sexta-feira, 3 de junho de 2011












CONTRA O PRECONCEITO, DISCRIMINAÇÃO E SEGREGAÇÃO SOCIAL NOS SHOPPINGS E NOS ESPAÇOS PÚBLICOS

Apenas 17 anos nos separam do “fim” do apartheid na África do Sul, regime pelo qual os negros não tinham o direito de compartilhar os mesmos espaços dos brancos. Cartazes com indicação “Só para brancos” eram comuns nos espaços públicos.

Nos Estados Unidos, na década de 60 ainda existiam leis que negavam aos cidadãos não-brancos uma série de direitos. Era proibido o casamento inter-racial e a segregação acontecia no transporte e banheiros públicos, onde um negro tinha que se retirar e ceder seu lugar ao branco. O racismo – teoria não cientifica que prega a superioridade de uma raça sobre a outra – serviu também para justificar a escravidão de milhões de negros.

O racismo, preconceito, discriminação, intolerância, se manifestam de forma diferente na nossa sociedade, mas todos deixam feridas dolorosas. O apartheid continua vivo, mas assumiu formas diferentes, hoje os segregados não são só os negros, mas pessoas vindas de favelas e periferias e grupos sociais marginalizados (entende-se por marginalizados aqueles que vivem à margem da sociedade sem acesso aos direitos fundamentais de cidadania).

No Brasil percebemos que grupos sociais como o Movimento Hip-Hop, um movimento negro oriundo das favelas e que se assume como favelado, sofreu grande preconceito por parte da sociedade. O modo de se vestir, de falar, de andar, de cantar, de dançar, de se manifestar e de se relacionar ainda não foi compreendido por parte da população. Nosso estilo de vida ainda causa estranhamento, apesar de o movimento estar perto de completar três décadas de existência em nosso país e de furar vários bloqueios conseguindo inserção no cinema, universidades, museus, mídia impressa, rádio e televisão.

Em Foz do Iguaçu, moradores de favela percebem que não são bens vindos em certos espaços públicos. Ao adentrar em mercados, farmácias, grandes lojas, e diversos outros estabelecimentos no centro da cidade percebe-se nos olhares de seguranças e proprietários o preconceito e a desconfiança.

No Shopping Cataratas JL, por exemplo, quando entra uma pessoa com roupa de Hip-Hop, ou vestido de forma que o identifique como um morador de favela, percebemos a articulação dos seguranças com seus rádios-amadores para ficar vigiando e seguindo essa pessoa por onde ela andar dentro do estabelecimento.

Em grandes eventos, como FARTAL, eventos no Gramadão da Vila A, e outros espaços, a gente percebe o tratamento da segurança para com a galera do Hip-Hop e da favela, existe uma nítida perseguição a esse grupo de pessoas, que sempre são os abordados pelos seguranças durante esses eventos. Essa perseguição acontece também no dia a dia nas periferias e favelas, através das abordagens policiais, na maioria das vezes feitas de forma violenta e desrespeitosa. Sempre que nos reunimos nas praças, no centro da cidade ou em algum bairro, para dançar, cantar, ou compartilhar alguns momentos juntos, somos abordados como se fossemos criminosos.

O direito de ir e vir sem ser discriminado é um direito amparado no Art. 5° da Constituição Federal. A violação desse direito é um crime contra os direitos humanos. O Movimento Hip-Hop está lutando contra o preconceito, racismo, discriminação e a intolerância e defende o direito de acesso a espaços públicos a todos os cidadãos. Um país que se diz democrático e uma cidade que caminha pro seu centenário e que recebe visitantes do mundo todo não pode admitir que práticas segregacionistas continuem acontecendo diariamente com a sua população, onde a juventude favelada é a maior prejudicada. Não podemos e não vamos aceitar que se naturalize a idéia de que esses espaços não nos pertencem. Quanto mais a gente for estigmatizado e segregado, a nossa sociedade será pior e se desumanizará cada vez mais.

Porque será que existe esse medo todo com a favela e com o Movimento Hip-Hop?
Isso é fruto do sistema capitalista que impõe a padronização das relações humanas e do estilo de vida das pessoas. Um sistema que valoriza mais o patrimônio do que a vida. Que persegue e criminaliza o comercio popular de rua e fortalece os Shoppings Center como modelo global de consumo. Que promove o consumismo desenfreado à custa da degradação e destruição do meio ambiente.

Por isso somos a favor da diversidade e aprendemos a conviver com as diferenças. Mas essas diferenças não podem jamais criar desigualdades.

Por isso somos socialistas!!!

Ato dia 05 de junho (domingo)
Concentração em frente ao Shopping Cataratas JL
A partir das 16:00hs
Roda de Break e de Rima – Grafite – Distribuição de Informativo

3 comentários:

  1. Lamentável o fato de que situações assim ocorrem em todo o Brasil. A diferença social é uma limitante ao direito de ir e vir para grupos que não se encaixam ao rótulo do "vestir-se bem". Lembro-me que em Curitiba, cidade onde morei durante quatro anos, convivia também com esta triste realidade. Lá o preço da passagem que era R$2,40 durante a semana, caía para R$1,OO aos domingos. Mas me cansei de ouvir por onde andava coisas como: "domingo é dia da gente feia passear".
    Um Shoping que tinha sido inaugurado naquele período chegou ao cúmulo de proibir a entrada de pessoas vestidas ala hip hop.
    Devemos ter claro que lugares como este são fontes dessa segregação social.
    Deixo como dica, o documentário "HIATO", de Vladimir Seixas, um registro do dia em que um grupo de sem teto, planejou ir ao shopping Rio Sul, em agosto de 2000.
    Grande abraço...
    Lau
    http://raizculturablog.wordpress.com/2008/12/03/hiatopor-vladimir-seixas/

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. bela fala lau, eu lamento muito do olhar mercantilizado que as pessoas agregam nessa sociedade consumista, o "feio' e o bonito são delimitados pelo o que se veste, pelo preço agregado nas pessoas, já dizia um filosofo preço e valores são coisas diferentes. Essa sociedade se limita ao preço...

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