduzindo esse ar autoritário estando em postos mais elevados destilando a superioridade patronal, e muitos desses alunos aprenderam a ficarem de cabeça baixa pois estarão abaixo desses na pirâmide social, ou nós professores pensamos em uma educação libertária e emancipadora ou a sociedade estará fadada a viver com medo sendo refém do autoritarismo patronal, e esse com certeza se legitima com o autoritarismo professoral.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

memórias de socialistas sem vergonha

Chegava em um morro no Rio de Janeiro, um grupo de jovens militantes que propunham um trabalho social naquele lugar. Ao se apresentar ao líder comunitário um dos jovens disparou “boa tarde, sou Jonathan Marxista, leninista, trotskista”. O líder comunitário respondeu eu sou Zé Beto eletricista e sem mais ista.

Em um showmício eleitoral qualquer, um jovem começou a discursar sobre a Obra de Engels “A Sagrada Família”. O jovem não reparava que o público não conhecia aquela leitura, pois falava para um público popular.
Ao citar a sagrada família uma senhora que carregava uma criança no colo, cutuca uma moça ao lado e diz “viu, não falei que ele era crente”.

Certa vez um intelectual renomado de uma universidade federal que participava de um ato contra a violência do Estado em uma favela disse: “o povo daqui é muito alienado, nós temos que vir aqui dirigir as massas”. Um bêbado que ouvira aquela frase interviu: “eu também dirijo as massas”. O intelectual encucado disse desconfiado: “é mesmo”? Ele: “Sim. Trabalho de moto taxista em uma pizzaria dirigindo as massas”.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

CONTOS, CONTAS, CANTOS E CRÔNICAS


Vida nossa de todos os dias

Seu Oscar era mais um daquelas pessoas invisíveis na qual a sociedade fingi, não vê, vivia sujo, fedido e com uma aparência cansada. Como viera do Chile de forma clandestina não tinha nenhum documento do Brasil, não chamava atenção nem dos programas assistencialistas do governo, dessa forma virou catador de reciclados na região de três lagoas, uma das maiores regiões periféricas de Foz do Iguaçu.

Vivia empurrando um carrinho feito por ele próprio, de madeira, com dois pneus de carro, seu trabalho era exaustivo, também não era para menos, o calor consumia suas energias, os termômetros da cidade apontaram naquele verão de 2007 para os 40° graus.

Tinha uma rotina puxada de segunda a sábado acorda ás 05h30min da manhã, e volta as 18h00min para casa. Caminha pelas ruas e junta o máximo de lixo encontrado nas ruas, juntava aquilo que a sociedade não consome, seu Oscar não catava somente materiais reciclados; também catava sonhos, sonhava em encontrar algum material valioso em meio ao lixo que revirava , chegou a levar alguns objetos para casa, mas seu tesouro em meio ao lixo nunca foi encontrado.

Mais um dia sua vida iria mudar era o que ele repetia para si mesmo. Rezava todos os dias quando acordava, e tinha esperança que um dia sua situação miserável melhorasse, foi assim por mais de 15 anos, sua fé era inabalável carregava uma imagem de santo Expedito em seu carrinho de cata-reciclados. Santo expedito é conhecido como "o santo das causas urgentes” e para seu Oscar era necessário o quanto antes sair daquela situação.

Na realidade ele tinha um bom e justo motivo para ter fé, lutou na década de 70, em um movimento revolucionário no Chile, escapou de diversas emboscadas promovidos pela repressão do governo de Pinochet, o que foi uma das mais sanguinárias ditaduras da América – latina.

Andava armado como de praxe com sua pistola a qual chamava carinhosamente de Violeta, primeiro nome da sua heroína a cantora que escutava e sonhava namorar durante a adolescência rebelde no Chile, Violeta Parra.

Violeta era um nome que tinha um grande significado em sua vida, pois tudo que tinha atualmente era resumido nesse nome, alguns vinis da cantora conhecida pelo seu tom de protesto e sua velha pistola, andava sempre em companhia da Violeta segunda, pois tinha uma síndrome de perseguição, um trauma que herdara da vida de fuga e de acossamento.

