domingo, 26 de setembro de 2010

Futebol, a esquerda e a mercantilização do esporte: danilo georges

O FUTEBOL, desperta paixões, cria mitos, heróis, vilões, glórias e tragédias. Exaltado pelas multidões em sua maioria um povo pobre, sofrido e batalhador. Esse esporte realmente é um espetáculo. Os jogadores habilidosos como Neymar, Ganso e Valdivia fazem desse jogo uma arte, a bola vira uma grande bailarina em seu pé.
Mas como tudo se transforma nessa sociedade, o futebol também tem seu lado sombrio, que envolve grandes interesses econômicos e poderosas cifras milionárias. O futebol faz parte da cultura popular Brasileira e há nessa paixão interesses políticos e financeiros.
O respeito pelos apaixonados do futebol têm sido subtraído pela lógica capitalista de transformar tudo em mercadoria, as camisetas do clube estão caríssimas, peguemos como exemplo a camisa oficial da seleção Brasileira da marca Nike, custa 189,00 reais.
Os estádios também estão cada vez mais dentro dessa lógica de “aburgueisamento” espaços populares como a geral do Maracanã foi retirada dando lugares a cadeiras que custam 3 vezes mais, deixando parte dos apaixonados de fora.
A tendência é piorar, depois dessa nova reforma milionária do Maracanã,(detalhe é que todos nós brasileiros pagamos e caro por ela). Serão reduzidas ainda mais a capacidade, aumentando o valor dos ingressos, cada vez mais o povo perde o acesso ao seu espaço de alegria, dor e desabafo.
Os estádios como o futebol vão perdendo vida, é cada vez mais raro achar torcedores fantasiados, o batuque e instrumentos de percussão foram retirados da torcida, proibiram bandeiras de torcida que tinham a cara de Che Guevara, estão tirando também a identidade do nosso povo, sua forma de torcer. Nesse ritmo em 40 anos nossos estádios vão parecer estádio de tênis, aonde não pode fazer barulho, xingar, beber nem batucar. Uma chatice sem tamanho.
A única liberdade que cresce no futebol é a liberdade de compra, até os jogadores estão proibidos de comemorar levantando a camisa, pois não apareceria as marcas dos patrocinadores, e sim expressões como “100% Jesus” “100% vila Irene” etc. Nem Jesus, nem a comunidade excluida da Vila Irene pagam por aqueles segundos na TV então foram censurados.
Os empresários e publicitários mandam e desmandam cada vez mais nos clubes brasileiros, a cartolagem rola solta, as camisas, calções e até as mangas das camisas e golas têm uma marca tarimbada, quando a bola rola para o lado do campo você vê de longe uma placa luminária do Itaú piscando.
O futebol é uma grande maneira de entender a sociedade na qual vivemos a direita sabe disso e já usou e usa o futebol ao seu favor, lembremos do cretinismo político futebolístico do ditador MEDICI que usou esse esporte para exaltar a nação, em época que o pais sofria com a ditadura militar. Enquanto Pelé fazia golaços na copa de 1970, os soldados chutavam a cabeça do povo Brasileiro.
A esquerda ortodoxa Brasileira continua reafirmando a idéia que o futebol é o ópio do povo, sendo assim o futebol e toda lógica capitalista, escravista e publicitária que nele envolve não deve participar das pautas e das discussões dos movimentos sociais.
Meu mentor intelectual o velho, banguelo e favelado Deley de acari que treina centenas de crianças dessa favela, me disse uma vez “O futebol, pode até ser ópio do povo, mas como o ópio e outras especiarias, é uma das formas de trabalho escravo do terceiro milênio”
E vejamos que o velho Deley tem razão, na última copa das confederações realizado na África do sul, a mensagem da FIFA autoridade máxima do futebol era “implantar vinte centros de futebol por toda áfrica”. Estes centros serão bancados por grandes multinacionais do esporte como Nike, Adidas e Puma, as mesmas marcas que exploram mão de obra escrava no Paquistão, na Tailândia e China.
A capitalização do futebol está transformando seres humanos em mercadoria, o Brasil hoje é o maior exportador de comodity ( utilizado nas transações comerciais de produtos de origem primárias, produtos com pequeno graus de industrialização, produzidos em grandes quantidades e por diferentes produtores)
Ou seja nossas crianças e jovens na sua maioria pobre, favelada e negra, são hoje o principal comodity do mundo i essa transação se dá atravês do futebol. Eai companheirada deixemos o futebol vira o que já virou?
Lembremos de grandes autores de esquerda como João Saldanha e Eduardo Galeano que fazem questão de por o futebol na mesa de debate e reflexão. Futebol não deve ser tomado por essa lógica do interesse dos capitalistas, se nã queremos transformar nossos jogadores em sagazes criminosos ou monstros, lutemos também contra essa lógica, é necessário que um jogador ganhe tanto assim? É ideal que ele só jogue bola e não estude? E quando o futebol não dá certo, ou algum jovem se machuca, dispensam-nos como produtos descartaveís.
Esse futebol capitalizado e altamente competitivo não têm nada haver com saúde, um jogador de 23 anos já passou em média por três cirugias, sessões extensas de fisioterapias, etc.

