domingo, 28 de novembro de 2010

Para além do terrorismo midiatico sobre a crise no RJ.

Gostaria de contribuir para que a atual crise do Rio seja encarada de forma crítica. Resolvi divulgar alguns textos que contribuem para uma compreensão da realidade carioca e brasileira para além do imediatismo midiático.
O extermínio de traficantes, o envolvimento das Forças Armadas e o sítio a uma população de 400 mil pessoas estão longe de ser solução, ao contrário acabam por reafirmar a prática da violação de direitos das populações mais pobres.
Tenho certeza que a leitura dos textos que estou enviando é um bom exercício de reflexão.
Abraços.
DANILO GEORGES.

Luis Eduardo Soares
A crise no Rio e o pastiche midiático
Sempre mantive com jornalistas uma relação de respeito e cooperação. Em alguns casos, o contato profissional evoluiu para amizade. Quando as divergências são muitas e profundas, procuro compreender e buscar bases de um consenso mínimo, para que o diálogo não se inviabilize. Faço-o por ética –supondo que ninguém seja dono da verdade, muito menos eu--, na esperança de que o mesmo procedimento seja adotado pelo interlocutor. Além disso, me esforço por atender aos que me procuram, porque sei que atuam sob pressão, exaustivamente, premidos pelo tempo e por pautas urgentes. A pressa se intensifica nas crises, por motivos óbvios. Costumo dizer que só nós, da segurança pública (em meu caso, quando ocupava posições na área da gestão pública da segurança), os médicos e o pessoal da Defesa Civil, trabalhamos tanto –ou sob tanta pressão-- quanto os jornalistas.
Digo isso para explicar por que, na crise atual, tenho recusado convites para falar e colaborar com a mídia:
Leia mais: http://luizeduardosoares.blogspot.com/2010/11/crise-no-rio-e-o-pastiche-midiatico.html?spref=fb

Marcelo Freixo
Violência é caso para inteligência
Quero conversar com os demais deputados para chamar a atenção para algumas coisas que fogem a obviedade. É claro que a situação no Rio é uma situação delicadíssima, inaceitável. Todos nós sabemos disso, mas cabe ao Parlamento um debate um pouco mais profundo, do que necessariamente faz, ou fazem os meios de comunicação. E, nesse sentido, quero pontuar algumas coisas. Primeiro, a venda fácil da imagem de que o Rio de Janeiro está em guerra. Quero questionar essa ideia de que o Rio está em guerra
Leia mais: http://www.marcelofreixo.com.br/site/noticias_do.php?codigo=114

Eduardo Tomazine Teixeira

Unidades de Polícia Pacificadora: O que são, a que anseios respondem e quais desafios colocam aos ativismos urbanos? - 1.ª Parte
Foi inaugurada, no dia 19 de dezembro de 2008, a primeira Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do município do Rio de Janeiro, na favela Santa Marta, na Zona Sul da cidade. Quais impactos elas trazem às favelas ocupadas? Que papel elas desempenham na produção do espaço urbano carioca e, finalmente, quais implicações trazem para a práxis dos ativismos urbanos?
Leia mais: http://passapalavra.info/?p=25554

Gustavo Barreto
O jornalismo desonesto e o mito do “crime organizado”
O “Jornal da Globo” fechou com chave de ouro o dia de uma emissora empenhada em assustar e desinformar o público, enquanto outras emissoras e rádios acompanharam a tática do pânico. A velha técnica do “Mantenham a calma” seguido de imagens impactantes da violência no Rio de Janeiro é a melhor forma, do ponto de vista da cultura do medo que tenta se impor, de pôr em ação esse objetivo. É como você dizer “Fique à vontade” quando recebe alguém pouco conhecido em sua casa, provocando o efeito contrário. Neste caso é bem pior: trata-se do imaginário social de um conjunto de milhões de brasileiros que está em jogo. E neste caso há consequências políticas.
Leia mais: http://www.consciencia.net/o-jornalismo-desonesto-e-o-mito-do-crime-organizado/