Um dia parece que santo expedito ouviu suas orações e seu destino começara a mudar, catava lixo na frente do posto da Texaco, como faria diariamente, o dono do posto seu Sérgio, após ficar sabendo que seu Oscar tinha sido um guerrilheiro e portava uma arma, fez uma posposta para ele fazer a segurança do posto, não que Sérgio seja uma pessoa bondosa, generosa e que partia seu coração ao vê aquele senhor revirar os lixos do bairro, mas como um bom burguês pensava na defesa da sua propriedade.

O posto Texaco fora muitas vezes assaltado e acreditará que por seu Oscar ter uma fama de rebelde, ligado á um passado de revolução armada assustaria a malandragem daquela região, designando o mesmo para a segurança do local.

Assim Oscar ganhará desde que chegou ao Brasil a primeira oportunidade de ter um emprego com salário fixo por mês, pois os 80, 00 reais que ganhava juntando reciclado não davam para nada, começara a sonhar ali com o salário de 250,00 reais que Sérgio ofereceu, planejara comprar um som toca CD portátil no Paraguai, assim poderia ouvir a música de Violeta Parra enquanto trabalhava.

Oscar enxergava no novo emprego a oportunidade que sempre esperava, via naquele momento uma promoção social, abandonou o carrinho de catar reciclado que o acompanhou por sete anos desde que chegou a Foz, agora ele trabalhava na sombra e não fedia mais, assim passou a acreditar que tinha subido um degrau na escala evolutiva do capitalismo.

Atualmente vive em contradições com alguns ideais comunistas que permanecem em seu coração, quando percebe a ma fé do patrão Sérgio, que sacaneia diariamente os frentistas e clientes do posto, lembra do seu passado da vida guerrilheira aonde aprenderá a dividir até as migalhas de comida com os companheiros de guerrilha, assim às vezes pensa em abandonar o emprego pois o corta por dentro conviver com uma pessoa tão gananciosa como Sérgio,mas voltar a catar lixo era o que menos queria para sua vida pois agora conseguia até algumas mulheres.

Para aliviar sua consciência se remete há uma pergunta: como seria se virássemos o tapete? E se quem estive em cima fosse para baixo?

Assim prossegue com a velha Violeta na cinta, com seu som portátil e com a imagem de santo expedito, agora colada no som, desacreditado da mudança e das pessoas, é mais um que vai levando a vida, e se você o questionar sobre mudança, revolução e outras questões políticas ele irá olhar no fundo dos seus olhos com um ar de dúvida e irá te fazer a mesma pergunta que ocupa seu subconsciente, como seria se virássemos o tapete? E se quem estivesse em cima fosse para baixo?

Danilo Georges

Historiador, e pesquisador das camadas populares da cidade de Foz do Iguaçu, afirma que 99% das histórias narradas no Fanzine serão verídicas, o 1% é fruto da sua imaginação.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

A domesticação do trabalhador por: Fronteira Zero
A domesticação do trabalhador
Indignação é a palavra que resume o sentimento de qualquer ser humano critico que teve o prazer, ou melhor, o desprazer ao assistir uma das séries das reportagens sobre o Mercado de Trabalho exibida no Jornal Hoje dia 06/06 da nossa querida, ilustríssima Rede Globo (só pra variar). A reportagem inicia falando sobre os diferentes tipos de chefes: mal humorados, manipuladores e por aí vai... Assim o objetivo principal de toda essa “análise” é ensinar o empregado em como lidar com seus chefes, respeitando-os acima de tudo. Nesse sentido, é visivelmente clara a idéia de domesticação do trabalhador encontrada no cotidiano das relações capitalistas de exploração do trabalho, e como se não bastasse, essa idéia vem sendo reforçada pela mídia de modo escrachado.

A sociedade atual, conhecida como a “sociedade do trabalho”, na qual, é o centro da vida social de todos os indivíduos, se constitui de uma massa de trabalhadores domesticados, que não se reconhecem como sujeitos; quando uma de suas principais características é exatamente a idéia de obediência e não contestação, uma vez que, o sistema capitalista impõe ao trabalhador a necessidade de trabalhar para que se possa ao menos subsistir.