A DESUMANIZAÇÃO DESSE ESPORTE, É A DESUMANIZAÇÃO DO JOGADOR O EX- GOLEIRO BRUNO E DEMAIS ESTÃO AI PARA COMPROVAR.

FONTES PARA O TEXTO:
GALEANO, Eduardo. FUTEBOL AO SOL E A SOMBRA. EDITORA: L&PM.2001.
DELEY DE ACARI: www.deleydeacari.blogspot.com texto commodity-black-girls.
VILARINHO, CARLOS FERREIRA. QUEM DERRUBOU JOÃO SALDANHA. EDITORA: LIVROSDEFUTEBOL. 2010.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

DIREITOS HUMANOS e In-segurança Pública

Há muitos desafios no campo dos direitos humanos, na atual conjuntura social, a violência e a segurança pública aparecem com certa relevância no atual momento.
Temos em Foz do Iguaçu hoje um cenário extremo de violência, tanto cometido pelo estado, no que diz a respeito às ausências de políticas públicas, lembrando que nessa cidade uma média de um terço da população vive em favelas.

Temos que lembrar que nas favelas, não entra escola, saúde, saneamento básico, ou seja, o estado não entra para cumprir seu papel. No cidade nova por exemplo são um posto de saúde para atender cerca de 12 mil moradores, falta estrutura e profissionais.

Temos um quadro de exclusão dos mais perversos, um conjunto de pessoas que vivem longe de qualquer perspectiva cidadã, pessoas que não têm documentos, não tem direito de ir e vir, não tem segurança nem pelo estado e nem fora dele.

A lógica da política pública deveria ser pela inclusão, o primeiro direito a ser defendido é o da vida, ai a necessidade de ampliar o debate sobre diretos humano atrelado a política pública.

O viés de segurança pública que predominou em Foz do Iguaçu,é o de combater a “perversidade” da fronteira, através de uma guerra. Com armamento, força policial, helicópteros, mas o único perfil dos caçados por essa segurança são: jovens do sexo masculino, que moram nas favelas e periferias, e vivem nas encostas dos rios em situações deploráveis.

Criamos aqui um estado de extermínio, a classe periférica, é justamente a classe que falta políticas de inclusão e sobram políticas de repressão.

Essa política de insegurança pública é marcada pela intolerância, que é apoiada pelos setores de classe média que vivem hoje com medo, o medo alimenta a intolerância e justifica a vingança, as classes abastadas querem do estado sua segurança a qualquer maneira, essa lógica é preocupante e transferi para o direitos humanos o rotulo de “defensores de bandidos” não defendemos bandidos e reitero aqui que: os traficantes se estabelecem pelo terror, pela violência, pelas armas. Não apoiamos nenhuma forma arbitrária de poder.

Essa lógica vai contra todos os princípios dos direitos humanos, é Necessário que temos uma política didática de desconstrução dessa visão de direitos humanos.

Só conhecendo as favelas, só conhecendo as periferias, só assim se conhece o lado de uma sociedade que sobrou e está cada vez mais invisível. Uma massa de descartáveis que se acumula em locais desapropriados, e sofrem com a ausência de políticas e são frutos do descaso do estado com essa população.

Não se combina venda de droga com miséria, por que o verdadeiro lucro da atividade criminosa não está na favela. Se lá se vende tanta droga, por que têm muita miséria? O lucro não fica lá.
Por que só se combate o tráfico da favela? Por que filhos de pessoas da alta classe são absolvidos quando envolvidos com o tráfico, quem vende armas é pobre? Quem refina cocaína é pobre?