Rogerio Dultra dos Santos

Política de Guerra e Forças Armadas no Rio de Janeiro
Os enunciados da mídia televisiva reforçam a idéia da luta do bem contra o mal. A radicalização pretende justificar o retorno das Forças Armadas ao cenário político na cidade do Rio de Janeiro. Nada mais falacioso.
A possibilidade de radicalização da barbárie é infinita e o discurso iluminista que roga por dias melhores engana também ao acreditar no progresso constante e inflexível da vida social.
Leia mais: http://opasmado.blogspot.com/2010/11/politica-de-guerra-e-forcas-armadas-no.html

sábado, 27 de novembro de 2010

A crise no Rio e o pastiche midiático-Por Luis Eduardo Soares

Sempre mantive com jornalistas uma relação de respeito e cooperação. Em alguns casos, o contato profissional evoluiu para amizade. Quando as divergências são muitas e profundas, procuro compreender e buscar bases de um consenso mínimo, para que o diálogo não se inviabilize. Faço-o por ética –supondo que ninguém seja dono da verdade, muito menos eu--, na esperança de que o mesmo procedimento seja adotado pelo interlocutor. Além disso, me esforço por atender aos que me procuram, porque sei que atuam sob pressão, exaustivamente, premidos pelo tempo e por pautas urgentes. A pressa se intensifica nas crises, por motivos óbvios. Costumo dizer que só nós, da segurança pública (em meu caso, quando ocupava posições na área da gestão pública da segurança), os médicos e o pessoal da Defesa Civil, trabalhamos tanto –ou sob tanta pressão-- quanto os jornalistas.
Digo isso para explicar por que, na crise atual, tenho recusado convites para falar e colaborar com a mídia:
(1) Recebi muitos telefonemas, recados e mensagens. As chamadas são contínuas, a tal ponto que não me restou alternativa a desligar o celular. Ao todo, nesses dias, foram mais de cem pedidos de entrevistas ou declarações. Nem que eu contasse com uma equipe de secretários, teria como responder a todos e muito menos como atendê-los. Por isso, aproveito a oportunidade para desculpar-me. Creiam, não se trata de descortesia ou desapreço pelos repórteres, produtores ou entrevistadores que me procuraram.
(2) Além disso, não tenho informações de bastidor que mereçam divulgação. Por outro lado, não faria sentido jogar pelo ralo a credibilidade que construí ao longo da vida. E isso poderia acontecer se eu aceitasse aparecer na TV, no rádio ou nos jornais, glosando os discursos oficiais que estão sendo difundidos, declamando platitudes, reproduzindo o senso comum pleno de preconceitos, ou divagando em torno de especulações. A situação é muito grave e não admite leviandades. Portanto, só faria sentido falar se fosse para contribuir de modo eficaz para o entendimento mais amplo e profundo da realidade que vivemos. Como fazê-lo em alguns parcos minutos, entrecortados por intervenções de locutores e debatedores? Como fazê-lo no contexto em que todo pensamento analítico é editado, truncado, espremido –em uma palavra, banido--, para que reinem, incontrastáveis, a exaltação passional das emergências, as imagens espetaculares, os dramas individuais e a retórica paradoxalmente triunfalista do discurso oficial?
(3) Por fim, não posso mais compactuar com o ciclo sempre repetido na mídia: atenção à segurança nas crises agudas e nenhum investimento reflexivo e informativo realmente denso e consistente, na entressafra, isto é, nos intervalos entre as crises. Na crise, as perguntas recorrentes são: (a) O que fazer, já, imediatamente, para sustar a explosão de violência? (b) O que a polícia deveria fazer para vencer, definitivamente, o tráfico de drogas? (c) Por que o governo não chama o Exército? (d) A imagem internacional do Rio foi maculada? (e) Conseguiremos realizar com êxito a Copa e as Olimpíadas?
Ao longo dos últimos 25 anos, pelo menos, me tornei “as aspas” que ajudaram a legitimar inúmeras reportagens. No tópico, “especialistas”, lá estava eu, tentando, com alguns colegas, furar o bloqueio à afirmação de uma perspectiva um pouquinho menos trivial e imediatista. Muitas dessas reportagens, por sua excelente qualidade, prescindiriam de minhas aspas –nesses casos, reduzi-me a recurso ocioso, mera formalidade das regras jornalísticas. Outras, nem com todas as aspas do mundo se sustentariam. Pois bem, acho que já fui ou proporcionei aspas o suficiente. Esse código jornalístico, com as exceções de praxe, não funciona, quando o tema tratado é complexo, pouco conhecido e, por sua natureza, rebelde ao modelo de explicação corrente. Modelo que não nasceu na mídia, mas que orienta as visões aí predominantes. Particularmente, não gostaria de continuar a ser cúmplice involuntário de sua contínua reprodução.