Nesse sentido, o trabalhador manipulado se vê num beco sem saída: “Preciso trabalhar porque preciso comer, então tenho que aceitar mesmo não concordando com algumas coisas“, ou seja, a domesticação do trabalhador vai acontecendo de forma gradual e intrínseca na sociedade, exemplo disso são essas reportagens ridículas que a grande mídia manipuladora transmite, reforçando cada vez mais esse discurso de “bom empregado”, que nada mais é, do que a alienação do trabalhador.

Durante a reportagem é feito o seguinte comentário: “O chefe ideal é o chefe participativo. Ele ouve as pessoas, aceita sugestões, argumenta, se posiciona, mas ao mesmo tempo dá oportunidades”, ou ainda "No sucesso somos todos ganhadores e no fracasso e no erro, todos perdemos, toda equipe, toda a empresa perdeu”, declara a especialista.

Como assim? Esse modelo de chefe ideal não existe e nunca irá existir! No sistema capitalista defende-se a idéia de formação da personalidade humana através do trabalho, que diga-se de passagem é trabalho forçado e alienado. Desse modo esse modelo de chefe participativo, que dá oportunidades e aceita sugestões, exposto na reportagem, é incoerente à ideologia do capital. E, se de alguma maneira, algumas ações políticas empresariais demonstram algum caráter humanitário, trata-se simplesmente daquela bela expressão que já discutimos aqui no Movimento Fronteira Zero: A Flexibilização das leis trabalhistas, que nada mais é, do que a idéia de crescimento econômico da empresa junto ao seu colaborador. Sim, colaborador é como atualmente é chamado o trabalhador. Que bonitinho... Agora o trabalhador tem participação no crescimento da empresa! É claro que sim, sabemos que o trabalhador participa e muito deste crescimento, com sua força de trabalho, mais valia e “bom comportamento”...

sexta-feira, 3 de junho de 2011












CONTRA O PRECONCEITO, DISCRIMINAÇÃO E SEGREGAÇÃO SOCIAL NOS SHOPPINGS E NOS ESPAÇOS PÚBLICOS

Apenas 17 anos nos separam do “fim” do apartheid na África do Sul, regime pelo qual os negros não tinham o direito de compartilhar os mesmos espaços dos brancos. Cartazes com indicação “Só para brancos” eram comuns nos espaços públicos.

Nos Estados Unidos, na década de 60 ainda existiam leis que negavam aos cidadãos não-brancos uma série de direitos. Era proibido o casamento inter-racial e a segregação acontecia no transporte e banheiros públicos, onde um negro tinha que se retirar e ceder seu lugar ao branco. O racismo – teoria não cientifica que prega a superioridade de uma raça sobre a outra – serviu também para justificar a escravidão de milhões de negros.

O racismo, preconceito, discriminação, intolerância, se manifestam de forma diferente na nossa sociedade, mas todos deixam feridas dolorosas. O apartheid continua vivo, mas assumiu formas diferentes, hoje os segregados não são só os negros, mas pessoas vindas de favelas e periferias e grupos sociais marginalizados (entende-se por marginalizados aqueles que vivem à margem da sociedade sem acesso aos direitos fundamentais de cidadania).

No Brasil percebemos que grupos sociais como o Movimento Hip-Hop, um movimento negro oriundo das favelas e que se assume como favelado, sofreu grande preconceito por parte da sociedade. O modo de se vestir, de falar, de andar, de cantar, de dançar, de se manifestar e de se relacionar ainda não foi compreendido por parte da população. Nosso estilo de vida ainda causa estranhamento, apesar de o movimento estar perto de completar três décadas de existência em nosso país e de furar vários bloqueios conseguindo inserção no cinema, universidades, museus, mídia impressa, rádio e televisão.

Em Foz do Iguaçu, moradores de favela percebem que não são bens vindos em certos espaços públicos. Ao adentrar em mercados, farmácias, grandes lojas, e diversos outros estabelecimentos no centro da cidade percebe-se nos olhares de seguranças e proprietários o preconceito e a desconfiança.

No Shopping Cataratas JL, por exemplo, quando entra uma pessoa com roupa de Hip-Hop, ou vestido de forma que o identifique como um morador de favela, percebemos a articulação dos seguranças com seus rádios-amadores para ficar vigiando e seguindo essa pessoa por onde ela andar dentro do estabelecimento.