Não são, e todos nós sabemos. Os patrões do narcotráfico moram nos mais luxuosos condomínios das cidades, a guerra declarada as drogas é uma guerra aos pobres, não estão combatendo o tráfico e sim o gueto.

Essa política imposta não é eficaz, a policia mata e morre cada vez mais, Foz lidera o número de jovens assassinados no Brasil, o que mais precisamos para comprovar o descaminho desse projeto de IN-segurança.

Temos que investir na inclusão a partir do estado para se combater o crime e não a pobreza, políticas assim têm funcionado em dois lugares no Brasil, em Diadema são Paulo e no morro do cavalão em Niterói-RJ.

O SERVIR E PROTEGER DEVEM SER EXTENDIDO A TODA POPULAÇÃO, TODOS OS CIDADÃOS TÊM DIREITO O ESTADO DEVE ZELAR PELA SEGURANÇA DE TODOS!

Danilo georges: historiador, vice- presidente do centro de direitos humanos e memória popular de foz do iguaçu-pr.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

POEMA DA REDENÇÃO INSPIRADO EM MOMENTOS COM EX GUERRILEIROS DA VPR: POR DANILO GEORGES

COM A CABEÇA ERGUIDA, E O CORAÇÃO NA MÃO
CLAMAMOS A REDENÇÃO
MILITARES TORTURARAM E NÃO FORAM PARA A PRISÃO
E NÓS FOMOS ESPANCADOS, PUNIDOS E BANIDOS DA NAÇÃO
OH! ANOS DE CHUMBO QUE AMARGA LIÇÃO
DE MORRER PELA PÁTRIA E VIVER SEM RAZÃO
PÁTRIA ARMADA SALVE SALVE, SALVEM-SE QUEM PUDER
LIVRAI-NOS DA VIOLÊNCIA DO ESTADO
DO MUNDO CAPITALIZADO, DO CIVIL GENERAL BASTARDO
E DA MONOPOLIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO
E OS TORTURADORES QUANDO PAGARÃO PELA VIOLÊNCIA DO PASSADO
PELO PRESENTE SARCASMO, PELO POVO ALIENADO
TANTA RIQUEZA SE PRODUZ E VIVE TÃO ESCASSO
PAÍS REACIONÁRIO!
REALMENTE A DITADURA FOI UM FRACASSO
HOJE COLHEMOS O ATRASO
E NO DIA DA MENTIRA RECORDAMOS O GOLPE E AS CHACINAS
OH MEU BRASIL QUE SINA!
MAS VIRÁ A REDENÇÃO NO 3 DE OUTUBRO UMA GUERRILHEIRA CHEFIARÁ A NAÇÃO
REVOLUÇÃO E UTOPIA, DOR E ALEGRIA, EXÍLIO E ANISTIA
COVARDIA VERSUS REBELDIA, MILITAR VERSUS COMUNISTA, É MÍDIA VERSUS DILMA

terça-feira, 7 de setembro de 2010

O MUNDO DE FORA: DANILO GEORGES

O SAMBA ESTÁ FORA DA RODA
A CRIANÇA ESTÁ FORA DA ESCOLA
A POESIA DE DOSTOIEVSK ESTÁ FORA DA LOJA

O POVO ESTÁ FORA DA HISTÓRIA
A JUVENTUDE ESTÁ FORA DA ÓRBITA
SEM MEMÓRIA

CHE GUEVARA ESTÁ NA MODA
MAS SUA HISTÓRIA FOI ESVAZIADA
NA BEBIDA, NA GRIFE E NA CAMISA

HUMANIDADE SEM SENSIBILIDADE
CRUELDADE,MALDADE, ARBITRARIEDADE

CAPITALISMO,RACISMO, GENOCIDIO
FASCISMO,NAZISMO,AUTORITARISMO
MILITARISMO, PATRIOTISMO É O ABISMO

O MUNDO É QUEM ESTÁ DE FORA
E COM A HORA CONTADA
LURAREMOS CONTRA A PÁTRIA ARMADA

SEM AMOR NÃO MUDA NADA
MINHA LUTA É PELA POESIA
E NÃO PELA ESPADA