terça-feira, 25 de maio de 2010

Dicotomia ou dialética a contradição se manifesta

POEMA DA CONTRADIÇÃO

O amor vira dor
O ANALFABETO VIRA PROFESSOR
O rebelde vira pastor

O homofóbico vira homosexual
O SOCIALISTA VIRA NEOLIBERAL
O bem vira mal

Favelado vira mega-empresário
SANGUE BOM VIRA OTÁRIO
Desemprego vira salário

Negro que se torna racista
COMUNISTA QUE SE TORNA FASCISTA
Pessimista que se torna otimista

N em Freud nem autoajuda
NEM SANTA NEM PUTA
Nem igreja nem macumba

Nem serra nem lula
NEM EGOÍSMO NEM AJUDA
Nem sol nem chuva

É fiel é pagão
É POBRE É PATRÃO
É Honesto é ladrão

É saída ou solução
É EMOÇÃO OU É RAZÃO
É luz ou escuridão

É maldição
É benção
É CONTRADIÇÃO!

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Qual a cor do seu sangue?, por Danilo Georges

















No século XIX um filosofo alemão começou a refletir sobre a sociedade daquela época. Percebeu que algo estava errado. Pois havia um deslumbramento muito grande com a cor azul. O azul era límpido, pois representava a liberdade. Pois a libertava da opressora cor dourada, que simbolizava o ouro e o poder dos reis.

O azul aparecia como o novo, era tão racional, igualitário e fraterno. A cor azul se espalhou pela Europa, cresceu e começara a se impor. Com o passar do tempo todos também queriam ter o sangue azul. Os que tinham sangue azul eram especiais compravam, vendiam e negociavam. Taxavam os preços, os prazos e os juros.
Mas o teimoso alemão achava que o sangue que devia predominar era o vermelho que era comum a todos.

Pensava uma vez que a maioria sangrava vermelho, o porquê desse sangue não se estabelecer, ser dono das hemácias que produz. O sangue estacava “vermelhadamente” nas fabricas, pubs e em todos os cantos suburbanos da Europa. Essa população sangraria pelos mesmos motivos: fome, miséria e exploração do trabalho.

Enquanto os azuis sangravam nos portos, nas feiras de comercio e no mercado. Sangravam de prazer. Do lucro, do poder de compra e de venda. O problema é que os que sangravam vermelho sonhavam um dia também poder sangrar azul.

Pois os Azuis disseram que era só eles se desenvolverem, progredirem e evoluir que também chegariam um dia a ter a dádiva do sangue azul. Há os azuis pareciam tão bonzinhos,eram tão finos, nobres e educados. Ao que parece eles foram merecedores desse sangue tão especial. É algo tão natural nascer com esse sangue tão raro.

Mas o filosofo pensou, refletiu e concluiu que aquilo não era possível, por que para aquela minoria ter o sangue azul era necessário explorar e retirar cada vez mais os glóbulos do sangue comum dos vermelhos. Assim ele desenvolveu uma complexa teoria que a sociedade vivia em uma luta de sangues, os azuis versus o vermelho.

O alemão teimoso muito fez. Escreveu, falou e debateu. Conseguiu convencer alguns do sangue comum que eles jamais prosperariam, mas esses ainda não foram suficientes para derrotar os azuis. Por que a conjuntura dos vermelhos não conseguem se vê como sangue comum, e os que se vêm como vermelhos não conseguem se comunicar com os demais do mesmo sangue.

E dessa forma seu sangue segue cada vez mais desvalorizado. Enquanto o sangue azul segue dominando e se valorizando ainda mais. Hoje no século XXI está cada vez mais raro e difícil manter o nível de sangue azul na sociedade. Mas ainda não há problema para esses. Pois quando seus glóbulos se enfraquecem e tem uma baixa de hemácias no mercado, eles sacrificam ainda mais o sanguinho comum dos pobres e excluídos vermelhos. Hoje todo homem sangra, mas em cores diferentes. E você em que cor sangra?

quarta-feira, 19 de maio de 2010

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Feira do livro ou cultura sem incentivo?