Eis por que as perguntas mencionadas são expressivas do pobre modelo explicativo corrente e por que devem ser consideradas obstáculos ao conhecimento e réplicas de hábitos mentais refratários às mudanças inadiáveis. Respondo sem a elegância que a presença de um entrevistador exigiria. Serei, por assim dizer, curto e grosso, aproveitando-me do expediente discursivo aqui adotado, em que sou eu mesmo o formulador das questões a desconstruir. Eis as respostas, na sequência das perguntas, que repito para facilitar a leitura:
(a) O que fazer, já, imediatamente, para sustar a violência e resolver o desafio da insegurança?
Nada que se possa fazer já, imediatamente, resolverá a insegurança. Quando se está na crise, usam-se os instrumentos disponíveis e os procedimentos conhecidos para conter os sintomas e salvar o paciente. Se desejamos, de fato, resolver algum problema grave, não é possível continuar a tratar o paciente apenas quando ele já está na UTI, tomado por uma enfermidade letal, apresentando um quadro agudo. Nessa hora, parte-se para medidas extremas, de desespero, mobilizando-se o canivete e o açougueiro, sem anestesia e assepsia. Nessa hora, o cardiologista abre o tórax do moribundo na maca, no corredor. Não há como construir um novo hospital, decente, eficiente, nem para formar especialistas, nem para prevenir epidemias, nem para adotar procedimentos que evitem o agravamento da patologia. Por isso, o primeiro passo para evitar que a situação se repita é trocar a pergunta. O foco capaz de ajudar a mudar a realidade é aquele apontado por outra pergunta: o que fazer para aperfeiçoar a segurança pública, no Rio e no Brasil, evitando a violência de todos os dias, assim como sua intensificação, expressa nas sucessivas crises?
Se o entrevistador imaginário interpelar o respondente, afirmando que a sociedade exige uma resposta imediata, precisa de uma ação emergencial e não aceita nenhuma abordagem que não produza efeitos práticos imediatos, a melhor resposta seria: caro amigo, sua atitude representa, exatamente, a postura que tem impedido avanços consistentes na segurança pública. Se a sociedade, a mídia e os governos continuarem se recusando a pensar e abordar o problema em profundidade e extensão, como um fenômeno multidimensional a requerer enfrentamento sistêmico, ou seja, se prosseguirmos nos recusando, enquanto Nação, a tratar do problema na perspectiva do médio e do longo prazos, nos condenaremos às crises, cada vez mais dramáticas, para as quais não há soluções mágicas.
A melhor resposta à emergência é começar a se movimentar na direção da reconstrução das condições geradoras da situação emergencial. Quanto ao imediato, não há espaço para nada senão o disponível, acessível, conhecido, que se aplica com maior ou menor destreza, reduzindo-se danos e prolongando-se a vida em risco.
A pergunta é obtusa e obscurantista, cúmplice da ignorância e da apatia.
(b) O que as polícias fluminenses deveriam fazer para vencer, definitivamente, o tráfico de drogas?
Em primeiro lugar, deveriam parar de traficar e de associar-se aos traficantes, nos “arregos” celebrados por suas bandas podres, à luz do dia, diante de todos. Deveriam parar de negociar armas com traficantes, o que as bandas podres fazem, sistematicamente. Deveriam também parar de reproduzir o pior do tráfico, dominando, sob a forma de máfias ou milícias, territórios e populações pela força das armas, visando rendimentos criminosos obtidos por meios cruéis.
Ou seja, a polaridade referida na pergunta (polícias versus tráfico) esconde o verdadeiro problema: não existe a polaridade. Construí-la –isto é, separar bandido e polícia; distinguir crime e polícia-- teria de ser a meta mais importante e urgente de qualquer política de segurança digna desse nome. Não há nenhuma modalidade importante de ação criminal no Rio de que segmentos policiais corruptos estejam ausentes. E só por isso que ainda existe tráfico armado, assim como as milícias.
