quarta-feira, 12 de outubro de 2011

PAIXÃO E REBELDIA, O COMPANHEIRISMO REVOLUCIONÁRIO DE NÁDIA NUNES E ROBERTO FRONTINI.

Danilo georges

Nadia Nunes 62 anos, camponesa criada no interior do Rio Grande do Sul. Trabalhou de doméstica desde os 18, quando Fugiu de casa. Foi alfabetizada aos 25 anos, não aprendeu somente a lê e escrever palavras. Mas a construir, pensar e participar politicamente. Nunca Frequentou uma escola, jamais teve um professor formal.
Foi educada inicialmente com a pedagogia patriarcalista. Aprendeu desde cedo a temer o seu pai. Homem rude, de coração calejado, prenderá Nadia no cativeiro do machismo, do sexismo, tentou criar uma menina de forma desumana, escrava do poder patriarcal.
A vida de Nadia sempre fora uma batalha, ao romper ainda jovem com o patriarcalismo realizou a primeira de muitas transgressões.Fugindo da opressão em casa encontrou Roberto Frontini guerrilheiro da Vanguarda Revolucionária Popular.
Ele Vivia na época Clandestino encontra-se tão frágil como ela, pois fugia do mesmo fantasma do autoritarismo, ela do regime patriarcal e ele da ditadura militar. Os dois não aceitaram viver sob o medo. E buscavam resistir e construir novos caminhos. Ela uma mulher afável, sensível e emocional. Ele destemido, corajoso e seguro.
Os dois necessitavam de amizade e companheirismo.Nutridos pela paixão emanciparam sua natureza humana.Nadia começara finalmente a ser tratada como uma mulher, seus gostos, desejos e anseios eram agora compartilhado. Ela renasce, não era mais uma mulher omissa e amedontrada, não se sentia mais solitária encontrara um homem amigo, irmão e terno.
Roberto nunca caminhou a sua frente, a suas costas, nunca ao seu lado, sempre estiveram juntos.Viveram um amor pleno nos tempos sombrio da ditadura militar.
A paixão fora interrompida com a prisão de Roberto em Porto Alegre. Desesperada aquela moça que recém tinha aprendido a lê e escrever com os companheiros da VPR, juntava dinheiro lavando roupas para famílias da cidade. Ela já havia herdado de Roberto um grande espírito coletivo e a certeza de que jamais se renderia a fragmentação individualista da sociedade capitalista. Nadia se tornara destemida e solidária seguiu os passos revolucionários do companheiro.
Dessa forma a camponesa não carregava somente no corpo e na alma sua cicatriz pessoal do desaparecimento dele, e sim um sentimento amplo e coletivo que unia homens e mulheres comuns.Levava em seu peito os anseios de uma juventude que fora proibida de sonhar e padecia com o abuso ditatorial.
No dia em que os milicos levaram Roberto ela queria morrer.Mas como uma mulher forte, de fibra, viveu intensamente na busca do companheiro.Após passar por diversos quartéis, repartições,tribunais e necrotério percorrendo três estados atrás dele, ela sofreu uma metamorfose buscando o seu companheiro encontrou-se a si. E agora só quer aquilo que Roberto queria.Construir um novo mundo e consolidar a utopia.
O casal Nadia\Roberto, resistindo a tirania construíram juntos uma vida nova que aqueceram o calor de suas fantasias, criaram uma saga de companheirismo partilharam o mesmo pão, e respiraram o mesmo ar.Carregam desde a década de 1970 a certeza de que jamais iriam se separar.
Nadia e Roberto envelhecem juntos hoje no interior da Argentina, e vivem cotidianamente um amor solido e libertário, uma relação que compreende a ternura, conquistaram juntos a paz que humanidade tanto necessita. Hoje celebram a liberdade conquistada, mas que namorados, Marido ou esposa, são cúmplices e vivem um amor perene em constante libertação.
Deixaram aos jovem um importante legado de que Ninguém é feliz sozinho, e todos se libertam em comunhão.