terça-feira, 26 de julho de 2011

Falsos Ídolos

É comum observamos nomes de personalidades (sujeitos, pessoas...) em bairros, cidades, escolas, hospitais e rodovias de todo o país. O questionamento que queremos fazer é: Quem são essas pessoas que estão com seus nomes expostos, quais foram suas contribuições para a sociedade? Quem escolheu esses nomes para os espaços públicos? Quais são seus interesses? todas estas pessoas realmente merecem ser homenageadas? E, será que a população conhece as ações que tais homenageados realizaram? Neste texto buscaremos explorar a história de alguns homenageados na cidade de Foz do Iguaçu, tais como: Presidente Castelo Branco, Ministro Costa Cavalcanti e Presidente Costa e Silva.

Fazendo um breve resgate histórico, podemos citar que no ano de 1964 o Presidente João Goulard defendia a reforma de base que mudaria as estruturas agrárias, econômicas e educacionais brasileira. O então presidente que assumia esse governo daria abertura para as organizações sociais, estudantes, trabalhadores e movimentos sociais participar da vida política do país. Com medo de um suposto golpe comunista, após alguns dias de comício na central do Brasil no Rio de Janeiro os militares da chamada linha dura deram um golpe tomando posse do governo brasileiro, instituindo assim uma ditadura-militar.

Os militares financiados por banqueiros, empresários e setores da classe média começam a se preocupar com a ideia de frear avanços sociais no país. A Ala conservadora brasileira organizou uma manifestação, chamada: Marcha da Família com Deus da Liberdade. Reunindo milhares de pessoas saíram às ruas em São Paulo. Em março de 64 militares de Minas Gerais e São Paulo vão as ruas. João Goulart então se refugia no Uruguay para evitar uma guerra civil, assim, quem assume o governo brasileiro é o General Humberto de Alencar Castelo Branco [Castelo Branco].

Castelo Branco foi eleito pelo Congresso Nacional no mês de abril de 64 e ficou no poder até 1967. Prometeu defender a democracia, mas o que ocorreu foi contrário, um governo mais autoritário do que nunca, responsável por prisões e torturas; estabeleceu eleições indiretas para presidente além de dissolver os partidos políticos; vários parlamentares estaduais e federais tiveram seus direitos políticos e constitucionais cancelados; os sindicatos receberam intervenções do governo militar.

No que concerne a dissolução dos partidos políticos, Castelo Branco acabou com os partidos tradicionais da época PSD, PTB, UDN, e institucionalizou dois partidos a ARENA [Aliança Renovadora Nacional] partido do governo que apoiava a ditadura e o MDB [Movimento Democrático Brasileiro] que seria o partido de “oposição”, nesse caso o governo militar queria mostrar uma aparência democrática. No inicio de 1967 os militares impõem uma nova constituição que legitima o regime militar e suas atuações.

Ainda no mesmo ano de 1967 quem assume o governo é o general Arthur da Costa e Silva [Costa e Silva], eleito indiretamente, governou até 1969. Nos anos que governou o Brasil enfrentou muitos manifestos de estudantes ligados a UNE [União Nacional dos Estudantes], de trabalhadores fabris que paralisaram suas atividades e de movimentos sociais. Nesta época, o governo passou a ser mais repressivo com perseguições, repressões, toques de recolher, torturas, cassação de políticos e junto a isso tudo instaurou Ato Institucional número 5 [AI-5], por sua vez daria o início aos “anos de chumbo”.

Na sexta-feira do dia 13 de dezembro de 1968 entra em vigor o AI-5 [Ato Institucional nº5], considerado o pior de todos; nesse ato o governo proibia toda forma de manifestações de natureza política, além de vetar o "habeas corpus" para crimes contra a segurança nacional (ou seja, crimes políticos). Além de conceder ao Presidente da República grandes poderes, tais como: fechar o Congresso Nacional; demitir, remover ou aposentar quaisquer funcionários; cassar mandatos parlamentares; suspender por dez anos os direitos políticos de qualquer pessoa; decretar estado de sítio; julgamento de crimes políticos por tribunais militares entre outros domínios.

Já o Ministro Costa Cavalcanti, como é conhecido foi um dos opositores ao governo João Goulart, eleito como deputado pela UDN [União Democrática Nacional] ajudou a articular a candidatura do Costa e Silva. Logo foi nomeado Ministro das Minas e Energias em 1967, foi um dos integrantes que aprovou o AI-5, no endurecimento do regime militar. Em Abril de 1974 foi nomeado diretor geral da Itaipu Binacional pelo Presidente Ernesto Geisel ficando no cargo até o ano de 1985, no fim do governo João Figueiredo.

Por meio deste breve relato, notamos que três grandes protagonistas da ditadura militar no Brasil, usaram e abusaram dos poderes que tiveram em mãos em benefício de poucos. Usando da opressão, repressão, perseguição, torturando, invadindo casas sem mandato, infligindo a dignidade humana. O estranho e questionável nesta situação é ver o nome dessas pessoas em ruas, colégios, hospitais e praças. Como podem homenagear pessoas que foram totalmente contra a democracia, a liberdade, e o direito de expressão? Apenas defendendo interesses próprios e de uma classe conservadora e reacionária.

O importante é pensarmos quem realmente merece ser homenageado em nossas ruas, praças, hospitais e colégios, pois homenagear significa: reverenciar, celebrar, venerar, fazer reverência, e respeitar. Onde está gravado os nomes daqueles que lutaram e lutam pela liberdade, estudantes, trabalhadores artistas, os Luizes, Olgas, Joãos, Marias, Josés, Terezas. Esses sim merecem nossa reverência, veneração e respeito.

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