Não digo isso para ofender os policiais ou as instituições. Não generalizo. Pelo contrário, sei que há dezenas de milhares de policiais honrados e honestos, que arriscam, estóica e heroicamente, suas vidas por salários indignos. Considero-os as primeiras vítimas da degradação institucional em curso, porque os envergonha, os humilha, os ameaça e acua o convívio inevitável com milhares de colegas corrompidos, envolvidos na criminalidade, sócios ou mesmo empreendedores do crime.
Não nos iludamos: o tráfico, no modelo que se firmou no Rio, é uma realidade em franco declínio e tende a se eclipsar, derrotado por sua irracionalidade econômica e sua incompatibilidade com as dinâmicas políticas e sociais predominantes, em nosso horizonte histórico. Incapaz, inclusive, de competir com as milícias, cuja competência está na disposição de não se prender, exclusivamente, a um único nicho de mercado, comercializando apenas drogas –mas as incluindo em sua carteira de negócios, quando conveniente. O modelo do tráfico armado, sustentado em domínio territorial, é atrasado, pesado, anti-econômico: custa muito caro manter um exército, recrutar neófitos, armá-los (nada disso é necessário às milícias, posto que seus membros são policiais), mantê-los unidos e disciplinados, enfrentando revezes de todo tipo e ataques por todos os lados, vendo-se forçados a dividir ganhos com a banda podre da polícia (que atua nas milícias) e, eventualmente, com os líderes e aliados da facção. É excessivamente custoso impor-se sobre um território e uma população, sobretudo na medida que os jovens mais vulneráveis ao recrutamento comecem a vislumbrar e encontrar alternativas. Não só o velho modelo é caro, como pode ser substituído com vantagens por outro muito mais rentável e menos arriscado, adotado nos países democráticos mais avançados: a venda por delivery ou em dinâmica varejista nômade, clandestina, discreta, desarmada e pacífica. Em outras palavras, é melhor, mais fácil e lucrativo praticar o negócio das drogas ilícitas como se fosse contrabando ou pirataria do que fazer a guerra. Convenhamos, também é muito menos danoso para a sociedade, por óbvio.
(c) O Exército deveria participar?
Fazendo o trabalho policial, não, pois não existe para isso, não é treinado para isso, nem está equipado para isso. Mas deve, sim, participar. A começar cumprindo sua função de controlar os fluxos das armas no país. Isso resolveria o maior dos problemas: as armas ilegais passando, tranquilamente, de mão em mão, com as benções, a mediação e o estímulo da banda podre das polícias.
E não só o Exército. Também a Marinha, formando uma Guarda Costeira com foco no controle de armas transportadas como cargas clandestinas ou despejadas na baía e nos portos. Assim como a Aeronáutica, identificando e destruindo pistas de pouso clandestinas, controlando o espaço aéreo e apoiando a PF na fiscalização das cargas nos aeroportos.
(d) A imagem internacional do Rio foi maculada?
Claro. Mais uma vez.
(e) Conseguiremos realizar com êxito a Copa e as Olimpíadas?
Sem dúvida. Somos ótimos em eventos. Nesses momentos, aparece dinheiro, surge o “espírito cooperativo”, ações racionais e planejadas impõem-se. Nosso calcanhar de Aquiles é a rotina. Copa e Olimpíadas serão um sucesso. O problema é o dia a dia.
Palavras Finais
Traficantes se rebelam e a cidade vai à lona. Encena-se um drama sangrento, mas ultrapassado. O canto de cisne do tráfico era esperado. Haverá outros momentos análogos, no futuro, mas a tendência declinante é inarredável. E não porque existem as UPPs, mas porque correspondem a um modelo insustentável, economicamente, assim como social e politicamente. As UPPs, vale dizer mais uma vez, são um ótimo programa, que reedita com mais apoio político e fôlego administrativo o programa “Mutirões pela Paz”, que implantei com uma equipe em 1999, e que acabou soterrado pela política com “p” minúsculo, quando fui exonerado, em 2000, ainda que tenha sido ressuscitado, graças à liderança e à competência raras do ten.cel. Carballo Blanco, com o título GPAE, como reação à derrocada que se seguiu à minha saída do governo. A despeito de suas virtudes, valorizadas pela presença de Ricardo Henriques na secretaria estadual de assistência social --um dos melhores gestores do país--, elas não terão futuro se as polícias não forem profundamente transformadas. Afinal, para tornarem-se política pública terão de incluir duas qualidades indispensáveis: escala e sustentatibilidade, ou seja, terão de ser assumidas, na esfera da segurança, pela PM. Contudo, entregar as UPPs à condução da PM seria condená-las à liquidação, dada a degradação institucional já referida.