Em grandes eventos, como FARTAL, eventos no Gramadão da Vila A, e outros espaços, a gente percebe o tratamento da segurança para com a galera do Hip-Hop e da favela, existe uma nítida perseguição a esse grupo de pessoas, que sempre são os abordados pelos seguranças durante esses eventos. Essa perseguição acontece também no dia a dia nas periferias e favelas, através das abordagens policiais, na maioria das vezes feitas de forma violenta e desrespeitosa. Sempre que nos reunimos nas praças, no centro da cidade ou em algum bairro, para dançar, cantar, ou compartilhar alguns momentos juntos, somos abordados como se fossemos criminosos.

O direito de ir e vir sem ser discriminado é um direito amparado no Art. 5° da Constituição Federal. A violação desse direito é um crime contra os direitos humanos. O Movimento Hip-Hop está lutando contra o preconceito, racismo, discriminação e a intolerância e defende o direito de acesso a espaços públicos a todos os cidadãos. Um país que se diz democrático e uma cidade que caminha pro seu centenário e que recebe visitantes do mundo todo não pode admitir que práticas segregacionistas continuem acontecendo diariamente com a sua população, onde a juventude favelada é a maior prejudicada. Não podemos e não vamos aceitar que se naturalize a idéia de que esses espaços não nos pertencem. Quanto mais a gente for estigmatizado e segregado, a nossa sociedade será pior e se desumanizará cada vez mais.

Porque será que existe esse medo todo com a favela e com o Movimento Hip-Hop?
Isso é fruto do sistema capitalista que impõe a padronização das relações humanas e do estilo de vida das pessoas. Um sistema que valoriza mais o patrimônio do que a vida. Que persegue e criminaliza o comercio popular de rua e fortalece os Shoppings Center como modelo global de consumo. Que promove o consumismo desenfreado à custa da degradação e destruição do meio ambiente.

Por isso somos a favor da diversidade e aprendemos a conviver com as diferenças. Mas essas diferenças não podem jamais criar desigualdades.

Por isso somos socialistas!!!

Ato dia 05 de junho (domingo)
Concentração em frente ao Shopping Cataratas JL
A partir das 16:00hs
Roda de Break e de Rima – Grafite – Distribuição de Informativo

terça-feira, 31 de maio de 2011


Paulo Renato da Silva

Cineclubes são espaços sem fins lucrativos que têm o objetivo de reunir pessoas interessadas em ver e discutir cinema. Mais do que isso, visam estimular o interesse pelo cinema.

Em sua maioria, os cineclubes são – e devem ser – espaços alternativos. Alternativos quanto à programação e dinâmica das exibições. No que se refere à programação, os cineclubes costumam priorizar filmes que não pertençam ao “circuito comercial”, ou seja, que não são facilmente encontrados nos cinemas e na televisão. Dentre os principais problemas apresentados pelo “circuito comercial” estão o leque reduzido de referenciais culturais – sobretudo norte-americanos –, sua efemeridade e o direcionamento exclusivo para o lazer.

Quanto à dinâmica das exibições, diversos cineclubes promovem debates sobre os filmes. Com a participação da comunidade e de especialistas, forma-se um espaço no qual experiências e saberes são confrontados, convergem em alguns pontos, divergem em outros e são reelaborados. Um dos aspectos mais importantes dos debates é a possibilidade de se pensar individual, grupal e localmente as questões abordadas pelos filmes. Por exemplo, no dia 2 de abril, foi exibido Batismo de Sangue (2007, Brasil, direção: Helvécio Ratton)no Teatro Barracão de Foz do Iguaçu: o jornalista Aluízio Palmar certamente surpreendeu a muitos ao relatar sobre a repressão existente na cidade durante a ditadura militar brasileira (1964-1985).

Assim, os cineclubes são espaços democráticos. Facilitam o acesso à produção cinematográfica por não terem fins lucrativos, colaboram para a ampliação das referências culturais e estimulam a participação política. Cabe fortalecer a chamada democracia deliberativa, na qual o “cidadão comum” se informa, ganha visibilidade e pressiona o Estado e a opinião pública pela realização de suas reivindicações.

Há desafios pela frente. Um deles é a necessidade de superar o rótulo de espaços elitizados. Os debates têm a importância de aproximar os filmes alternativos das experiências dos sujeitos e grupos. Além disso, os cineclubes precisam assumir o desafio de apontar para o público os problemas da produção comercial.

