
Dos que vieram
e conosco se aliaram
muitos traziam sombras no olhar
intenções estranhas.
Para alguns deles a razão da luta
era só ódio: um ódio antigo
centrado e surdo
como uma lança.
Para alguns outros era a bolsa
bolsa vazia (queriam enchê-la)
queriam enche-la com coisas sujas
inconfessáveis.
Outros viemos.
Lutar para nós é ver aquilo
que o Povo quer
realizado.
É ter a terra onde nascemos.
É sermos livres pra trabalhar.
É ter pra nós o que criamos.
Lutar pra nós é um destino-
é uma ponte entre a descrença
e a certeza de um mundo novo.
Na mesma barca nos encontramos.
Todos concordam-vamos lutar.
Lutar pra que?
Pra dar vazão ao ódio antigo?
Ou pra garnhar a liberdade
e ter pra nós o que criamos?
Na mesma barca nos encontramos
Quem há-de ser o timoneiro?
Ah as tramas que eles teceram!
Ah as lutas que aí travamos.
Mantivemo-nos firmes:
no povo buscarámos a força
e a razão.
Inexoravelmente
como uma onda que ninguem trava
vencemos.
O povo tomou a direção da barca.
Mas a lição aí esta, foi aprendida:
não basta que seja pura e justa
a nossa causa.
É necessário que a pureza e a justiça
estejam dentro de nós.
Antonio Agostinho Neto. poeta angolano. Que liderou o Movimento Popular de Libertação de Angola.
Nenhum comentário:
Postar um comentário