O tráfico que ora perde poder e capacidade de reprodução só se impôs, no Rio, no modelo territorializado e sedentário em que se estabeleceu, porque sempre contou com a sociedade da polícia, vale reiterar. Quando o tráfico de drogas no modelo territorializado atinge seu ponto histórico de inflexão e começa, gradualmente, a bater em retirada, seus sócios –as bandas podres das polícias-- prosseguem fortes, firmes, empreendedores, politicamente ambiciosos, economicamente vorazes, prontos a fixar as bandeiras milicianas de sua hegemonia.
Discutindo a crise, a mídia reproduz o mito da polaridade polícia versus tráfico, perdendo o foco, ignorando o decisivo: como, quem, em que termos e por que meios se fará a reforma radical das polícias, no Rio, para que estas deixem de ser incubadoras de milícias, máfias, tráfico de armas e drogas, crime violento, brutalidade, corrupção? Como se refundarão as instituições policiais para que os bons profissionais sejam, afinal, valorizados e qualificados? Como serão transformadas as polícias, para que deixem de ser reativas, ingovernáveis, ineficientes na prevenção e na investigação?
As polícias são instituições absolutamente fundamentais para o Estado democrático de direito. Cumpre-lhes garantir, na prática, os direitos e as liberdades estipulados na Constituição. Sobretudo, cumpre-lhes proteger a vida e a estabilidade das expectativas positivas relativamente à sociabilidade cooperativa e à vigência da legalidade e da justiça. A despeito de sua importância, essas instituições não foram alcançadas em profundidade pelo processo de transição democrática, nem se modernizaram, adaptando-se às exigências da complexa sociedade brasileira contemporânea. O modelo policial foi herdado da ditadura. Ele servia à defesa do Estado autoritário e era funcional ao contexto marcado pelo arbítrio. Não serve à defesa da cidadania. A estrutura organizacional de ambas as polícias impede a gestão racional e a integração, tornando o controle impraticável e a avaliação, seguida por um monitoramento corretivo, inviável. Ineptas para identificar erros, as polícias condenam-se a repeti-los. Elas são rígidas onde teriam de ser plásticas, flexíveis e descentralizadas; e são frouxas e anárquicas, onde deveriam ser rigorosas. Cada uma delas, a PM e a Polícia Civil, são duas instituições: oficiais e não-oficiais; delegados e não-delegados.
E nesse quadro, a PEC-300 é varrida do mapa no Congresso pelos governadores, que pagam aos policiais salários insuficientes, empurrando-os ao segundo emprego na segurança privada informal e ilegal.
Uma das fontes da degradação institucional das polícias é o que denomino "gato orçamentário", esse casamento perverso entre o Estado e a ilegalidade: para evitar o colapso do orçamento público na área de segurança, as autoridades toleram o bico dos policiais em segurança privada. Ao fazê-lo, deixam de fiscalizar dinâmicas benignas (em termos, pois sempre há graves problemas daí decorrentes), nas quais policiais honestos apenas buscam sobreviver dignamente, apesar da ilegalidade de seu segundo emprego, mas também dinâmicas malignas: aquelas em que policiais corruptos provocam a insegurança para vender segurança; unem-se como pistoleiros a soldo em grupos de extermínio; e, no limite, organizam-se como máfias ou milícias, dominando pelo terror populações e territórios. Ou se resolve esse gargalo (pagando o suficiente e fiscalizando a segurança privada /banindo a informal e ilegal; ou legalizando e disciplinando, e fiscalizando o bico), ou não faz sentido buscar aprimorar as polícias.
O Jornal Nacional, nesta quinta, 25 de novembro, definiu o caos no Rio de Janeiro, salpicado de cenas de guerra e morte, pânico e desespero, como um dia histórico de vitória: o dia em que as polícias ocuparam a Vila Cruzeiro. Ou eu sofri um súbito apagão mental e me tornei um idiota contumaz e incorrigível ou os editores do JN sentiram-se autorizados a tratar milhões de telespectadores como contumazes e incorrigíveis idiotas.
Ou se começa a falar sério e levar a sério a tragédia da insegurança pública no Brasil, ou será pelo menos mais digno furtar-se a fazer coro à farsa