Outra questão se refere aos direitos autorais, se seriam ou não válidos em entidades sem fins lucrativos como os cineclubes. Cabe ao Estado brasileiro a coragem de atualizar a legislação para esses casos.

Em Foz do Iguaçu, dentre outras iniciativas, a Casa do Teatro e a Casa da América Latina têm feito sessões no Teatro Barracão, o SESC mantém uma programação regular e a UNILA iniciou a montagem do seu cinedebate.

* Paulo Renato da Silva é professor de História na UNILA, em Foz do Iguaçu, PR.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Dia do Trabalhador terá ato no bairro Cidade Nova Foz do Iguaçu terá um Dia do Trabalhador classista pelo terceiro ano consecutivo. Sindicatos e mov


Foz do Iguaçu terá um Dia do Trabalhador classista pelo terceiro ano consecutivo. Sindicatos e movimentos sociais divulgaram nesta sexta-feira um manifesto resgatando o verdadeiro sentido da data. O documento está sendo distribuído em lugares de grande concentração popular e também na internet.

O comunicado reivindica o Dia Internacional do Trabalhador como mais um momento de reivindicações. “Temos que denunciar as artimanhas de quem tenta mascarar as diferenças e contradições entre os que produzem a riqueza e os que se beneficiam da força de trabalho das pessoas”, indica o alerta.

O manifesto aponta, por exemplo, que os problemas imperam na fronteira por causa da falta de empregos. Brasileiros trabalham no Paraguai em terríveis condições. O mesmo acontece aqui. Moradores de Foz do Iguaçu exploram a mão de obra de estrangeiros. Tudo resultado do capitalismo.

A ação faz parte das atividades planejadas por entidades e movimentos sociais para marcar a data. No domingo, 1º de Maio, será promovido um ato público no bairro Cidade Nova, região norte do município. A atividade terá dança de rua, grupos de rap e DJs, a partir das 17 horas, na Rua Rafael Casula.

“A data sugere uma reflexão com vistas à conscientização da classe trabalhadora, que deve enxergar nesta data, não um simples feriado nacional, mais um dia de luto e de luta que foi marcado pelo massacre de inúmeros trabalhadores que não aceitaram as condições impostas pelos capitalistas e reivindicaram melhores condições de trabalho”, afirma Eric Cardin, professor universitário e membro do Movimento Fronteira Zero.

O 1º de Maio é organizado por: APP-Sindicato - NS Foz do Iguaçu, Centro de Direitos Humanos e Memória Popular, FRONTera HIP-HOP, Intersindical, Movimento Fronteira Zero, MST, Sindicato dos Trabalhadores em Hotéis, Sindicato dos Trabalhadores em Saúde e Sindicato dos Jornalistas – Foz do Iguaçu. Mais informações pelos telefones (45) 8808-3350 ou 8808-4612.
Foz do Iguaçu terá um Dia do Trabalhador classista pelo terceiro ano consecutivo. Sindicatos e movimentos sociais divulgaram nesta sexta-feira um manifesto resgatando o verdadeiro sentido da data. O documento está sendo distribuído em lugares de grande concentração popular e também na internet.


quinta-feira, 28 de abril de 2011

“Vale a pena viver, quando se é comunista”.

“Vale a pena viver, quando se é comunista”.

dedicado a (Antonio Gramsci)

Quando a noite parece eterna

e o frio nos quebra a alma.

Quando a vida se perde por nada

e o futuro não passa de uma promessa.

Nos perguntamos: vale a pena?

Quando a classe parece morta

e a luta é só uma lembrança.

Quando os amigos e as amigas se vão

e os abraços se fazem distância.

Nos perguntamos: Vale a pena?

Quando a história se torna farsa

e outubro não é mais que um mês.

Quando a memória já nos falta

e maio se transforma em festa.

Nos perguntamos: vale a pena?

Mas, quando entre camaradas nos encontramos

e ousamos sonhar futuros.

Quando a teoria nos aclara a vista

e com o povo, ombro a ombro, marchamos.

Respondemos: vale a pena viver,

quando se é comunista.

(Mauro Iasi)