Na próxima semana termina o 1° semestre nas escolas, meio ano já se passou e se passaram nesses meses Grécia, Roma, feudalismo, Brasil colônia entre outros tantos temas.Mas algo ficou a vontade de repensar a sala de aula, o ensino, os alunos e a educação. Muito me entristeceu semana passada quando pedi no ensino médio para os alunos escrevem livremente sobre o que acham das minhas aulas, dos meus métodos de ensino, disse que poderiam escrever e me avaliar livremente, a turma ficou atônita, surpresa com a possibilidade de avaliar o professor, alguns perguntaram se eu estava falando sério? Outros questionaram se eu iria punir os que fizessem críticas, uma aluna me disse professor vai valer nota? No meio daquele turbilhão fiquei desnorteado, pensei o que há de errado, por que a surpresa em avaliar o professor, relembrei dos ensinamentos de Paulo Freire a autoridade do professor não pode ser confundida com o autoritarismo, medo não é respeito! E percebi quantos os meus alunos ficaram temerosos em me avaliar, esperando que seria uma forma de puni-los, alguns chegaram a dizer em que os alunos não podem julgar o professor e avaliá-lo, eu respondi então só eu tenho direito de avaliar vocês é isso? Mas tal professor disse que os alunos não podem questionar o professor, fiquei sem chão, a lógica formal de educação reconhece no professor a autoridade legítima, o aluno vê-se diante da alternativa de obedecer e se submeter aos caprichos do professor, ele deve se colocar em um patamar acima e se estabelecer como o dono da verdade e impor que os alunos aceitem passivamente as informações e conteúdos que ele repassar.
Comentei sobre o caso com um amigo professor ele disse “você é louco em fazer isso, os alunos vão achar que você é inseguro e vão espalhar por ai que você não se garante como professor e outra se tiverem algum problema a coordenação irá lhe informar...” Se garantir então é fortalecer a mentalidade autoritária do professor só ele avalia, só o professor pensa a aula, só ele sugere, só ele ensina. Se não há questionamento não á educação, devo então ser seguro e violar a liberdade do aluno em opinar no andamento da disciplina, uma disciplina que meche com a preciosidade do tempo da sua vida, devo reprimir o aluno critico, ameaçá-lo e depois reclamar que hoje os jovens não vão mais para ruas, não lutam por direitos e etc? Ou procuro uma postura cômoda se houver problema a coordenação me chama, mas não garanto direitos dos alunos em participa e nem transformar as aulas.
Educar é uma tarefa árdua e sublime, mas sem a participação dos alunos, seus questionamentos, suas criticas não há educação, há somente a inserção de uma mentalidade fatalista aonde os alunos com medo da figura autoritária do professor se neguem a discordar, repensar, criticar e apontar outros caminhos, pois caso façam isso o professor poderá punir. Tira-lo da sala ou baixar tirar sua nota.
Qual deveria ser a atitude do aluno quando percebe que o professor não preparou a aula daquele dia, ou não formulou adequadamente as questões da avaliação, e exige conteúdos não trabalhados em sala de aula (ou não discutidos como deveria); ou, ainda, pede trabalhos sem explicar o que realmente deseja?, Esse aluno deveria questionar, e colocar essas questões para o professor, mas isso jamais será feito com essa imagem despótica do professor, os alunos devem sim indagar o professor, fazer sugestões e debater e o professor cabe a tarefa de descer do seu pedestal de superioridade e de aprender a aprender com os alunos.
No amanhã muito desses alunos estarão reproduzindo esse ar autoritário estando em postos mais elevados destilando a superioridade patronal, e muitos desses alunos aprenderam a ficarem de cabeça baixa pois estarão abaixo desses na pirâmide social, ou nós professores pensamos em uma educação libertária e emancipadora ou a sociedade estará fadada a viver com medo sendo refém do autoritarismo patronal, e esse com certeza se legitima com o autoritarismo professoral.
As escolas servem para isso...
ResponderExcluirpara quê, já se perguntou?
abraço
Danilo, fico orgulhosa de ver o quanto você cresceu e se transformou em uma pessoa determinada e engajada em mudar os rumos da sua cidade, do país e aí por diante. Não desista desse sonho e te apoio no que precisar. Acredito demais em você. Um beijão.
ResponderExcluirÉ meu chapa. Nossos jovens não estão preparados para tomar um posicionamento crítico em sala de aula. A hierarquização e a submissão às estruturas autoritárias, infelizmente estão enraizadas em nossa cultura.
ResponderExcluirUm caso bem parecido aconteceu na turma em que eu estagiei. A professora pediu para que os alunos avaliassem sua disciplina através de críticas ou sugestões. Parte da sala se sentiu inbida em comentar. Os poucos que o fizeram foram incisivos: "Ah professora, a crítica que nós tenho é que você deveria ser mais autoritária, mandar calar a boca mesmo. A sala só fica em ordem com professor que faz isso"
Triste realidade
lamentavel harold, estamos formando gente intolerante...
ResponderExcluir