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

CDH-FOZ EM PARCERIA COM A ESCOLA NACIONAL FLORESTÁN FERNANDES REALIZA CURSO DE FORMAÇÃO.por: Tathiana Guimarães e Danilo Georges



No último final de semana dos dias 20 e 21 de novembro, o reativo Centro de Direitos Humanos (CDH) e Memória Popular trouxe a Foz do Iguaçu um integrante da Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), para aplicar o curso de formação “Como funciona a sociedade- Parte I”.
O curso foi ministrado pelo historiador Angelo Diogo Manzin. Com base na teoria marxista e metodologia da pedagogia libertária, o educador explicou de maneira expositiva e didática como chegamos ao modelo capitalista de produção e de que forma este é reproduzido nos diversos ramos da sociedade.
Durante a dinâmica do curso diversas teorias foram apresentadas e debatidas, contribuindo para compreensão do modo que como se constitui a vida social. Entre as questões atuais estavam pautadas contradições do sistema capitalista como: Por que a sociedade em que vivemos produz riqueza como nunca, ao mesmo tempo em que aprofunda a miséria de bilhões de seres humanos? Qual a relação do atual sistema com a destruição catastrófica do meio ambiente, e a origem da imensa desigualdade social que corrói a humanidade?
Estes e outros problemas sociais foram repensados pelo grupo participante, que variou entre universitários da Unila, Unioeste e Uniamérica, professores da rede pública e privada, comunicadores e profissionais autônomos, entre eles a costureira Maria Lúcia de 60 anos de idade, que cursou somente a 4ª série primária, mas pode aprender e participar da mesma forma que o estudante de mestrado Fernando Favaretto também aluno do curso e membro do CDH-FOZ.
Na sua prática o curso como Funciona a Sociedade I, busca auxiliar os campos dos conhecimentos humanos, independente do nível de escolaridade ou especificidade, para aprofundar a discussão e fomentar concepções críticas sobre a realidade que nos cerca.
O objetivo da atividade foi atender a necessidade de formação política de cidadãos, militantes, organizações e movimentos sociais que atuam tendo em vista a construção de uma sociedade mais consciente e igualitária.
Como se sabe, para que a transformação da sociedade aconteça é preciso que os sujeitos tornem-se conscientes da sua própria história. Como já disse o escritor uruguaio Eduardo GaleanoA primeira condição para modifica a realidade consiste em conhecê-la”. Por está razão, o CDH esta empenhado em oferecer aos iguaçuenses as próximas etapas do curso, logo no inicio de 2011.

Escola do MST recebe melhor nota do Enem por: Altamiro Borges



Nos últimos dias, a mídia demotucana tem feito um grande alarde contra o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Devido a falhas lamentáveis em algumas provas, ela decidiu transformar o assunto na sua primeira bandeira de oposição ao futuro governo Dilma Rousseff. De quebra, ainda presta um serviço à poderosa indústria do vestibular e às faculdades privadas. O Grupo Folha, dono da gráfica que imprimiu as provas irregulares, é um dos que mais fustiga o Enem.

Com sua cobertura enviesada e manipuladora, a mídia omite fatos curiosos do Enem. Um deles, que ela nunca divulgaria, é que a Escola Semente da Conquista, localizada no assentamento 25 de Maio, em Santa Catarina, foi o destaque do Exame Nacional em 2009, conforme noticiado na página oficial do Enem. Ela ocupou a primeira posição no município, com nota de 505,69.

Semente da Conquista

Nesta escola estudam 112 filhos de assentados, de 14 a 21 anos. Ela é dirigida por militantes do MST e os professores foram indicados pelos próprios assentados do município de Abelardo Luz, cidade com o maior número de famílias assentadas no estado. São 1.418 famílias, morando em 23 assentamentos. A primeira colocação no Enem foi comemorada pelas famílias de sem-terra.

A mídia, porém, nada falou sobre esta vitória. Segundo o sítio do MST, “essa conquista, histórica para uma instituição de ensino do campo, ficou fora da atenção da mídia, como também é pouco reconhecida pelas autoridades políticas de nosso estado. A engrenagem ideológica sustentada pela mídia e pelas elites rejeita todas as formas de protagonismo popular, especialmente quando esses sujeitos demonstram, na prática, que é possível outro modelo de educação”.

“A Escola Semente da Conquista é sinal de luta contra o sistema que nada faz contra os índices de analfabetismo e êxodo rural. Vale destacar que vivemos numa sociedade em que as melhores bibliotecas, cinemas, teatros são para uma pequena elite... Mesmo com todas as dificuldades, a escola foi destaque entre as escolas do município. Este fato não é apenas mérito dos educandos, mas sim da proposta pedagógica do MST, que tem na sua essência a formação de novos homens e mulheres, sujeitos do seu processo histórico em construção e em constante aprendizado”.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

ATIVIDADE DIA 20 DE NOV, NA UTFPR CAMPO MOURÃO

Campus comemora o Dia da Consciência Negra com atividades envolvendo Hip Hop

O Dia da Consciência Negra é comemorado no próximo sábado. A data do dia 20 de novembro foi escolhida por ter sido neste dia, no ano de 1695, que morreu Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares. Esta data foi estabelecida pelo projeto lei número 10.639, no dia 9 de janeiro de 2003.