No último sábado dia 15 de maio, fui conferir a terceira edição da feira do livro, propagandeada como o maior evento literário do Paraná.
E o que eu vi mais uma vez foi uma atividade esvaziada, e a mesma desculpa esfarrapada. O povo de foz não se interessa por cultura, literatura etc.
Na verdade as políticas culturais da cidade não se importam com o povo e o esvaziamento revela essa relação conflitante entre a população e ações promovidas pela fundação cultural.

O que eu vi foram alguns estandes de livrarias consolidadas da cidade vendendo Best Sellers, nada de novo, nada de atraente. Como um festival nesse formato que valoriza o mais do mesmo vai chamar a atenção da população?

Nessa cidade há vários poetas, artistas e escritores, uma forte expressão através de fanzines, revistas e jornais e tudo o que há de mais criativo no área de literatura; e mais uma vez contatamos que os escritores da cidade não são lembrados e não são convidados a participar na feira do livro da cidade. Esquisito não?

o formato de “festival” não reconhece esses artistas pois é preferível incentivar as editoras e livrarias já consolidadas, que pagam caro para alugar um espaço nessa feira.Ao que consta tomaram um prejuizo.


Mas nem tudo foi perdido ao menos no sábado rolou um o show com a banda de blues da argentina Rula y Los de la Esquina que arrebentou. O pouco público que apareceu aplaudiu de pé.

A feira do livro não valeu a pena um espaço chato, frio sem nada de atraente. Mas pelo menos a boa música compensou o que seria um tempo perdido.

Mas em algum jornal comprado da cidade haverá uma nota dizendo que esse evento é um sucesso, mas a feira do livro na verdade revela mais uma vez a cultura sem incentivo.

Em contrapartida emerge cada vez mais eventos organizados por esses "sem espaço" e "voz" e que estão cada vez mais lotados.Só nesse mês foram 2 eventos o café com teatro que rolou no zeplin old bar e a festa do pessoal da serigrafia da likelion, que reuniu bandas, poetas, escritores, artistas e ativistas da cidade.

Será mesmo que o povo de foz não se interessa por arte e literatura?

sexta-feira, 14 de maio de 2010

DO POVO BUSCAMOS A FORÇA














Dos que vieram
e conosco se aliaram
muitos traziam sombras no olhar
intenções estranhas.

Para alguns deles a razão da luta
era só ódio: um ódio antigo
centrado e surdo
como uma lança.

Para alguns outros era a bolsa
bolsa vazia (queriam enchê-la)
queriam enche-la com coisas sujas
inconfessáveis.

Outros viemos.
Lutar para nós é ver aquilo
que o Povo quer
realizado.
É ter a terra onde nascemos.
É sermos livres pra trabalhar.
É ter pra nós o que criamos.
Lutar pra nós é um destino-
é uma ponte entre a descrença
e a certeza de um mundo novo.

Na mesma barca nos encontramos.
Todos concordam-vamos lutar.

Lutar pra que?
Pra dar vazão ao ódio antigo?
Ou pra garnhar a liberdade
e ter pra nós o que criamos?

Na mesma barca nos encontramos
Quem há-de ser o timoneiro?
Ah as tramas que eles teceram!
Ah as lutas que aí travamos.

Mantivemo-nos firmes:
no povo buscarámos a força
e a razão.

Inexoravelmente
como uma onda que ninguem trava
vencemos.
O povo tomou a direção da barca.

Mas a lição aí esta, foi aprendida:
não basta que seja pura e justa
a nossa causa.
É necessário que a pureza e a justiça
estejam dentro de nós.

Antonio Agostinho Neto. poeta angolano. Que liderou o Movimento Popular de Libertação de Angola.

domingo, 9 de maio de 2010

todo louco tem um pouco de cabeça no lugar...


OBSERVAR E ABSORVER! Essa é uma das grandes frases que meu amigo "ARTEIRO" EDUARDO MARINHO, me ensinou. Conheci essa figura no curso de agentes culturais populares da UFF. E vim aqui posta um video aonde ele conta um pouco da sua história.Eduardo marinho se diz um cara "apaixonado por Marx, mas que não gosta dos marxistas". Mas sempre me respeitou; foram muitas conversas, cervejas e ações politicas culturais juntos. Outra grande tela dele diz "Sentir é mais do que saber" contrariando a propriedade intelectual que muitos se apossam, mas não são de fato sensiveis para transformar a triste realidade social desse país.
Deixei no ap do rj uma tela que ele me presenteou, que dizia "é por tão poucos teram tando, que tantos têm tão poucos".
vejam a entrevista desse louco que têm muita cabeça no lugar.

sábado, 1 de maio de 2010

Foz de Iguaçu (PR): as várias faces de uma cidade POR:Antonio Ozaí da Silva*

Uma idéia na cabeça, uma câmara na mão. Resultado: um excelente documentário sobre Foz de Iguaçu (PR). As muitas faces de uma cidade, produzido por Danilo Georges e Eliseu Pirocelli, revela as contradições do espaço urbano, geralmente ocultadas pelos interesses políticos e econômicos dominantes.