No Campus Campo Mourão da UTFPR a data será comemorada com atividades envolvendo uma das manifestações culturais que está bastante ligada à história dos negros: o Hip Hop.

Na sexta-feira, dia 19, haverá intervalo cultural com Hip Hop no pátio do Campus, às 10h e às 15h30. No sábado a programação inclui apresentação musical, às 7h45; Exibição e discussão do documentário As Muitas Faces de Uma Cidade, com o professor Danilo George Ribeiro (SEED/PR e Centro de Direitos Humanos e Memória Popular de Foz do Iguaçu CDHMP), das 8h às 10h e oficina sobre Hip-Hop, ministrada por Eliseu Pirocelli (Mano Zeu), do Cartel do Rap de Foz do Iguaçu. As atividades do sábado serão realizadas no anfiteatro da UTFPR.

De acordo com o professor Emílio Gonzalez, um dos organizadores do evento, essa atividade faz parte do calendário acadêmico da UTFPR e está inclusa no currículo do curso Técnico Integrado em Informática. O professor Emílio ressalta que não só os alunos do curso técnico como toda comunidade está convidada a participar.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Consultores da Unesco criticam regulação da mídia no Brasil

Durante seminário internacional realizado no ínicio dessa semana em Brasília, Toby Mendel e Wijayananda Jayaweera, representantes da Unesco, disseram que o Brasil necessita de uma renovação no sistema regulatório das comunicações.
Os pesquisadores expuseram indicadores de desenvolvimento de mídias no Seminário Internacional Convergência de Mídias, que ocorreu na última terça (9) e quarta (10), em Brasília.
Dentre as críticas apresentadas ao sistema regulatório brasileiro está a necessidade de um órgão regulador independente, como há em Portugal. Ou seja, o sistema de concessões e outorgas para emissoras de rádio e tv não precisariam passar pelo Congresso e pelo governo Federal.

Mendel também disse considerar o sistema de concessão de outorgas pouco transparente. Ele frisou que o momento de renovação da concessão é importante avaliar o serviço prestado pela emissora. Contudo, no Brasil, a legislação praticamente faz com que as renovações sejam automáticas. Ela exige que para que uma outorga não seja renovada dois quintos do Congresso se manifeste contrário - e em votação nominal.

Outro ponto polêmico foi defendido pelos pesquisadores da Unesco foi sobre a regulação de conteúdo divulgado pelas emissoras. Enquanto veículos da grande mídia insistem em chamar o controle social de censura, Mendel insiste que essa regulação é importante devido ao impacto que os veículos de mídia geram na vida das pessoas.

Jayaweera e Mendel também apontaram que no Brasil ainda existem poucos veículos comunitários ocupando o espectro. Eles veêm na falta de financiamento uma das dificuldades para estimular esse tipo de mídia. Por isso, defenderam que o marco regulatório reveja as possibilidades de financiamento dessas emissoras como, por exemplo, a permissão para obter recursos com publicidade. Hoje, a lei de rádios comunitárias no Brasil, proibe essa prática.

Os consultores também notaram que faltam produções regionais e independentes nos veículos de mídia.

O seminário foi promovido pela Secretária de Comunicação e tem como principal objetivo obter subsídios para elaboração de um anteprojeto do novo marco regulatório da comunicação, a ser apresentado ao próximo governo. (pulsar/observatóriodacomunicação
)

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Considerações sobre a cobertura jornalistica no processo eleitoral