De maneira perspicaz, as cenas iniciais traçam um paralelo entre a cidade idealizada para efeito de propaganda turística e a outra cidade desconhecida pelo turista. De fato, o olhar do turista, em geral, é para as paisagens que são apresentadas nos cartões-postais. Turista quer se divertir, ver o belo espetáculo da natureza, etc. Seus olhos são seletivos. O objetivo é o deleite. A realidade que persiste paralelamente à cidade vista pelo turista gera desconforto. Como afirma o DJ Caê, a administração pública prioriza a cidade a ser mostrada ao turista: “Eles se preocupam muito em deixar a cidade boa pro turista, pra quem tá vindo de fora, mas, não se preocupam tanto para quem tá aqui”.

O documentário mostra o outro lado da cidade: os bairros periféricos e favelas como Cidade Nova, Passarela (Vila C), Favela do Queijo, Favela Jd. Paraná, Morenitas. Nestes espaços a vida também pulsa com toda a intensidade, mas a grande mídia, predominantemente, atenta apenas para a miséria e violência. Dessa forma, alimenta o preconceito contra os pobres. Este aspecto é enfatizado no documentário e as palavras de Vera Malaguti resumem-no bem: “A imprensa é estimuladora do medo. As razões maiores do aumento da violência não são discutidas, então, a gente não caminha para a frente”. As imagens e falas registrados são uma denúncia de uma certa postura elitista que culpabiliza e criminaliza os pobres pela situação em que se encontram, e, assim, desconsidera as estruturas políticas, econômicas e sociais que os mantêm nestas circunstâncias.

Pobreza não é sinônimo de ausência de cultura. As condições sociais e econômicas não permitem o acesso à chamada “cultura culta e erudita”, mas as dificuldades e necessidades também estimulam a criatividade e a emergência da cultura e arte popular como a de Mano Edo, artesão que constrói casas e uma cidade em miniatura. Há também expressões culturais como o Rap e o Hip Hop. É uma cultura de resistência.

Um dos méritos desse documentário é não cair na tentação da apologia da miséria. Os moradores da periferia não são apresentados apenas como vítimas de uma cidade injusta e desigual, mas enfaticamente enquanto indivíduos criativos que resistem e lutam para superar a realidade e os mecanismos que os oprimem.

As muitas faces de uma cidade é também uma denúncia contra a concentração dos meios de comunicação. A população da periferia torna-se refém da imagem que a mídia constrói sobre ela e, especialmente, do ocultamento de que é vítima na medida em que priorizam-se os aspectos para consumo turístico. A isto soma-se as enormes dificuldades para o acesso aos meios de comunicação comunitários que expressem sua fala e cultura. O documentário mostra as múltiplas faces da cidade Foz do Iguaçu e propicia uma forma de expressão dos diretamente envolvidos neste drama humano e das manifestações culturais que, apesar de tudo, eles produzem.

“Queremos ver o dia, em que os estudos sobre a violência dos de baixo, cedam lugar aos estudos sobre a rede de solidariedade entre os pobres, sobre suas sociabilidades, suas formas de lazer e de construir o mundo” (Milton Santos).

É com estas palavras que o documentário é finalizado. Elas sintetizam bem o que vemos e ouvimos nos pouco mais de 30 minutos de duração. Os produtores de As muitas faces de uma cidade conseguiram ser fiéis a este propósito.

Ps.: Obrigado ao Danilo Georges pelo envio do DVD e a oportunidade de assisti-lo.

*Antonio Ozai é docente no Curso de Ciências Sociais na UEM. editor da revista Espaço Acadêmico e escritor de diversas obras entre elas "As têndencias das Esquerdas no Brasil.