Dizia Gramsci em 1920: “O operário deve negar decididamente qualquer solidariedade com o jornal burguês. Deveria recordar-se sempre, sempre, sempre, que o jornal burguês (qualquer que seja sua cor) é um instrumento de luta movido por idéias e interesses que estão em contraste com os seus. Tudo o que se publica é constantemente influenciado por uma idéia: servir à classe dominante, o que se traduz sem dúvida num fato: combater a classe trabalhadora. E, de fato, da primeira à última linha, o jornal burguês sente e revela esta preocupação.” E Gramsci propunha o boicote aos jornais da burguesia.
Esse pensamento de Gramsci está mais atual do que nunca, essa lógica é palpável quando analisamos a cobertura da mídia corporativista das eleições, com uma fábula de mentiras, gafes e mensagens subliminares, a tal “neutralidade” e “imparcialidade” desapareceu, vou citar aqui alguns descaminhos jornalísticos que ocorreram durante o período eleitoral:
“AS CAPAS PASSIONAIS DA VEJA” (A PUBLICAÇÃO APRESENTOU NO PERÍODO ELEITORAL UMA SEQUÊNCIA PANFLETÁRIA DE CAPAS CONTRA O PT E DILMA ROUSSEFF E CHEGOU A APRESENTAR UMA IDENTIFICAÇÃO FOTOGRÁFICA ENTRE O PRESIDENTE LULA E FIDEL CASTRO. TENTANDO APONTAR QUE O BRASIL CAMINHARIA PARA OS RUMOS CUBANOS.
NA ULTIMA CAPA VENDO QUE TODA BAIXARIA NÃO SURTIA MAIS EFEITO, E TENDO A DERROTA COMO HORIZONTE TROUXE LULA EM UMA VERSÃO PRAIANA COM A FRASE “ELE SAIRÁ DA PRESIDÊNCIA, MAS A PRESIDÊNCIA SAIRÁ DELE?” APRESENTANDO AGORA UMA VERSÃO MAIS LIGHT.

DURANTE ENTREVISTA DE DILMA ROUSSEFF AO JORNAL NACIONAL (GLOBO), WILLIAM BONNER APRESENTADOR DO TELEJORNAL, FALAVA DE MANEIRA TÃO AGRESSIVA QUE NÃO DEIXAVA A CANDIDATA FALAR. ELE IRRITOU A PRÓPRIA MULHER, QUE LHE DEU UM CUTUCÃO EM REDE NACIONAL DE TELEVISÃO.
BONNER PERDEU A LINHA, EU SÓ IMAGINO A RAIVA DO EDITOR CHEFE DO JORNAL NACIONAL ALI KAMEL AGENTE DA DITADURA MILITAR QUE DEVIA INCENTIVAR ATRAVÉS DO PONTO PALAVRAS COMO “ATACA, MORDE”

AS MANCHETES DO JORNAL O GLOBO TAMBÉM MERECEM DESTAQUE: CHEGANDO AO DESRESPEITO DE PUBLICAR UMA FOTO DA CANDIDATA ADVERSÁRIA, DILMA ROUSSEFF, SOB AS LETRAS “FEDE” (CORTE DA PALAVRA “FEDERAL”, QUE APARECIA NUM BANNER AO FUNDO).

DURANTE O DEBATE NA REDE RECORD COM OS CANDIDATOS A PRESIDENTE PLÍNIO ARRUDA SAMPAIO-PSOL DEFERIU UM ATAQUE CONTRA a TELEVISÃO e o monopolio dos meios de comunicação NO MESMO MOMENTO ACONTECERAM “ FALHAS TÉCNICAS” DANDO UM APAGÃO NO PAINEL DO CANDIDATO.

NÃO ESQUECEMOS TAMBÉM DAS DUAS CARAS DA “FOLHA DE S.PAULO” O JORNAL FEZ JURAS DE AMOR A SERRA, MAS, QUANDO O TIME CHEGOU À ZONA DE REBAIXAMENTO, PULOU FORA E QUIS FAZER MÉDIA COM A TORCIDA ADVERSÁRIA, DENUNCIANDO A FALCATRUA DO METRÔ DE SÃO PAULO A CINCO DIAS DA ELEIÇÃO.

VALE RESSALTAR QUE A MÍDIA TEM DONO, O DONO PERTENCE Á UMA CLASSE E COMO CLASSE UTILIZA A IMPRENSA PARA A MANUTENÇÃO DO PODER.
O TRABALHADOR DEVE PONDERAR QUAIS MÍDIAS ESTÃO A SEU FAVOR, E QUAIS ESTÃO CONTRA, SABENDO O QUE DEVE OU NÃO ENTRAR EM SUA CASA.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

single na levada positiva grupo de RAP-Profecia da Fronteira

Single do grupo de rap de foz do Iguaçu [profecia da fronteira 3.0]
Formado: por, Thiago, Alexandre e Josué e contando com a produção
Do mano THIAGO(PESADELO) o grupo vem logo logo ai na cena
Com o tema Na levada positiva..